30/06/08

A censura é a mais jovem de duas irmãs, a mais velha é a Inquisição*

A 1ª Vara Cível de Lisboa decidiu fechar o blog povoaonline. O presidente da câmara da Póvoa de Varzim, Macedo Vieira, sentiu-se ofendido, fez queixa e a justiça actuou. Entretanto, já está disponível o povoaoffline, mas Vieira admite avançar com uma providência cautelar caso este novo blog prossiga pelo mesmo caminho.
Miguel Sousa Tavares fizera queixa contra os anónimos que o tinham acusado de plágio. Os autores do povoaonline também o eram, mas o Tribunal obrigou o Google a encerrá-lo.
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social já pode dar hoje em dia uma mãozinha nesta matéria, mas a decisão de encerramento, que é tomada pela primeira vez em Portugal, vem com certeza inaugurar uma nova época de caça.
Posto isto, gostaria de acrescentar uma coisa: nem sequer me lembro se alguma vez fui à Póvoa, mas aos legisladores, obviamente contra a censura mas seguros também que não há regra sem excepção, relembro as palavras sempre sábias de Marx (Groucho, naturally): Estes são os meus princípios. Se não gostarem, tenho outros.
*Johann Nestroy

28/06/08

Iteranti culpam non solet dari venia

Quando se vai jantar fora e se ouve a dona do restaurante dizer a uma cliente «este candeeiro é Eiffel», e depois se ouve a cliente perguntar, franzindo as sobrancelhas, «Eiffel?!», a que acrescenta quase de imediato um defintivo e todavia displicente «Ah! claro, o estilista!», seguindo o diálogo com um «Torre Eiffel...?» pianíssimo arriscado pela dona do restaurante após o que a cliente conclui em tom semelhante a uma pancada na testa «Ah! claro que disparate. o arquitecto!», uma pessoa fica a pensar que o facto de já praticamente ninguém aprender latim no liceu deve querer dizer alguma coisa.

24/06/08

Fernando, não lhes perdoes que eles não sabem o que fazem

Portugal já era uma marca. Chegou a vez do Pessoa. Ou como o próprio escreveu, pouco antes de morrer, «I know not what tomorrow will bring». Agora já sabe.

Albert Cossery (Cairo, 3-10-1913/ Paris, 22-06-2008)

Cossery, la dernière sieste

Disparition. L’écrivain égyptien est mort dans l’hôtel parisien où il vivait depuis 1945. Un jour qu’il croisait par hasard une ex - il y en eut beaucoup - sur le boulevard Saint-Germain, elle lui fit le récit de ses quarante dernières années : «Trois enfants, deux divorces, quatre déménagements. Et toi ?» «Oh moi, rien n’a changé, lui répondit Albert Cossery. Je fais toujours la sieste, sur le lit où j’étais couché quand tu m’as quitté.» Désormais, plus personne ne viendra troubler la sieste de monsieur Cossery, ni femmes, ni journalistes, ni éditeurs, ni emmerdeurs. On l’a retrouvé, hier matin, sur son lit, dans sa chambre de l’hôtel la Louisiane, rue de Seine. Mort. Il avait 94 ans.
O resto do artigo AQUI.
[Em Portugal, Cossery está editado na Antígona]

23/06/08

O estranho caso da farda B-1

O jornal Público veio dizer que a Unidade Especial de Polícia (UEP) tinha falta de dinheiro para fardas. O Ministro da Administração Interna, Rui Pereira, trajando à civil, desmentiu a notícia. Mas o estranho caso da farda B-1 veio colocar uma questão que extravasa em muito o âmbito da UEP.
«Como é que uma polícia pode exigir que um agente ande devidamente fardado, quando não disponibiliza o fardamento?», pergunta com propriedade o agora mais anafado agente (e arguido) Armando Ferreira, um ano depois de ter sido operado à cabeça.

Leituras em Html pedidas de empréstimo: ainda a Europa

Sobre a proposta das 60 (65 horas) de trabalho semanais
Quando li que os Ministros europeus chegaram a acordo para prolongar a semana de trabalho até às 65 horas, fiquei em estado de choque ideológico. O facto de eu não gostar de trabalhar não vem ao caso. Até porque, mesmo assim, trabalho como um afro-americano ou um afro-lusitano. O intrigante desta medida é que entra em contradição com tudo o que nos contaram sobre o mercado do trabalho nas últimas décadas.
O resto AQUI.
Sobre a directiva do retorno dos emigrantes
um dia em que a sensatez de múltiplas nações faça regressar a casa os cinco milhões de saloios que temos espalhados pelo mundo poderemos sempre alojá-los nas casas de Carlos Coelho, Assunção Esteves, Duarte Freitas, Vasco Graça Moura, Sérgio Marques, João de Deus Pinheiro, Luís Queiró, José Ribeiro e Castro, José Silva Peneda e Sérgio Sousa Pinto [esse mesmo, ex-futuro jovem progressista das causas fracturantes], eurodeputados portugueses que deram o seu contributo para a aprovação da vergonhosa directiva de retorno.
Lido AQUI.

18/06/08

O meu mentor: short and snappy

Billy Wilder agradece em 40 segundos a homenagem pelos seus 90 anos [a Pastelaria fez 1 no dia 6 mas eu esqueci-me]

A escrita criativa sempre me tinha cheirado a esturro

«One of the things you notice is that when you switch on the television and a student has gone mad with a machine gun on a campus in America, it's always a writing student», Hanif Kureishi. Lido aqui.

15/06/08

Futebol alternativo [não é novo mas resulta sempre]


Monty Python Philosophy Football

De referendo em referendo, até à vitória final...

«Em caso algum, a UE pode ser travada no seu impulso”, disse o primeiro-ministro belga, Yves Leterme, apesar dos avisos dos que sublinham que a construção europeia não pode realizada à margem da vontade popular. A ideia é que se os restantes Estados-membros ratificarem o Tratado de Lisboa até ao final do ano, o Governo irlandês não terá outra hipótese se não a de repetir a consulta ou, num cenário extremo, aceitar uma participação limitada na UE.
Lido AQUI.
Como diria Brecht: Se os governantes vêem claro e o povo se engana, dissolva-se o povo...

13/06/08

Ou são democratas ou comem todos...

Os irlandeses, todas as notícias o confirmam, votaram «Não» aquilo que ficou conhecido como Tratado de Lisboa. Talvez as razões que levaram os irlandeses a chumbar o Tratado não sejam maioritariamente as minhas. Mas o resultado não deixa de ser uma bofetada de luva branca nos eurocratas e na sua concepção de democracia. Escaldados com os resultados dos anteriores referendos, optaram pela aprovação de gabinete, excepto, precisamente, na Irlanda, onde a Constituição obrigava a ir a votos. Agora perderam. Vamos ver como descalçam a bota.

O negócio é a alma de «O segredo»

Mea culpa, mea maxima culpa. Tinha-me escapado o livro que mais vendeu em Portugal o ano passado, O Segredo, que já vai com 350 mil exemplares distribuídos por aí. A propósito da vinda a Lisboa de um senhor que dá pelo nome de Bob Proctor, mentor espiritual da coisa (na realidade, não sei bem como chamar-lhe...), fui ler. A Pastelaria serve algumas pérolas:

«Porque é que acha que um por cento da população mundial ganha cerca de 96 por cento de toda a riqueza criada? Acha que é por acaso? (...) Eles sabem qualquer coisa. Percebem O Segredo»

«A única razão por que as pessoas não têm dinheiro suficiente é o facto de estarem a bloquear o dinheiro que vem na sua direcção com os seus pensamentos»

«Há algo de magnífico em si. Tenho andado a estudar-me há 44 anos. Às vezes, apetece-me beijar-me a mim próprio»

«Nunca estudei ciências nem física na escola e, no entanto, quando li livros complexos sobre física quântica percebi-os perfeitamente porque os queria perceber»

«Os alimentos não são responsáveis por você perder peso. É o seu pensamento de que a comida é responsável pelo aumento de peso que leva os alimentos a engordá-lo»

«Tenha pensamentos de perfeição. A doença não consegue existir num corpo que tem pensamentos harmoniosos»

09/06/08

Praça das Flores? Vá antes à Praça Leya.

A Praça das Flores, em Lisboa, está fechada ao público. Até dia 20 de Junho é palco de um evento ― a palavra portuguesa mais feia logo a seguir a sovaco, beiços, pupulam e implementação. Uma marca automóvel alugou-a à Câmara Municipal, a troco de algumas moedas e melhorias posteriores no respectivo jardim. Como não sabia de nada, quis ir até lá no domingo. Dei com o nariz na cerca.
As palavras justificativas de José Sá Fernandes, que li depois, tranquilizaram-me: «A organização do evento vai pagar as taxas de ocupação bem como a requalificação do jardim. Isto representa milhares de euros (...) o comércio vai ter ainda mais clientes e o mais importante é que a Praça das Flores vai ser renovada», disse o homem a quem, sem favor, passarei agora a chamar O Grande Iluminado.
Porque se atentássemos no seu exemplo inspirador, na sua infinita sabedoria e proactividade, depressa compreenderíamos que bastaria alugar o país durante cerca de um mês, mais coisa menos coisa ― se fosse por atacado, fazia-se um preço melhor ― e todos os nossos problemas ficariam resolvidos: do Allgarve ao Minho e ilhas adjacentes, em renovação e em força.

04/06/08

A vida moderna contada por Robert Walser (saído directamente do baú das obras-primas)

[Saudades de um punhal]
Um rapaz e uma rapariga, gente jovem a valer dos nossos tempos. Oskar e Emma de seu nome, amavam-se. Era profundo o seu amor, e ninguém duvidava menos e acreditava com mais fervor neste facto do que eles próprios. Até aqui tudo seria perfeito, só que havia qualquer coisa que lhes faltava, e vamos já dizer o que era esta qualquer coisa estranha e fabulosa que lhes faltava. Ninguém, para onde quer que olhassem, os impedia. Tinham licença, por assim dizer, para se amarem, beijarem, beijocarem e explorarem, sempre que para tal tivessem vontade. Mas era precisamente esse o problema: na ausência de entraves, cada vez menos tinham vontade de se dedicar a esta edificante ocupação. Se alguém viesse intrometer-se e os proibisse de trabalhar, a vontade deles seria tanto mais forte. Os dois bons e excelentes jovens adoeciam por virtude de uma abundância de liberdade, e os seus suspiros tinham por motivo uma falta de obstáculos. Pois a ambição deles, é preciso que se saiba, era a novela italiana, e como é do conhecimento comum as novelas italianas contam a história de amantes que se amam tão fogosamente, tão intimamente e com tão grande paixão apenas porque não devem. Oskar e Emma, entre outras coisas, não tinham sequer pais cruéis e casmurros. Faltava-lhes também o vilão que à noite espreita vilmente por detrás de um arbusto. Sim, é verdade, não tinham sequer um vilão, o inimigo do amor, sempre terrivelmente desconfiado. Mas tinham consciência de todas estas falhas e afligiam-se muito com elas. Ó triste era moderna, quadrangular e abstémia, ó indigna época das companhias aéreas e das viagens à volta do mundo, agora bem vês como às tuas mãos sofrem todos os amantes ávidos de aventuras. O amor de Oskar e Emma morria aos poucos, e porquê? Exacto, por não haver perigo. Ninguém os ameaçava, ninguém lhes fazia frente, e assim começavam a adormecer no cumprimento da sua actividade. Sempre que a actividade é concedida às cegas e sem mais, depressa começa a aborrecer e a retrair os movimentos. É esta a terrível anedota dos tempos em que estamos condenados a viver: tudo é permitido. Mas quando tudo é tão vilmente permitido, quando os amantes podem abraçar-se à vontade, sem que um deles tenha de olhar à sua volta, cheio de receio e sofrimento, para ver se algum perigo se abate sobre eles, tal implica a impossibilidade da novela italiana. Oskar e Emma queriam fazer uma novela, mas ela não singrava, começava a soçobrar. O estilo torna-se flácido. Querer criar uma novela genuína na ausência de qualquer perigo: eis um princípio pouco auspicioso. Os perigos são afinal as veias e os impedimentos são a vida de uma novela. E já não há impedimentos neste mundo sem carácter nem orgulho, incapaz mesmo de alimentar um nobre preconceito. As crianças podem vir ao mundo quando bem entenderem, antes ou depois do laço sagrado. Oskar e Emma bem o sabiam, e uma enorme angústia fincava garras nos seus jovens corações. Os pais deles eram gente sem preconceitos, oh miséria. Mas, na ausência de preconceitos, a novela é impossível. As novelas só podem singrar no terreno selvagem e precioso dos preconceitos arreigados. Onde haja alguém que seja indiferente, e onde não haja ninguém que não seja indiferente, também não pode haver histórias de amor. Nas antigas novelas italianas, ninguém é indiferente, e é por isso, é por isso que Oskar e Emma teriam preferido morrer. Mas morrer não é assim tão fácil na ausência de um punhal que peça para ser desembainhado. Oskar e Emma quase que morrem de saudades de um punhal.
Robert Walser, Histórias de Amor, Relógio D'Água, 2008

03/06/08

O neo-realismo reciclado: assim como assim, prefiro as cegonhas







Livro alemão de educação sexual para crianças. A prova de que a pedagogia é uma praga universal. [As fotos podem ser ampliadas clicando sobre elas]

02/06/08

Terminado Maio, a pergunta a fazer será esta: que género de soixante-huitard és tu?

Olá! O mês de Maio acabou e com ele devem também acabar os artigos, palestras, análises, debates, livros, ensaios, documentários e testemunhos sobre o Maio 68. Tudo isso quanto a mim só demonstra que o maralhal que nessa época se dizia e julgava revolucionário é hoje o maralhal que domina os centros de decisão cultural – jornais, rádio, televisão, cinema. Tenho a dizer que não vejo nada de mal em que esta nova classe cultural dominante se anime de vez quando com um banho de nostalgia. O que é certo é que, caso contrário, o “Maio 68” não teria a importância que se lhe dá, principalmente tendo em conta que quando se fala em “Maio 68” se refere um período de poucas semanas em Paris e não um ano que teve também abalos noutras partes do mundo, particularmente nos países “socialistas”.
Maio de 1968 foi uma francezise, 1968 (sem o Maio) foi (talvez) importante e, em alguns casos, marcado pelo assassínio de figuras importantes (Martin Luther King e Robert Kennedy nos Estados Unidos) que resultou em actos de violência que marcaram esse ano.
Em Paris o Maio acabou como começou: com o maralhal a regressar às universidades e os trabalhadores às fábricas, trabalhadores esses (apresso-me a dizer) que pouca ou nenhuma solidariedade prática demonstraram com os estudantes e intelectuais. (Não me posso esquecer que em 1972, a trabalhar numa fábrica na Dinamarca, um ‘proleta” local me disse que em 1968 tinha ficado irritado com a estudantada “desorganizada e irresponsável”. Ainda na minha ingenuidade socialista tomei nota para me disciplinar. De imediato cortei o cabelo o que levou o tal proleta a dizer-me no dia seguinte que eu não o devia ter cortado porque “as gajas gostam de gajos com cabelo preto comprido”).
Mas voltando a 1968, parece-me que esse ano foi um tanto ou quanto esquizofrénico. Ao fim e ao cabo, e para citar creio que Milan Kundera, Maio de 68 foi em Paris um acontecimento de “lirismo revolucionário” mas nesse mesmo ano deu-se a “Primavera de Praga” que foi “uma explosão de cepticismo pós-revolucionário”. É preciso não esquecer que foi também em 68 que Fidel Castro – vestido de verde oliva à revolucionário – deu o seu aval à invasão da Checoslováquia, pondo assim fim à fantasia de uma terceira via “revolucionária” aparte dos exemplos soviético e maoísta.
O que representa 1968? Talvez, portanto, várias vertentes. Uma delas o lirismo perigoso daqueles que ainda acreditavam (acreditam) na revolução messiânica totalitária marxista-leninista e que acabaram nas franjas do Bader Meinhof, Brigadas Vermelhas, Exército Vermelho, etc., ou mais recentemente a apoiar o regime fascista/assassino de Saddam Hussein e o “sempre em pé” totalitário Fidel Castro, senão mesmo os Taliban na luta contra o “imperialismo”.
Alguns desses foram para o cemitério, outros para a cadeia, outros para o caixote do lixo da história e outros estão ainda na longa marcha para esse destino. Outra vertente será a que olha para 1968 (Paris, Checoslováquia, Portugal) e vê os acontecimentos desse ano não só um acto de revolta contra certos parâmetros da sociedade ocidental mas também (e talvez mais importante) como o princípio do fim do socialismo de bandeira vermelha, exemplificado no que se passou na Checoslováquia, nos primeiros sinais de revolta na Polónia e nas posições de Fidel Castro. Sintomaticamente, Che Guevara tinha morrido em 1967, vítima das suas próprias fantasias totalitárias de uma terceira via social-fascista, atraiçoado pelo campesinato boliviano que não alinhou nas referidas. Fidel mostrou ser mais realista quanto ao exercício do poder totalitário. 1968 em Paris em Maio foi talvez um episódio vislumbrante das eternas discussões filosóficas francesas mas foi também e acima de tudo teatro de rua com bons pecos: “as paredes têm ouvidos, os teus ouvidos têm paredes”, “sous les pavés, la plage”, “cours camarade le vieu monde est derrière toi”, "numa sociedade que aboliu a aventura a única aventura possível é abolir a sociedade”, “quando a assembleia nacional se transforma num teatro, todos os teatros devem-se transformar em assembleias nacionais”.
No ocidente, incluindo a França, 1968 – enquanto movimento revolucionário – pouco impacto histórico teve senão paradoxalmente o de fortalecer o individualismo e de tornar os ditos revolucionários em – como diria Lenine – “idiotas úteis”, só que neste caso ao serviço do individualismo, uma das condições essenciais do capitalismo. O irónico será com efeito que se se seguir a interpretação antitotalitária dos acontecimentos de 1968 , eles marcaram não o fim do sistema democrático ocidental (que, pelo contrário, se fortaleceu, cresceu e forneceu prosperidade e inovação), mas sim o triunfo do individualismo e o princípio do fim do colectivismo e da sua ideologia, não só no ocidente como também nos países “socialistas”.
A pergunta a fazer é talvez esta: que “soixante huitard” és tu? Um/uma que segue os “diktats” dos comités partidários e/ou das ideias filosóficas “du jour” ou um/uma que segue o graffiti que afirmava: “não me libertem; eu encarrego-me disso”?
Abraços
Da capital do Império
Jota Esse Erre

Aparição do Irmão Lúcia no próximo dia 3 de Junho: não está previsto eclipse do sol

Irmão Lúcia costuma andar por aqui