Li Martiens, go home em francês, há muitos anos, durante uma estadia em Angoulême, numa directa mantida a custo de analgésicos e de antibióticos para os dentes. Comecei quando o abcesso resolveu finalmente dar o ar de sua graça e só terminei pela manhã, muitas gargalhadas depois, esquecida do siso. O autor, Fredric Brown (falecido em 1972 e que publicou este livro na década de 50), não estará no Olimpo dos escritores de ficção científica (parece que tinha problemas com o álcool e um prazer dissoluto ao poker), mas, meus amigos, Martiens Go Home é das coisas mais divertidas que já li do género. Luke Deverreaux, um escritor em crise de inspiração, refugia-se no deserto para escrever. Um dia, vários bourbon emborcados, batem-lhe à porta. Um ser verde, pequenino e de orelhas pontiagudas, está do lado de fora. Convencido que anda a ter alucinações, Luke pega no carro e dirige-se ao bar da cidade mais próxima, o que é, como se sabe, a atitude certa a tomar quando se anda a beber sozinho há demasiado tempo. Ao balcão do bar, o escritor tropeça de novo num ser verde, pequenino e de orelhas pontiagudas. Começa a ficar preocupado. A medo, pergunta ao barman, que não lhe leve a mal, se não estará a ver o mesmo que ele. O homem responde-lhe enquanto continua calmamente a limpar os copos: «Ah sim, já chegaram há uma semana. Não me diga que não sabia?». Depois é o relato de uma invasão marciana em toada hilariante: «Salut Toto, c'est bien la Terre ici ?».
Não sei se há tradução em português e, por via das dúvidas, guardei religiosamente a edição francesa na estante.
2 comentários:
Eu li um livro do Fredric Brown, daquela colecção de policiais do Público, creio que o título é "O tio prodigioso", o livro é soberbo! Depois fiz um post sobre o Brown e ainda li uns contos em espanhol dele.
(tinha lá um link no post com os contos dele, mas foi-se....)
Manuel, se não leste o Marcianos go home não percas, é um divertissement daqueles... Vou procurar esse do Público, que não sabia que existia.
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