30/12/13

Mensagem de Ano Novo que eu não sou menos do que o Cavaco Silva.

Como é sabido, os alemães (e o mundo) levaram com o Hitler porque o homem queria ser pintor e não o deixaram. Nós, segundo confissão pública de Filipe La Féria, levámos com o Passos Coelho por este ser barítono e ele precisar de um tenor. Podem, portanto, os alemães estar convencidos que são muita bons, a realidade é que a eles lhes calhou Adolfo e a nós Pedro. Hossanas nas alturas e toma lá ó Merkel que já almoçaste.
Não querendo, pois, desmoralizar ninguém, antes pelo contrário, termino parafraseando Coluche: “Amigas, amigos, 2013 correu muito bem, 2014 será pior”.

23/12/13

Boas Festas e não se fala mais nisso.

O Mano-Rei! Conheci o Boris Skossyreff em casa dos meus pais, era eu uma criança. Foi lá jantar uma noite, levado pelo Francisco Fernandes Lopes, médico famoso da terra, melómano, grande amante do Bel Canto. Do russo, guardo uma memória vaga. Paletó branco, gestos maneiristas, um monóculo de vidro que lhe acentuava o olhar redondo, de peixe. Lembro-me de sentir cólicas…Um rei e ao vivo… Quando o vi à porta de casa, sem coroa, sem escudo, sem trazer sequer uma espada, confesso a desilusão. Fez-me uma festa distraída na cabeça e cumprimentou a minha avó em francês, ao que ela, que tinha aprendido alguns mots com as filhas do Massé, o gerente da Fábrica Velha que viera da Bretanha para se radicar em Olhão, respondeu, desembaraçada, mulher levada da breca: “J’espere que vossemecê, le prince, aimez charrinhos alimádôs, que é o que há. Merci beaucoup.” Esta parte, a dos charros limados com pronúncia, julgo que não a registei na altura, será frase em segunda mão sacada aos anais da família… Vá lá alguém confiar na sua própria memória!

O que corria em Olhão é que um tal Boris Skossyreff procurava transporte marítimo, não para a Índia mas para o Marrocos francês. Em Espanha tinham-no posto a andar, a ele e às suas manias, de grandeza ou realeza, no caso dava o mesmo. Com a coroa e o ceptro deixados para trás, em Andorra, talvez na prisão em Madrid, entrou em Portugal pela fronteira de Portalegre, a salto e a calcantes, sem papéis e pés elefantinos, diria o próprio, um contrabandista a guiá-lo pelos caminhos da serra a troco de doze pesetas que na altura era dinheiro. Chegados com uma mala de mão que transportavam à vez, acaba a polícia local por mandar o Mano-Rei para Lisboa. Pormenores ultimados, sapatos novos, segue dois dias depois de camioneta, assento de segunda-classe e séquito condigno, um bófia embasbacado por tarefa tão ilustre, “Acompanha vossemecê Sua Alteza e não a perca de vista”, a diferença dos bilhetes por conta do Skossyreff que os iam embarcar em terceira, apertados junto às couves e aos suínos, guardados os talões de despesa que o pajem de serviço já antes morfara um bife e dois ovos à conta, contava o Lopes que tinha visto o recibo assinado pelo Príncipe, tal e qual, Príncipe Boris, um bife e dois ovos, vinho e limões, açúcar e aguardente, total oito escudos e cinquenta, talvez tenham roubado o homem.

O Doutor Lopes era visita de casa. Um extravagante! Estava para Olhão como o ás de copas para a Sueca, se é que me percebe, que por qui sempre houve quem jogasse fora do baralho ou sem o baralho todo. Ainda hoje me pergunto o que o terá levado a ficar pelo Algarve, “impressionista e mole”, como disse o João Lúcio. A única explicação que encontro é a barraca que ele tinha na Armona, para onde ia com a família no Verão, incluindo duas ovelhas não fosse dar-se o caso de na ilha o leite faltar às meninas, todas elas com nomes que não lembram ao diabo mas lembraram ao operista. Belkiss, Melusina, Isis, Selma, só se safou a Raquel e o filho que era Júnior e também estudou para médico, o doutor Lopinhos. O sénior passava às sextas. O meu pai ligava o rádio, um luxo naqueles tempos, a minha mãe, um caso de alforria precoce, servia anis em cálices de vidro fininho que se punham rosados à contraluz, unas ganas de vivir que talvez por ser espanhola gostava de receber, de ter a gente por perto… Lembro-me, já mais velho, das fantasiosas revoltas planeadas na cozinha à volta de um café con leche e pão fresco com mantequilla, como ela insistia em dizer, bombas na guarda-fiscal e boicote à Recreativa Rica, o meu pai da oposição e nós, jovens, com a cabeça cheia de amanhãs que cantam, um deles, o Bentinho, planeava greves operárias na fábrica da família e mais tarde, fez ele bem, pôs-se a andar para a Alemanha, safou-se dos conserveiros e do café con leche que era uma azia no estômago, ele e mais três num carro aprazado em Faro, directinhos a Paris e ala depois para Hamburgo. Por cá, quando se soube, comentava-se à boca calada: “Sabes para onde foi o Bentinho? Foi para a Alemanha Oriental!”, e umas oitavas abaixo: “E sabes como foi para lá? Foi de táxi!”, a primeira uma rotunda mentira mas sempre apimentava a fuga. Viviam-se os tempos dos amanhã que cantam.
Uns anos depois voltou a aparecer por aí, uma peritonite curada num hospital em Berlim do lado de cá do muro, um atestado médico a dá-lo como incapaz, ele com a cópia no bolso e o PIDE na fronteira a espiolhar-lhe os papéis, a revirar-lhe a licença para se ausentar no estrangeiro que caducara há muito. “O senhor, o que foi fazer à Alemanha?”, e o Bentinho, de todos nós o mais dado à literatura: “Aprender a língua de Goethe”. E o agente, desconfiado do tal Goethe: “Qual a razão do regresso?”
“Foi-me dito que a pátria estava em perigo!”, larga o aleijado das vísceras que sabe não correr riscos, o riso a subir-lhe do estômago e a enroscar-se na garganta, nos olhos, e o schwein, como lhe chama entredentes, atónito e reverencial, a bater-lhe continência, a abrir alas para o deixar passar, siga, faça favor, ditosa pátria que tais filhos tem, o comboio quase a partir e o Bentinho em Vilar Formoso, a guerra por um canudo que não seria ele a ir bater com os costados em África, foi bater com os costados em Peniche que o Tarrafal estava encerrado para obras, ou sou eu que confundo as histórias, facto apurado é que o Boris só chegaria à Alemanha lá para quarentas e tais, e depois da Alemanha à Sibéria, como deve ter sentido saudades do calor e do fedor de que se queixava aqui, por agora está em casa dos meus pais trazido pelo Lopes, o Lopes que era amigo do Pessoa e do Almada e arranhava russo, procura barco que o leve para Marrocos.
Vou-lhe contar. Sair daqui de barco parecia a Boris a única forma de contornar a falta de visto para Paris, depois de o cônsul francês em Lisboa se ter negado ao carimbo. Porque passaporte já tinha. Indocumentado à chegada a Portalegre, o apátrida conseguira que as autoridades portuguesas lhe fornecessem um, embora peculiar, só o autorizava a sair. Não era tudo, mas já era alguma coisa, sobretudo porque os espanhóis insistiam em sonegar-lhe os papéis. Na capital fora bem recebido. As celas escuras e pestilentas de Barcelona e Madrid deram lugar em Lisboa a um quarto asseado e arejado de hotel, duas janelas à falta de uma, refeições quentes e fartas, tardes passadas no Café Chiado a pôr a correspondência em dia, The Duke and Duchess of Kent tank you for your kind telegram, visitas ao Estoril, entrevistas aos jornais e, no meio das idas e vindas à Polícia Internacional, ao Governo Civil e à Administração dos Correios de Portugal, onde consegue obter o Bilhete de Identidade nº 893
Titular: (nome próprio), Boris; (apelidos) Príncipe de Andorra, Conde de Orange
Profissão: Proprietário
Domicílio: Hotel Francfort
1, 80 m de altura, olhos verdes, cabelos pretos
ainda lhe sobra tempo para conhecer o putativo Alexandre Románov, perdido como ele na Lisboa dos anos 30, acaso um familiar do Grão-Duque Alexander Mikhailovich da Rússia mas o homem esclarece que não, Románoves há muitos, comenta desconfiado, o calvário dele é outro, proprietário de um cofre cujo segredo está decomposto em duas séries de números registadas em dois documentos diferentes, um na sua posse e outro, que lhe fora indevidamente subtraído pela Máfia durante a sua curta estadia em Nápoles, nas mãos do Al Capone, esse mesmo, o gangster americano, o que está preso e por bons anos, uma infeliz circunstância que complicava tudo, o caso era bicudo, como retomar o contacto, eis o que o afligia, já expedi várias cartas cifradas para Alcatraz mas nunca obtive resposta… E foi quando a visão sinistra de Alcatraz se intrometeu na conversa que Boris concluiu estar na presença de um doido, de um Rasputin aparentemente benigno cujos delírios aspergia a vinho do Porto há quase uma semana, pagava o príncipe de Andorra, sem imaginar que em Olhão não ia ser muito diferente. Vou-lhe contar.
Após acordado o transporte para Marrocos, numa pequena embarcação de recreio que o próprio proprietário cavalheiresca e voluntariamente pusera à disposição do Príncipe, sem mais cobranças do que aquelas que resultassem do arranjo do motor, vinte dias aprazados para a afinação e conserto, vem-se a descobrir que o homem tinha sido preso em Tavira, denúncia de um montanheiro a quem tentara vender uma máquina de notas falsas, o barco inexistente e o putativo marítimo mandado internar no hospício por acórdão do Tribunal onde já estava alistado, mormente por marcar presença nas procissões do concelho onde tem por hábito insultar a Virgem e incensar São José, para escândalo e incompreensão dos acólitos, e por tudo quanto vem de ser exposto, à face dos factos provados, condena-se o réu e etc.
Por esta altura, Boris começava a enlouquecer com a espera, o calor e as peculiaridades locais. Tudo teria sido diferente se Zé da Mónica o tivesse levado a Marrocos. Já lhe falei do Zé da Mónica? Era um bom homem, alegre, corajoso… Esteve durante uns anos emigrado em Angola e na América, até que em desgraçada hora regressou a Portugal, a Olhão, e investiu os tostões arrecadados numa pequena embarcação de cabotagem, o Sorting Clube Olhanense. A vida corria-lhe bem, casado, pai de família, bon vivant e ágil dançarino, os fretes para a Andaluzia e Marrocos não paravam de crescer, a fama dele também, e foi quando se lhe meteu na cabeça acrescentar à carga refugiados políticos, ao que se sabe não pelo que lhe pagavam que seria pouco ou mesmo nada. Os espanhóis tinham-no debaixo de olho, e isto antes da Guerra Civil, a dada altura chega a haver tiroteio, a marinha espanhola ataca-o em alto-mar, a coisa põe-se feia e na fuga morre o piloto do barco, o João de Faro, que leva com uma bala perdida. Era, pois, desse homem, bonacheirão e casmurro, que conhecera a largueza de África e da América, conhecido daqui até ao Mar do Larache, que o Mano-Rei ouvira falar em Faro. Vou-lhe contar.
Estava o Boris Skossyreff já no Algarve, onde lhe tinham dito que seria mais fácil arranjar barco para Marrocos, quando se cruza acidentalmente com o Romão Gonçalves. Uma figura! Conhecido no meio artístico por tenor absoluto, o “tritão lírico do Tejo” apresenta-se a Boris como Romanini, empresário, cinéfilo e tenor, ao seu dispor, o que talvez tenha levado o russo a pensar tratar-se de outro transviado da História. Neste caso a galhardia do nome tinha menos que ver com árvores genealógicas e mais com cubas etílicas. O que acontece é que o Romão Gonçalves havia lançado anos antes um licor, o licor Romanini, que pretendia rivalizar com o abençoado Bénédictine, ao qual quisera emprestar uma certa maviosidade italiana, compreensível num homem dado aos requebros de voz, embora o mesmo não passasse de um composto nacional de mel e plantas, recomendado, dizia a publicidade, para os órgãos respiratórios e, vá lá saber-se porquê, para os músculos. Ora músculos era coisa que não faltava ao corpulento Romão, que não hesitava, aliás, em lhes dar uso sempre que o achava necessário. Umas vezes acabava na esquadra e outras acabava herói, como aconteceu durante a visita dos reis da Bélgica, quando, num “arrojado acto de coragem e patriotismo”, escreveram os jornais da época, se atira às águas do Tejo e bracejando com ciência em direcção ao iate real, acompanha os movimentos natatórios com a interpretação do hino belga, apoteose devidamente registada em película, uma entre as várias fitas que muito contribuíram para a fama de Romão Gonçalves, cantor, nadador, boxeur, enfim, um bardo e um sportsman, qualidade esta que, mais do que o canto, o terá aproximado de Boris nessa tarde solarenga de Maio em que acidentalmente se cruzam o rei e o tenor em Faro.
Todos os caminhos levam a Olhão, é caso para se dizer. E é assim que o avantajado Romanini,

decerto despojado do seu casaco de peles e porventura do cão, por via das temperaturas elevadas que se faziam sentir nesse longínquo ano de 1935, dois adereços que se lhe tinham colado ao corpo desde que aparecera em tais preparos no filme “As Aventuras do Tenor Romão ou O Dó de Peito” de cuja existência Boris Skossyreff não estaria a par... E agora perdi-me... Dizia eu… que foi assim que o avantajado e portuguesíssimo Romanini conduz a Olhão o elegante russo apátrida, na convicção de que Zé da Mónica, seu conhecido, seria o homem certo para levar Boris a Tanger.
Porque a vida não corre a direito, e vai ter agora de acreditar em mim, dá-se o caso de o Zé da Mónica andar por essa altura vestido de mulher. Não porque fosse Carnaval ou ao homem lhe tivesse dado para travesti, mas porque fora o estratagema encontrado para fugir aos esbirros da polícia política que lhe apertavam o cerco. Dois anos escondido em casa de familiares, saídas apenas nocturnas e de bioco mouro a cobri-lo da cabeça aos pés, para acabar por ser preso, atraiçoado por uma falsa amnistia, espancado até à morte acusado de espiar para os ingleses. Não é uma história feliz.
Feliz, se quer que lhe diga, é a história da troupe de circo que os meus pais trouxeram de Huelva, cinco acrobatas fugidos ao Franco que se treinavam no corredor da nossa casa, cambalhotas, flic-flacs e piruetas e eu a espreita-los da cozinha esquecido do café con leche e do pão fresco com mantequilla, até que um dia um deles caiu ao poço e a minha avó acabou com aquilo, foram-se os acrobatas, depois foi a minha avó, as filhas do Massé, o Zé da Mónica, o Francisco Fernandes Lopes, o Romanini, o Mano-Rei, a minha mãe espanhola e o meu pai anti-salazarista, foram todos, mas juro que um dia os cheguei a ver na televisão, no Circo do Monte Carlo, juro que eram eles, pendurados lá no alto, no trapézio, parecia que voavam.
 



20/12/13

Caramba! Gostava de ter escrito isto.

"Neste Governo, minirremodelação é pleonasmo. Ninguém espera que saia grande coisa de um buraquito. Mas anunciada uma mini junto ao chumbo do Tribunal Constitucional parece termos um grande problema. Calma: há um plano B! Embora este seja outro pleonasmo: com este Governo, o plano é sempre B, deve saltar-se o A. Nos Conselhos de Ministros, quando um ministro diz "chefe, tenho uma ideia!", Passos Coelho devia dizer: "Deixa cair essa, diz-me lá a seguinte." É, o nosso sonho era ter um Governo q.b., de medida certa, mas calhou-nos um Governo Pb, símbolo de plumbum, chumbo. O chumbo é um metal tóxico, pesado e maleável. Confere. E mau condutor de eletricidade (olha, vender a EDP deve ter sido a sua única medida certa...) Enfim, este é um Governo chumbado a zagalote do TC, mas, felizmente, há um plano B: fazer um vídeo. O enredo já meio Portugal conhece, há só que mudar as personagens. Aparece uma ministra que tenhamos loura, de passada firme pelos passeios de Lisboa, enquanto se ouve uma voz ao fundo: "Maria Luís Albuquerque e Associados é hoje uma boutique vocacionada para a recuperação de impostos." Entretanto, vão aparecendo um a um os morenos do seu escritório. Passos Coelho no Terreiro do Paço, de cabelos esvoaçantes (há que fazer, rápido, o vídeo...), Paulo Portas a entrar para um táxi, Aguiar-Branco numa arcada... No fim, todos os morenos à volta da loura. E a voz-off: "Os resultados obtidos falam por nós." Oh quanto!", Ferreira Fernandes.

E por unanimidade...

Então, ao que parece, o Tribunal Constitucional, esse órgão caduco e alheado da realidade que insiste em viver em pleno PREC, veio pela sétima vez dizer à rapaziada do governo que a lei burguesa era para se cumprir. Ora tomai e embrulhai. Quanto ao Hélder Rosalino, que vá fazer implantes que bem precisa.

11/12/13

O Meu Reino Não É Deste Mundo

Não interessará nada, mas mudei de bairro. “Vai aonde te leva o coração” escreveu a italiana Susanna Tamaro. Nunca li. No meu caso foi mais: “vai aonde te leva a crise”. A crise levou-me a um simpático bairro. 
Não me queixo. Há quem viva debaixo da ponte, diria a Isabel Jonet que tem estado calada. Se o outro bairro era agitado, este é calmo. Se no outro havia jovens em barda, neste dominam os velhos (eu própria devo estar a ficar velha, tal e qual o António Lobo Antunes).
Gosto do ambiente. Calcorreio a calçada (portuguesa, por enquanto) e perco-me em percursos elípticos que me afastam cada vez mais de casa. O desenho das ruas nada tem de cartesiano. Em vez de um centro, um traçado curvilíneo que persigo aleatoriamente (no espaço-tempo curvo não há rectas nem esquinas pontiagudas...). 
Aproveito as compras e os passeios com a cadela para o descobrir. O louco da travessa de cima que gosta de cães. Opequeno lugar/café vazio onde nunca entrei porque o homem atrás do balcão tem carranca de fascista, que ainda os há (e confirmam-me ojeito para retratista: é ruim como as cobras!). A drogaria que mistura tintas, vassouras, detergentes, louça antiga e um caixote de limões. A loja de candeeiros a que chamam hospital dos ditos. A padaria do mercado onde o cheiro do (bom) café vence os eflúvios do peixe. A serraçãoimprovisada que também vende torneiras e outros encanamentos domésticos. A florista despretensiosa que sabe os nomes das plantas em latim (ou similar). A pastelaria que cheira a bolos de arroz. A loja de velharias. De livros em 2ª mão
Muita coisa fechou. Está a fechar. Às compras, eu e os velhos. Para cima e para baixo, ziguezagueando copernicamente ao ritmo do sol que bate nos passeios.