04/07/13

Sempre é melhor do que nada, não é verdade, doutor Salgado?

Em Maio passado, o doutor Ricardo Salgado queixava-se da dificuldade em encontrar mão de obra disponível no Alentejo. Apesar da crise e do desemprego.

Explicação do presidente do BES: "Os portugueses preferem ficar com o subsídio de desemprego". 

Palavras sábias. 69 trabalhadores asiáticos (o número é literalmente pornográfico), com certeza por não terem direito à mama dos subsídios, aceitaram trabalhar para a MIRTISUL. Contratados pela Trasolution, dedicavam-se à apanha de mirtilos nos arredores de Grândola. 

Consideradas as propriedades laxantes do fruto referido, só me resta finalizar este post, desejando uma valente caganeira ao doutor Salgado e aos dirigentes das empresas envolvidas.

Quando a Marine Le Pen ganhar eleições em França, chamem-se.

Até lá, quero que o Gaspar, o Passos, o Portas e o Cavaco tenham muitos meninos.


Desculpem-me qualquer coisinha, mas é que já não se aguenta o cheiro a tanto estrume sintético.

02/07/13

Pedro & Paulo

Paulo, não te dou o divórcio. Depois de tudo o que as crianças passaram, muito menos...

As crianças somos nós

Já foi ontem que o Gaspar se foi embora...

... e entrou para o seu lugar Madame Suápe que emprestará certamente um toque feminino ao cargo.
Em Portugal, ultimamente a realidade ultrapassa sempre a ficção. Deve ser por isso que a literatura é o que se sabe.

29/06/13

Um exercício singelo

Vamos lá a imaginar sff a Praça de São Marcos em Veneza cheia de varas de porcos, caixotes de hortaliça e o Tony Carreira ao microfone.

27/06/13

Tudo está bem quando acaba bem


A CGTP diz que a greve demonstra que "os trabalhadores exigem uma mudança de governo e de política". 
A UGT acredita que, com a greve, vai ser possível "dar a volta ao governo".

Eu, pessoalmente, acredito que, enquanto a Europa não apanhar um cagaço valente vindo da extrema-direita, esta merda vai continuar a ser um calvário.

"O governo respeita mais ainda quem está a trabalhar"

A formação democrática desta gente é extraordinária!
Saiu-lhes o curso de Democracia na Farinha Amparo.

É ouvir as declarações do Ministro dos Assuntos Parlamentares, Marques Guedes, e perguntarmo-nos por que razão o PÚBLICO atenuou as suas palavras no título da notícia. 

22/06/13

A benefício de inventário

Quando se fizer o inventário do primeiro semestre de 2013, o lançamento do livro “Servidões” de Herberto Helder terá decerto lugar de destaque. Outro item cuja inclusão antecipo diz respeito a Vítor Gaspar, e ao momento em que o ministro confessou ter ficado admirado com o facto de o Inverno nesse ano ter sido…ora bem, invernoso. 
Não tendo muito jeito para listas (Umberto Eco que me perdoe) sou ainda assim capaz de me lembrar da recomendação de Aníbal Cavaco Silva aos portugueses para que fizessem ginástica, recomendação tanto mais memorável quanto proferida a 10 de Junho, dia de Camões, poeta que, é do conhecimento público, só por se encontrar em excelente forma física conseguiu salvar a nado a sua obra. 
Outros eventos. Foi por essa altura que o país se disputou com violência inaudita em torno de um miúdo que vendia T-shirts, no qual alguns lobrigaram o empreendedorismo de uma Fátima Lopes e outros entreviram a perfídia de um Iago capitalista. 
Mais coisas. Ficámos a saber que Passos Coelho, indiferente aos conselhos paternos (“vais-te lixar!”), decidira recandidatar-se, tendo obtido de imediato o apoio de Miguel Poiares Maduro, doutorado que mostrava assim ter desassistido a hipótese de um governo de iniciativa presidencial (emprestando todo um outro sentido à conhecida sentença: “Nunca aceitaria pertencer a um clube que me aceitasse como sócio”). 
Mas o cardápio de frases célebres ficaria incompleto sem aquela que se ouviu ao deputado José Manuel Canavarro que, respondendo a insultos do público presente nas galerias da AR, protestou alto e bom som: “As nossas mães não são para aqui chamadas!” 

Chegada aqui, só me resta pedir desculpa a Herberto Helder por o incluir em tal lista…

Começou a revolução: Poiares Maduro recebe todos os dias excepto à quinta

O Governo vai 'revolucionar' a sua forma de comunicar. O gabinete do ministro Adjunto Miguel Poiares Maduro manterá todos os dias, a partir da próxima semana, encontros com a comunicação social para falar da governação.

19/06/13

Dedicado aos jotas de todas as cores e feitios

"Não tenho vergonha de dizer que estou triste
Não dessa tristeza ignominiosa, dos que em vez de se matarem
fazem poemas,
Estou triste por que vocês são burros e feios
E não morrem nunca."

Mário Quintana

Começa a não ver paciência para não dizer cu para estes retardados

Os copinhos de leite da treta que andam para aí a cagar sentenças, e a quem a única e mais terrível coisa que lhes aconteceu na vida foi serem mordidos por um cão em pequeninos ou perderem-se no metro de Londres na adolescência durante um curso de Verão, deviam ser lançados a um rio de crocodilos para aprenderem o que é o darwinismo au naturel.

Porque ouvi dizer que o Chico Buarque faz anos hoje, vou contar uma história. O Chico Buarque é o protagonista da história.

Eu estava no Rio de Janeiro e ia entrevistar o Chico Buarque. Toda a gente, sobretudo as mulheres, a quem eu dizia que ia entrevistá-lo, pegava invariavelmente nas minhas palavras e lançavam-nas de volta à minha cabeça: “Você vai entrevistar o Chico Buarque?!” E depois quase desmaiavam.

O Chico Buarque é uma simpatia. Mora na cobertura de um prédio no Alto Leblon e a casa tem um terraço com vista aérea. No alto do Alto. Portanto, quando digo aérea, quero mesmo dizer aérea.Foi ele quem abriu a porta. Fez café, sentou-se a conversar comigo, e quando não estava sentado a conversar comigo, na sala com vista para o terraço com vista aérea, estava sempre a assobiar baixinho. Coxeava porque se tinha lesionado a jogar futebol na praia. Percebi que não fumava e a dada altura pedi-lhe para ir fumar ao terraço. Ele disse: “Eu já não fumo, mas fume a Ana à-vontade”, e foi buscar um cinzeiro.

A história que quero contar, aconteceu porém antes de eu chegar ao Alto Leblon.
Eu estava no Flamengo e apanhei um táxi. Disse ao motorista que queria ir para o Alto Leblon e dei a morada. Já tínhamos arrancado quando o homem concluiu que não sabia onde era o Alto Leblon. Insisti. Irredutível. Saí e pus-me à procura de outro táxi. Passado algum tempo, apareceu. Entrei. Tinha GPS. Dei de novo a morada e seguimos. Quinze, vinte minutos de trânsito, e eis-nos repentinamente envolvidos por um fumo branco e espesso, cada mais espesso e cada vez menos branco. Parámos. O motor tinha gripado. Dei por mim à procura do terceiro táxi.
Comecei a ficar nervosa. O tempo encurtava-se. Apanhei o terceiro táxi e repeti tudo de novo. O motorista sabia ir para o Alto Leblon, mas não conhecia a rua. Seguimos. Cerca de meia hora depois chegámos ao Alto Leblon. É uma zona residencial, ruas quase desertas, prédios com gradeamento e porteiros fardados no lado de dentro do gradeamento. O taxista ia perguntando às poucas pessoas com quem nos cruzávamos se sabiam onde ficava a rua para onde queríamos ir. Também ele começava a ficar nervoso: “Ninguém sabe de nada, ninguém sabe de nada… Isto já parece São Paulo”.
Depois de uns dez minutos às voltas, decidiu parar o carro e foi perguntar a um porteiro que estava do lado de dentro de um gradeamento. Eu abri o meu vidro e escutei a conversa. Às tantas, ouvi o taxista dizer para o porteiro: “Ah! Mas isso é a rua do Chico!”
Quando ele voltou para o táxi, eu disse: “É para aí que eu vou!” “Para aí, para onde?”, respondeu-me. “Para casa do Chico.” Ele olhou para mim, entre o perplexo e o divertido, e comentou: “Poxa, moça! Por que é que não disse logo?!” Encolhi os ombros e dei uma gargalhada.
Seguimos e eu cheguei exactamente na hora. “Não sabe o que me aconteceu!”, disse ao Chico Buarque mal ele me abriu a porta. Ainda me ia a rir.