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31/03/08

Ironias da era tecnológica

Uma aluna e uma professora engalfinharam-se por causa de um telemóvel. Desculpem lá eu não surfar com a maré mas, na minha modesta opinião, alicerçada tão-só no meu estatuto de antiga adolescente e actual mãe de família (com filhas adolescentes), quem, em primeiro lugar, devia ser chamada à pedra era a própria professora. Por uma razão etária (e falando contra mim, embora uma senhora nunca deva falar da idade): cabe aos adultos fazerem-se respeitar pelos jovens e não o contrário. Posto isto, e para que não haja confusões, imeditamente confesso não morrer de simpatia pelo Jean-Jacques Rousseau.
Creio, além disto, que se está a ignorar um dos aspectos mais relevantes do caso. É que este só provocou alarido porque um dos colegas de turma filmou a cena e a despejou na Web, para gáudio das televisões e profundo choque do Presidente da República.
Ou seja, do Procurador-Geral (crime, diz ele) a Paulo Portas, de Cavaco Silva aos jornalistas, passando pela professora (crime, diz ela) e até pelo João Carlos Espada (desta vez sem Karl Popper) todos foram ao You Tube pescar matéria para as suas reflexões.
E como chegaram lá? Através de um telemóvel. Pergunto: em que ficamos?
[Para se entender melhor a senda orwelliana que se esconderá sob a invocação abstracta de disciplina! disciplina! disciplina! ― como se ela fosse, em si própria, um princípio ético inviolável (ah! como os alemães foram disciplinados...) ― clique-se aqui. O assunto é outro, mas a lógica é semelhante à que está por trás da criminalização da indisciplina escolar.]