28/06/11
27/06/11
Terão sido os judeus os inventores da extrema-esquerda? [a pergunta é retórica]
26/06/11
Disfunção cognitiva europeia [antes fosse eréctil que assim talvez os gregos não se fodessem e pardon my french]
25/06/11
Está tudo bem. Keep shopping
O melhor retrato do capitalismo não me chegou, porém, pela voz do velho filósofo. Li-o no jornal Expresso e levava a assinatura do Robert Wyatt (músico que, por acaso, chegou a tocar com Syd Barrett na curta fase pós-Pink Floyd).
Mais: se o modo capitalista é comparável a uma bicicleta – alguém o comparou e não fui eu – ou seja, se pára cai, onde nos levará a fixação consumista quando todos os chineses tiverem carro e, pelo menos, um micro-ondas?
Andarão muitos a reflectir sobre isto. Os mercados, os bancos, as agências de rating, a Bundeskanzlerin Angela Merkel e o monsieur Sarkozy, sem esquecer os BRICs e os desgraçados dos PIGS. Provavelmente, a resposta estará em algum livro de ficção científica da colecção Argonauta.
24/06/11
O outro queria fazer disto a Califórnia, este quer fazer de Portugal a Flórida: decidam-se, porra!
"O campo é um sítio onde eu paro para mijar entre duas cidades", Manuel Vicente
20/06/11
A derrota do Fernando Nobre vista por um olhanense numa esplanada em Lisboa
Toca o telemóvel. O meu amigo atende.
Ele: O Nobre não passou…
Eu: Era de esperar, não? O CDS já tinha dito que não votava nele, o PS…
Ele: Era previsível, claro.
Eu: Também não percebo a fixação do homem no cargo. Afinal, trata-se sobretudo de dirigir reuniões e pouco mais.
Ele: Não te esqueças das fotografias. Aparecem sempre aperaltados em primeiro plano.
Eu: Sim, mas a história de ser a segunda figura da hierarquia do Estado…
Ele: Isso ninguém leva isso a sério. Quando há revoluções ou golpes de Estado, matam o presidente ou matam o rei, até podem matar o primeiro-ministro e alguns secretários, mas já viste alguém matar o presidente da assembleia da república? Quem é este? É o presidente da assembleia da república. Bom, então siga…
Que mal terá feito o Nuno Crato ao Daniel Oliveira se nem sequer andaram juntos na escola?
19/06/11
Da cidadania às hortas do Continente: é o progresso, estúpido!
18/06/11
Da ovelha Dolly à vaca Rosita Isa [que agora não me apetece opinar sobre o governo]
Tenho para mim que o facto de termos virado costas à Natureza explicará muita coisa. Muito mais coisas até do que a teoria freudiana, acerca da qual Karl Kraus concluiu sensatamente o seguinte: A teoria antiga negava a sexualidade dos adultos. A moderna diz que os bebés têm prazer sexual quando defecam. A antiga era melhor, ao menos podia ser contraditada pelas partes envolvidas.
Não me interpretem mal.
1º: este texto não é sobre sexo;
2º: embora desconfie da psicanálise, nada tenho contra a penicilina (uma das grandes invenções do séc. XX).
Sendo ainda mais exacta: nunca me verão embandeirar em arco com qualquer tipo de “fascismo zen”. Dito isto, acrescento.
Desenganem-se os que pensam que por estarmos no topo da cadeia alimentar nos podemos borrifar no resto. Pensem comigo: visto que ninguém nos quer comer, se desaparecermos quem dará pela nossa falta além da família próxima e da Direcção Geral dos Impostos? (Ah, pois é…).
Vêm os parágrafos anteriores a propósito de mais uma proeza anunciada. Desta feita, Rosita Isa, vaca argentina clonada com dois genes dos nossos que, afirmam os investigadores responsáveis, poderá talvez fornecer, na idade adulta, leite semelhante ao dos seres humanos. Bom, eu nem sequer gosto de leite e posso estar a incorrer no maior disparate científico. Mas já tivemos, que me lembre, as vacas loucas, a gripe suína e a das aves, os pepinos espanhóis e a mierda alemã. Agora a Rosita? Rosita, esclareça-se, que também se poderia chamar, se bem entendi, quelque chose em chinês, já que, na China, vacas geneticamente intervencionadas terão sido igualmente capazes de produzir, soît disant, leite materno.
Ó glória de mandar/ ó vã cobiça, proferiu o Velho do Restelo e, fora ele escutado, nunca os ingleses teriam aprendido a beber chá com uma nuvenzinha de leite. Nevertheless, confesso que tudo isto me anda a provocar uma certa dor de cabeça. O que me tem valido são as pastilhas de ácido acetilsalicílico (outra das grandes invenções do séc. XX). A ciência às vezes é amiga.
15/06/11
Por que vai Sócrates para Paris quando podia ir para Eton em Lisboa?
14/06/11
Não era síria, não era mulher nem era lésbica but who cares? Era um apóstolo da liberdade
13/06/11
A Menina Limão mandou-me uma corrente: obrigada Menina Limão
1 - Existe um livro que lerias e relerias várias vezes?
Reli vários livros, alguns deles só para confirmar se teriam resistido. Uns sim, mas não foi o caso, por exemplo, de Os Cem Anos de Solidão. De vez em quando releio Praias da Barbaria, do Norman Mailer. Peguei-lhe em pequenina, não percebi nada, e tornou-se num desafio para a vida. Quando a neura bate forte, gosto de (re)ler o Joanica-Puff do A.A. Milne (foi assim que percebi que me agradavam os princípios taoistas) e o Bouvard et Pécuchet do Flaubert (reconcilia-me com a estupidez universal e intemporal)
2 - Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?
A minha teimosia, aliada talvez a alguma costela masoquista flutuante, obriga-me a ler os livros até ao fim. Contudo, se ao fim do terceiro parágrafo já estou a praguejar, não me esforço; sou muito incoerente
3 - Se escolhesses um livro para ler para o resto da tua vida, qual seria ele?
Não creio que exista tal coisa. E nem As Mil e Uma Noites me bastaria
4 - Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?
Esta pergunta lembra-me o melhor post da Livreira Anarquista: “Tem aí um livro que se eu o vir sei qual é?”
5- Que livro leste cuja 'cena final' jamais conseguiste esquecer?
Por acaso até há um, Debaixo do Vulcão (cena final). Aliás, de todas as vezes que reli o livro, fechei-o sempre quando cheguei aí: já basta o que basta.
6- Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?
Lia. Coisas que criança, naturalmente. Carolina e os seus amigos, Joanica-Puff (lá está), A Dama Pé-de-Cabra (numa versão muito bonita em fascículos da Minotauro, uma editora que o Salazar mandou fechar), Oliver Twist, As Aventuras dos Sete e etc. Lá em casa lia-se tudo, excepto as Selecções do Reader's Digest e os livros de quadradinhos do Pato Donald que eram considerados lixo imperialista.
7. Qual o livro que achaste chato mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?
Já li livros chatos até ao fim por dever de ofício. Nunca lhes faria publicidade à borla.
8. Indica alguns dos teus livros preferidos.
Listas não é a minha especialidade, mas aqui deixo alguns títulos que levaria para a ilha: Debaixo do Vulcão, Anna Karenina, A Casa e o Mundo, Bouvard et Pécuchet, O Delfim, A Sibila, Húmus, A Obra ao Negro, A Um Deus Desconhecido, O Som e a Fúria, Mocidade, os contos completos de Jorge Luis Borges, O Monte dos Vendavais, O Curral das Bestas, O Outro Lado da Mancha, Tristram Shandy, Nove Contos, do Salinger, Três Homens num Bote, e por agora chega que ainda me dói a cabeça do vinho branco (quente) de ontem.
9. Que livro estás a ler neste momento?
A Toupeira, John le Carré
10. Indica dez amigos para o Meme Literário:
Amigos lembra-me aquela coisa de onde foi expulsa a Menina Limão, mas cá vai o envio (se o recusarem, não precisam de me insultar e amiguinhos como dantes; se porventura algum de vós já tiver respondido à coisa e tal me tenha passado despercebido, as maiores desculpas)
Luis M. Jorge, Morgada de V., João Lisboa, Maradona, Jorge Fallorca, Luís Januário, Carla Quevedo, N., Miguel, MCS, Carlos Azevedo... e já estou a chatear gente a mais.
11/06/11
Não É o Fim do Mundo
10/06/11
Eu sei que é só uma mexeriquice, mas não consigo parar de rir: Sócrates vai para Paris estudar Filosofia*
* lido aqui
09/06/11
Porque perceber é fundamental [o caso grego que até mete submarinos e estádios aparentados aos do nosso futebol]
Debtocracy International Version por BitsnBytes [com hipótese de escolher legendas em português: particularmente esclarecedor entre os 5 e os 10 minutos (aproximadamente)]
08/06/11
O mundo ficou outra vez mais pobre: Jorge Semprún (10 de dezembro de 1923 - 7 de Junho de 2011)
Escreveu isto:
06/06/11
Dizem-se democratas mas continuam a levar o Álvaro Cunhal a sério (depois, admiram-se)*
* Refiro-me, naturalmente, a essa obra indispensável do pensamento político português (e internacional, ora essa): O Radicalismo Pequeno-Burguês de Fachada Socialista
Notas soltíssimas sobre a noite eleitoral e adeus pepinos
2. O PS de José Sócrates levou uma abada muito maior do que estava previsto (não chega aos 30%)
3. Vieira da Silva, do PS, parece estar prestes a desfazer-se em lágrimas
4. O António Vitorino não comenta a eventual demissão do Grande Líder e face à insistência de Judite de Sousa sobre o que Sócrates devia fazer dada a previsível derrota, responde que só não está no lugar do outro porque não quis
5. Judite de Sousa mudou de penteado. Envelhece-a mas fica-lhe muito melhor
6. A maioria dos comentadores não diz nada que um português com a antiga quarta classe não conseguisse dizer
7. A esquerda perdeu. Obrigada José Sócrates!
8. Uma jornalista mostra uma sede de campanha e diz que um dos líderes (não me lembro qual) vai vir para o púlpito mais tarde na noite (sic)
9. O Vitalino Canas faz boquinhas e diz que só fala depois do Grande Líder
10. Uma porta estilhaçou-se no Altis. É de filme
11. Sócrates faz um discurso interminável. Deu o seu o melhor. Ama Portugal e os portugueses. Ele ama-me, porra! Sinto um arrepio. E acaba a dizer que vai para casa tomar conta dos filhos
Julgo ver os olhos marejados de lágrimas de Silva Pereira mas não consigo comover-me (e eu fico sempre triste pelos que perdem – mesmo quando não os gramo: mariquices)
12. Os jornalistas fazem perguntas. Ouço apupos da cozinha. Não gosto de ver bater em quem acaba de se estatelar mesmo quando a queda é merecida: mariquices
13. Os discursos de todos os líderes partidários deviam ter acabado três parágrafos antes. Falta-lhes, certamente, sentido dramático. Até Portas, que costuma ser o mais demagogicamente articulado
14. Fico assustada com as referências agradecidas às juventudes partidárias. Afinal, eu conheço-as. Costumam passar aqui ao pé da minha casa. Andam de batina preta e cantam (eles e elas): É o caralho/ é o caralho… e etc.
15. Passos Coelho discursa. O casaco assenta-lhe terrivelmente mal nos ombros. O corte é péssimo e antiquado. O novo primeiro-ministro devia perguntar a Sócrates (ou mesmo a Portas) quem lhe faz os fatos
16. O inglês de Passos lembra-me qualquer coisa
17. Cantam o hino nacional (o que me recorda sempre as aulas de canto coral desafinadas da minha juventude) e alguém anuncia na TV um programa qualquer com a Fátima Campos Ferreira. Uma mulher não é de ferro. Volto para casa e vou dormir. Leio um bocadinho de O Caso dos Macacos Lendários de Erle Stanley Gardner (já tenho uma ideia sobre quem poderá ser o assassino)
18. Enquanto isto, a Europa descobre que o problema não está nos pepinos mas talvez resida na soja. Nada disto é sério, embora seja trágico
02/06/11
O que eu não perdoo a Sócrates e seus muchachos
É por isso que não perdoo a Sócrates ter subvertido todas as boas ideias que, nascidas na esquerda, se viram transformadas em operações de marketing, esvaziadas de sentido e convertidas a mero negócio.
Igualdade na educação, novas oportunidades, energias alternativas, democratização tecnológica, parcerias público-privadas, avaliação de desempenhos… Acrescente-se-lhe o rol de negociatas, o trabalhar para as estatísticas, o roubo descarado (em alguns casos), o fanatismo, a intolerância, a ignorância, o modernismo para pacóvio ver (o que foi o acordo ortográfico se não uma forma de vender dicionários?), a demagogia a roçar o delírio, a promoção e enriquecimento ilícito de gente inclassificável, parasitas de um Estado que se deixa à beira da bancarrota mas com os bolsos (de alguns) bem recheados… é tudo isso que eu não perdoo a Sócrates.
E, sobretudo, não lhe perdoo que, com tudo isso, nos entregue de bandeja à direita.
Vá-se lixar senhor engenheiro!
Só para fazer minhas as palavras da escritora Ana Luísa Amaral
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