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09/08/24

MEDITAÇÃO DE SEXTA: «Então e os Bárbaros: Chegam ou não Chegam?»

«(...) A extrema-direita e as redes sociais têm servido de explicação [para a situação no Reino Unido]. Mas eu que sou do tempo dos aplausos e vivas às redes sociais aquando da chamada Primavera Árabe de 2011, pergunto-me que diferenças substanciais no seu uso se deram de ontem para hoje?

15/06/22

A ILUSÃO PATÉTICA DE QUE SE PODE IMPEDIR OS SERES HUMANOS DE CIRCULAR

Guerras, fome, alterações climáticas: a tempestade perfeita.

Não deixa de ser irónico que seja num tempo histórico em que tantas loas se cantaram e cantam à globalização, que se tenta impedir as pessoas de fugirem do habitat onde vieram ao mundo, em busca de melhores condições.
Um problema a que acresce o das redes clandestinas de tráfego (e tráfico). Mas não será pagando à Turquia ou mandando as pessoas para o Ruanda que se contribui para a solução do problema. 

Apesar do primeiro voo para o Ruanda organizado pela governo britânico ter sido suspenso, outros estarão na calha. 
Ao que parece, não estão previstos passageiros de olhos azuis e cabelos louros. 

01/03/22

POIS, A UCRÂNIA NÃO É A SÍRIA E ESTES SÃO OS NOSSOS REFUGIADOS

E quando se léem as declarações do primeiro-ministro búlagro, Kiril Petkov, confirmamos que há mesmo refugiados de primeira e de segunda, e de terceira e etc.

«Estes refugiados não são os refugiados a que estamos habituados. Trata-se de pessoas que são europeias, pelo que nós e todos os países da UE estamos prontos a acolhê-las. São... pessoas inteligentes, pessoas educadas... Portanto, nenhum dos países europeus tem medo da onda de emigrantes que está para vir.»

E coisas destas passam pelo intervalo da chuva de balas!

ARTIGO DE OPINIÃO DE PATRICK GATHARA SOBRE ESTE ASSUNTO AQUI.

INVASÃO DA UCRÂNIA: VÍTIMAS DE GUERRA COM TRATAMENTO DIFERENCIADO. PORRA, MEUS!

Às vezes penso que a Marguerite Duras tinha realmente razão: «Que le monde aille à sa perte».

A União Africana denuncia tratamento discriminatório de cidadãos africanos que tentam sair da Ucrânia. 

E se isto não é racismo, eu sou a Nossa Senhora de Fátima!

NOTÍCIA DA REUTERS AQUI

09/02/22

CIBERATAQUES: AINDA AGORA COMEÇARAM?

O mundo a várias velocidades. 

Uns discutem (ainda) o assunto mais do que arrumado da existência de raças humanas e da interferência da melanina no comportamento da espécie.

Outros imaginam guerras de trincheiras à maneira da I Guerra Mundial.

Enquanto isso, os ciberataques vão fazendo o seu caminho no século XXI e já em 2015 havia quem alertasse para a mais recente forma de guerra: "Em vez de mobilizar uma defesa nacional contra ciberataques, queremos uma torradeira que comunique com a máquina de lavar via Internet".

No meio disto tudo, a grande moda são cidades mais digitais. 

Confusos? Também eu. 



20/12/12

Eu hoje acordei optimista

Num Inverno parisiense muito frio e já distante – em que as temperaturas chegaram aos -20 e eu me recusava a sair de casa mal o termómetro à janela descia abaixo dos -10 – dei por mim à porta do Centro Pompidou.
No hall decorria uma exposição-vídeo (?) dos novos projectos para o bairro empresarial de La Défense. A zona onde decorria a projecção (gratuita) encontrava-se naturalmente às escuras e eu sentei-me por ali a ver as imagens da Paris século XXI (por sinal, bem mais engraçadas em maquette do que ao vivo – com excepção, acho eu, da esquadria perfeita entre o Arco de Triunfo e o Grande Arco de la Défense). Adiante.
Não me lembro de quanto tempo durou a coisa mas, às tantas, as luzes acenderam-se, permitindo-me ver quem comigo partilhava o visionamento.
À minha volta, dormitando ao lado de garrafas de vinho meio cheias (ou meio vazias) um grupo alargado de clochards, como na altura ainda se dizia – os nouveaux pauvres inventados só mais tarde.
Saí do Pompidou (eles ficaram lá…) a achar que a sua presença naquela Meca da Cultura, borrifando-se precisamente na Cultura e abrigando-se tão-só da inclemência da Natureza, marcava a diferença civilizacional entre Paris e Lisboa.
“Em Portugal, pensei com os meus botões bem abotoados por causa do frio, nem nos jardins da Gulbenkian entravam quanto mais no Grande Auditório”.
Hoje li que um homem passou por miserável e romeno (uma desgraça nunca vem só...) numa dependência bancária e foi atendido na rua.
É verdade que das últimas vezes que fui à Gulbenkian continuei a cruzar-me, maioritariamente, com um público enfatuado e chato. Muito chato. Mas que o homem expulso do Banco tenha decidido apresentar queixa já é uma evolução.

17/11/11

Pessoas boas, a tua tia ó Kröger!

O alemão Jürgen Kröger, um dos representantes da troika que nos calhou em sorte, é um querido.
Em Lisboa, onde fiscaliza o bom comportamento do governo (?) português, não só nos garantiu que Portugal não é a Grécia (what a relief, man!) mas também que somos "gente boa".
Como é que ele terá concluído tal coisa?
Andou a reler o Ensaio sobre a Desigualdade das Raças Humanas do Gobineau ou terá tido tempo de ir medir narizes para o Rossio?

19/09/10

Quantos ciganos queres para a troca? (II)

[na continuação deste post e dos muitos comentários]

«Há ou não há fundamento para comparar a expulsão dos ciganos da Roménia e da Bulgária, ordenada por Sarkozy, com o que os nazis fizerem durante a II Guerra Mundial (como chegou a dizer a comissária da Justiça da UE, Viviane Reding) e com as deportação para Alemanha de 75.000 judeus (na maior parte sem nacionalidade francesa), de que o regime de Vichy se encarregou por conta do III Reich?
Num sentido, não há. Hitler queria exterminar os ciganos (como de facto exterminou centenas de milhares por toda a Europa) e não parece que a Roménia e a Bulgária tencionem tratar da mesma maneira os ciganos que Sarkozy eventualmente "repatriar". Mas, desgraçadamente, isto não torna o episódio um simples caso de emigração ou residência ilegal. E não torna, porque há outra face em que a política de Sarkozy se aproxima e até às vezes se confunde com a política de Hitler.
Não é por acaso que a França resolveu escolher os ciganos como objecto do seu rigor e não escolheu, por exemplo, os portugueses. Os ciganos são uma minoria étnica vulnerável e não têm um Estado que os defenda, e os portugueses não são e têm o mais velho Estado da Europa, ainda por cima membro da UE, para falar por eles. Promover colectivamente um pequeno grupo de "estranhos", sem protecção, a bode expiatório de uma crise grave e à superfície irresolúvel é uma antiga técnica do populismo, que Sarkozy (como Hitler) não hesitou em usar. Só que, por força, ela estabelece sempre sem exame uma culpa colectiva e aponta ao cidadão comum os "culpados" de um "crime" imaginário.
Qual é o verdadeiro "crime" dos ciganos? Em primeiro lugar a "raça" (uma noção mais do que ambígua). Em segundo lugar a cultura, que, neste caso, incluiu o nomadismo. E, em terceiro lugar, a recusa de se "integrar" na sociedade francesa, presumindo que existe um único modelo de "sociedade francesa". Ora, como muitas vezes já se verificou, estas três "razões" levam directamente ao ódio e à perseguição. E aqui Viviane Reding não se engana, a II Guerra mostrou a que extremos pode chegar e com que rapidez se pode espalhar o estigma imposto por uma autoridade nacional a uma minoria étnica. Berlusconi já permitiu 315 "intervenções" do Estado em acampamentos de ciganos. Pior ainda, consta que a santificada Angela Merkel se prepara para expulsar 12.000. Onde fica nisto e para onde vai a "Europa" dos direitos do homem?»
Vasco Pulido Valente no Público, lido aqui

16/09/10

Quantos ciganos queres para a troca?

Num mundo em que o que realmente importa se designa por nomes estranhos como monoplay, doubleplay, spin off ou sell out é natural que os ciganos sejam uma maçada.
A troca de galhardetes a que temos vindo a assistir na Comissão Europeia a propósito das medidas francesas contra as comunidades ciganas é, quanto a isso, bastante esclarecedora.
A luxemburguesa Viviane Reding, comissária europeia da justiça, evocou as limpezas étnicas da II Guerra mas houve logo quem lembrasse que um bilhete de avião à borla e 300 euros no bolso não era coisa comparável. Com certeza.
Mas teremos, então, que chegar às portas de um campo de extermínio para expressar indignação? Não nos bastará saber que Sarkozy resumiu a coisa assim: "si les Luxembourgeois voulaient LES prendre il n'y avait aucun problème"?
E o que me lixa mesmo é a terceira pessoa do plural.

14/09/10

Eu acho o Obama racé, o Daniel Oliveira prefere atribuir-lhe uma raça

Quando a esquerda que temos, tão intransigente noutras matérias, insiste no conceito (pimba) de raça(s) bem pode Sarkosy expulsar prioritariamente ciganos.
Mesmo a popularidade de Obama, que varreu o Mundo há dois anos, deveu-se mais à sua simpatia e oratória, à sua RAÇA e à sua juventude, do que ao corte político e ideológico que, apesar de tudo, a sua eleição significaria [Daniel Oliveira, "A Política Pimba"; (as maísculas são minhas)]

Definição da palavra francesa racé (para os frequentadores da Pastelaria que já só tiveram espanhol na escola)

04/09/10

E como todos já terão percebido, as perseguições étnicas são uma coisa que me chateia

Assim sendo, relembro que hoje, sábado, 4 de Setembro, há concentração às 15h30m em frente à Embaixada de França, em Lisboa (fica no topo da Calçada Marquês de Abrantes, transversal à Avenida Dom Carlos I, mesmo juntinho à 24 de Julho).
Aproveito também para reproduzir o esclarecedor texto de Ricardo Araújo Pereira que lança toda uma nova luz sobre a relação directa, e até agora não devidamente esclarecida, entre a crise e a ciganada. Ou, como diria o Senhor Comentador, é hora de os ciganos contratarem um advogado e um director de marketing.



... segue o texto do Araújo
«A crise económica que o mundo vive é complexa, e não é fácil apontar com exatidão o momento em que terá principiado, mas o governo francês já identificou os seus responsáveis: são os ciganos. A descoberta não terá apanhado ninguém de surpresa. A bem dizer, todos sabíamos do papel que os ciganos desempenharam no descalabro financeiro norte-americano e, subsequentemente, mundial. O conselho de administração do banco de investimento Lehman Brothers era integralmente constituído por ciganos. Uma das razões da falência do banco foi, aliás, o facto de os seus administradores só pegarem ao serviço à tarde. De manhã estavam na feira, a vender T-shirts de contrafação. Bernard Madoff, cuja tez morena é bem reveladora de ascendência cigana, confessou ter planeado o seu esquema fraudulento ao som dos Gipsy Kings. E subprime é um termo do dialeto cigano que significa "ai, Lelo, vamos conceder empréstimos imobiliários de alto risco até provocar a insolvência de três ou quatro grandes instituições financeiras".
Ninguém sabe bem a razão pela qual os gregos elegeram um governo de ciganos, mas o facto é que eles estão lá, a fazer crescer a dívida externa e a arrastar a Europa para a falência. E Sócrates, não sendo cigano, é, no entender de muitos, um ciganão. Creio que é óbvio para toda a gente que a crise económica é mundial precisamente porque os ciganos, sendo nómadas, conseguiram levá-la a todo o lado.
É mais do que natural e justo que o governo francês tenha perdido a paciência com os prejuízos que esta etnia tradicionalmente ligada à alta finança tem provocado e, por isso, como costuma suceder em França com os estrangeiros que não têm categoria suficiente para representar a seleção francesa de futebol, os ciganos foram recambiados para o seu país de origem. País esse que, neste caso, é a Roménia - que faz parte da União Europeia. É azar: os ciganos, que são um povo sem fronteiras, têm algumas dificuldades para circular na Europa sem fronteiras. Ainda assim, um povo tão habituado a ler a sina deveria ter adivinhado que isto da livre circulação de pessoas iria ser prejudicial para quem é nómada. Era mais que óbvio.
Não ignoro que a medida de Sarkozy tem sido criticada, mas apenas pelos radicais de esquerda do costume. Como o Papa. A verdade é que os ciganos só trazem problemas. Recordo que o cigano mais famoso de sempre era estrela de cinema. Chamava-se Charlie Chaplin. Se bem me lembro, era raro o filme em que ele não arranjava problemas com a polícia. Aquilo está-lhes no sangue. »
Lido AQUI (agradeço o link ao Nuno Ramos de Almeida)

02/09/10

A única coisa que faltava mesmo era os ciganos serem acusados de raptar a maddie

O jornal inglês de referência The Sun noticiou que um homem não identificado entregou uma carta ao filho do pedófilo Raymond Hewlett, uma semana depois deste ter morrido de cancro na garganta.
Na missiva, escrita no leito da morte (claro), Hewlett garantia que nada tivera que ver com o rapto de Maddie embora soubesse o que lhe acontecera: fora raptada pela máfia cigana.
Um amigo do filho do pedófilo (que não falava com o pai há 20 anos) contou a história ao jornal. The Sun diz que o filho queimou a carta depois de a ler. E pronto.
Deste enredo de pacotilha fez o Diário de Notícias... uma notícia. Esqueceu-se de traduzir a parte de a carta ter sido supostamente destruída e de se desconhecer o seu mensageiro, e intitulou-a: "Maddie levada por Mafia Cigana". O I e a Visão, mais comedidos, titularam a coisa em modo conjuntivo. Respiramos de alívio!
Se isto seria sempre um disparate e exemplo de jornalismo, literalmente, de latrina, a coisa irritou-me ainda mais por surgir no momento em que surge.
E a propósito do momento...
1º: Está marcada uma concentração junto à Embaixada de França em Lisboa para o próximo sábado, pelas 15 horas, contra as expulsões dos ciganos.
2ª: Aproveito para transcrever post de O Senhor Comentador que, no essencial, resume aquilo que penso sobre o assunto. Cá vai.

O Senhor Comentador adverte os governos a suspenderem a caça aos ciganos
"A expulsão de ciganos ordenada pelo governo francês relembrou que a mentalidade europeia é organizada pela mediocridade. Percebo que os ciganos, ou os Roma, como agora lhes chamam, não sejam fáceis de aturar. É uma cultura fechada, preconceituosa, arrogante e incontrolável. E, pior, há séculos que tem uma péssima publicidade. Até os contos infantis, Pinóquio entre eles, os consagraram como papões etnicamente reconhecíveis. A aversão aos Romas é formada desde a mais terna infância. Contudo, não digo que seja totalmente infundada. Acredito que há ciganos criminosos, como os há pretos, árabes, nórdicos, europeus, galeses. Mas quando se fala dos Roma, a criminalidade é apenas burguesmente aceite; como se fosse uma condição sine qua non destas pessoas. Seja como for, esta etnia, sem ter influenciado directamente a história do mundo, sobreviveu a todas as histórias que o mundo teve. A sua cultura é uma curiosidade mas nunca foi uma influência. Talvez na música, com as rapsódias, com Liszt e Paganini, mas mais pelo desafio de adaptar a sua exuberância expansiva à nossa predominante melancolia ou cerimoniosa musicalidade. Que os países europeus não tenham conseguido “civilizá-los” ao longo destes séculos é, sem dúvida, um fracasso cultural. Esta força cigana merece respeito. Não está em causa o dever do cumprimento da lei, até mesmo por tão exótica e independente comunidade. Mas discriminá-los por, em conjunto, serem perigosos para sociedade suburbana, é, além de idiota, uma traição à nossa civilização. Os ciganos deviam ser tratados com o mesmo respeito que devemos às espécies em vias de extinção. A ânsia de controlar os nossos impostos, a nossa saúde, a educação, os nossos tempos livres, vai chegar a um ponto em que não haverá espaço burocrático para as culturas independentes ou marginais. É cada vez mais difícil viver à margem seja do que for. Os Roma conseguiram-no durante séculos. Aceitemos o seu triunfo e esperemos que também sobrevivam a estes tempos, em que os computadores são cada vez mais severos e as administrações mais implacáveis. Fora isso, tudo bem."
A fotografia foi encontrada aqui.

27/08/10

Ainda os ciganos e enquanto for necessário


1. Uma reportagem a 1 euro (a não perder, MESMO) sobre ciganos no país de Sua Majestade. Curioso como, sem andarem sempre de boca cheia de "Liberté, Egalité, Fraternité", menos prosélitos, os britânicos se portam quase sempre melhor.
2. Este homem, Robert Duvall, fez um filme sobre ciganos, Angelo, My Love. Durante a apresentação do filme em Cannes, Duvall visitou-os num acampamento às portas da Hollywood francesa. Não sei se já o desmantelaram (ao acampamento, claro).
3. Django Reinhardt, cigano de pai e mãe e grande guitarrista de jazz, toca La Marseillaise acompanhado por Stéphane Grappelli. A França era, na altura, a better place.

23/08/10

Chamar os bois pelos nomes ou ainda dos ciganos porque ele há coisas que me xaringam mesmo o juízo

[...] Na Europa, que é o nosso mundo, o governo francês continua com a sua política de repatriação de ciganos romenos. A imprensa ajuda sendo eufemística — ninguém usa a expressão "limpeza étnica" — ou incorreta — aqui ou ali vai aparecendo a expressão "imigrantes ilegais".
Vamos ser rigorosos sobre o que isto é e o que não é. Não, não se trata de imigrantes ilegais: os cidadãos romenos são comunitários e têm direito à livre circulação pelo território da União. E, sim, isto é uma limpeza étnica, ou seja, uma expulsão de um dado território de uma população circunscrita por critérios étnicos.
Como seria de esperar, a Itália de Berlusconi já manifestou vontade de seguir o exemplo francês. Quando a Croácia entrar na União Europeia, até 2012, ouviremos discursos sobre o caminho que ela fez desde as limpezas étnicas dos anos 90. Da maneira que as coisas estão, parece-me que é antes a UE que vai aderir à Croácia dos anos 90.
O que a França está a fazer é ilegal, uma clara violação dos tratados e do espírito fundamental da União Europeia. A Comissão Europeia, que é suposta ser a "guardiã dos tratados", não se insurge. Durão Barroso está silencioso. Dá-se tempo a que Sarkozy faça o seu número para as sondagens.
Rui Tavares, aqui (para assinantes), lido aqui à borla
[a fotografia veio daqui, site onde há informação que baste sobre o genocídio dos ciganos durante a II Guerra]

21/08/10

O eterno retorno: pois é, Schulz também não correspondia ao protótipo e acabou assassinado a troco do dentista que também não correspondia ao que seja

[Nota prévia sobre o título deste post seguida de nota prévia sobre o vídeo protagonizado pelo actual ministro do interior francês
1. Bruno Schulz, artista polaco de origem judaica, conseguiu sobreviver algum tempo à "solução final" sob a protecção de Felix Landau, membro da Gestapo que admirava o seu trabalho, acabando por ser assassinado em retaliação por Karl Günther, nazi rival de Landau a quem este matara o dentista privado ("Mataste o meu judeu, eu matei o teu");
2. No vídeo de Setembro de 2009 pode ouvir-se Brice Hortefeux comentar, a propósito do jovem francês de origem árabe com quem posa para a fotografia: "Ele não corresponde de todo ao protótipo.... É sempre preciso um.... Um está bem. É quando há muitos que aparecem os problemas..." Eloquente.]




Entretanto, a argumentação avançada por Brice Hortefeux para justificar a expulsão de 700 ciganos do território francês parece tão datada como a própria natureza humana (que é o que é).
Em resumo, Hortefeux diz isto: quem os defende não tem que levar com eles, ricalhaços da esquerda bem-pensante que vivem longe do povo e das suas preocupações.
Este género de conversa lembra-se sempre o Viridiana do Buñuel mais o seu leproso miserável que era obrigado pelos pares a carregar um chocalho.
Que fique claro, pois: não nutro nenhuma simpatia de princípio pelos pobrezinhos (compaixão é outra conversa e convém que seja universal).
Mas que fique também claro que não é isso que está em causa. O que está em causa é perseverar ou não em ideias morais, por muito impopulares que estas sejam.
Nesse particular, a posição de Obama sobre a construção de um centro cultural islâmico a dois quarteirões do Ground Zero mete num chinelo o pragmatismo da direita francesa (a que veio juntar-se, sem surpresa, a italiana).
E esclareça-se que se não nutro nenhuma simpatia de princípio pelos pobrezinhos, muito menos pelo Islão.