Mea culpa, mea maxima culpa. Tinha-me escapado o livro que mais vendeu em Portugal o ano passado, O Segredo, que já vai com 350 mil exemplares distribuídos por aí. A propósito da vinda a Lisboa de um senhor que dá pelo nome de Bob Proctor, mentor espiritual da coisa (na realidade, não sei bem como chamar-lhe...), fui ler. A Pastelaria serve algumas pérolas:
«Porque é que acha que um por cento da população mundial ganha cerca de 96 por cento de toda a riqueza criada? Acha que é por acaso? (...) Eles sabem qualquer coisa. Percebem O Segredo»
«A única razão por que as pessoas não têm dinheiro suficiente é o facto de estarem a bloquear o dinheiro que vem na sua direcção com os seus pensamentos»
«Há algo de magnífico em si. Tenho andado a estudar-me há 44 anos. Às vezes, apetece-me beijar-me a mim próprio»
«Nunca estudei ciências nem física na escola e, no entanto, quando li livros complexos sobre física quântica percebi-os perfeitamente porque os queria perceber»
«Os alimentos não são responsáveis por você perder peso. É o seu pensamento de que a comida é responsável pelo aumento de peso que leva os alimentos a engordá-lo»
«Tenha pensamentos de perfeição. A doença não consegue existir num corpo que tem pensamentos harmoniosos»
17 comentários:
«Tenha pensamentos de perfeição. A doença não consegue existir num corpo que tem pensamentos harmoniosos»
sem querer ser paternalista para com as pessoas que papam estas coisas, isto não encaixará algures como crime?
duh para mim, defender-se-iam com qq coisa como "os pensamentos não foram verdadeiramente/suficientemente harmoniosos o que deixou a doença progredir"
p.s. belo título de post
isto não encaixará algures como crime?
pensei exactamente o mesmo
É sabida a relação fiel entre corpo e mente, daí as doenças psicosomáticas, o contrário também deverá ser real, a constatação de mais saúde por se pensar sem stress, sem a confinação que o medo, o desgosto, a tristeza causam no próprio material celular. Daí à vida correr sobre rodas, é que está situado o salto misterioso, que será interrogável, para mais quando da teorização do mesmo, novos ricos surgem à custa dessas ideias, paradoxalmente, diria. Mistérios..
Gabriela, este livro não é sério. O que, creio, deverá ser absolutamente óbvio dadas as frases (mortais) aqui reproduzidas.
Quanto às doenças psicossomáticas, a medicina chinesa, por exemplo, muito mais materialista do que se pensa, não acredita nelas. O corpo é um todo, e uma dor de cabeça, mesmo se provocada pelo stress (seja o que for que stress queira dizer), implica sempre um mau funcionamento de um órgão material. De qualquer forma, este livro, está longe dessa polémica. Do que se trata aqui é de vender pensamento mágico puro e duro, tão simplificado, mas tão simplificado, que deve ser esse o motivo de tanto sucesso. Pense que é saudável e será saudável, pense que é rico e será rico, pense que é amado e será amado... Claro que, como na sinceridade exigida ao arrependimento católico, este pensar implica sentir. Para quem esteja doente, viva na miséria ou tenha sido amorosamente rejeitado, estas coisas, além de uma aldrabice, são obscenas. Nem a New Age dos anos 60 teve lata para ir tão longe...
Para quem esteja doente, viva na miséria ou tenha sido amorosamente rejeitado, estas coisas, além de uma aldrabice, são obscenas.
É só abrir e folhear, por exemplo, o livro «África» de Sebastião Salgado, para se sentir uma tremenda repulsa por quem escreve coisas destas.
Ai se a ASAE o apanha...
Pense que é saudável e será saudável, pense que é rico e será rico, pense que é amado e será amado... Claro que (...) este pensar implica sentir.
Ora aí é que está o busílis, já que verdadeiramente é o sentir e não o pensar que tornam realidade aquilo que deveras se deseja.
Isto é sobretudo verdade em relação a tudo aquilo que depende de nós próprios, e com isto quero também dizer que muitas das críticas quanto a esse "pense e terá" são de facto anedóticas, ou seja, de quem não leu ou não compreendeu ou nem sequer reconhece que é isso que acontece na nossa vida.
A este propósito, recomendo vivamente a leitura deste artigo da "Time Magazine", How The Brain Rewires Itself, para quem quiser compreender melhor aquilo de que "O Segredo" fala. De facto, é na área da saúde e da transformação pessoal e das mudanças de comportamento que essas técnicas são possivelmente mais válidas ou pelo menos mais simples e eficazes, já que se trata de autotransformação e cura.
Mas, como sempre, é preciso compreender aquilo que se lê e não meramente papaguear frases soltas, ó Ana Leopardo! :)
isto não encaixará algures como crime?
Aquilo que é deveras um crime é o pensamento absurdo de que somos indefesos perante as doenças, as quais estão já predeterminadas nos genes ou vêm do exterior veiculadas por microrganismos, vírus e por aí.
Neste sentido, o autêntico "pensamento mágico" ou "wishful thinking" de que uma epidemia pelo vírus da gripe das aves é inevitável, num futuro mais ou menos próximo, é que constitui um autêntico crime de lesa saúde, já que alicerçado na mentira tão repetida de que a doença infecciosa é provocada por agentes exteriores ou microrganismos patogénicos.
E, contudo, até o criador do sistema da vacinação, Louis Pasteur, reconheceu por fim que Bernard tinha razão, o micróbio não é nada, o terreno é tudo.
Falava do seu compatriota Claude Bernard, o fisiologista mais importante do século XIX, juntamente com Antoine Béchamp, ambos defendendo que a boa saúde do organismo depende do "meio interior".
Mas onde é que se ouve hoje em dia falar disto na medicina moderna? Só as ditas "medicinas alternativas" é que ousam proclamar estas verdades tão evidentes, mas que são recusadas pelos "cegos" que nada mais vêem no corpo humano senão um mero mecanismo desprovido de vontade e inteligência, simples robot surgido aleatoriamente por um qualquer acaso!
Por fim, eis outro link para uma visão muito geral acerca da Mind-Body Medicine, que de certa forma se baseia mesmo nesses "pensamentos de perfeição".
Uma vez mais, é bom só falar daquilo que se conhece, ó Margarete! É claro que a ignorância não é um crime, mas infelizmente muitos preconceitos e ideias erradas sobre a saúde, veiculadas pela mais do que paternalista medicina convencional, têm consequências gravosas sobre a nossa existência individual.
Em suma: devemos ser plenamente responsáveis sobre a nossa vida em TODOS os seus aspectos, e em essência é mesmo essa a mensagem de "O Segredo". Não somos marionetas à mercê dos outros, mas podemos e devemos moldar o nosso próprio destino.
E isto é possível mesmo nas condições mais difíceis e trágicas, tal como Viktor Frankl descreve no seu testemunho poderosíssismo, "Man's Search for Meaning":
We who lived in concentration camps can remember the men who walked through the huts comforting others, giving away their last piece of bread. They may have been few in number, but they offer sufficient proof that everything can be taken from a man but one thing: the last of the human freedoms — to choose one's attitude in any given set of circumstances, to choose one's own way.
Mas claro que para aqueles que preferem ser eternos "coitadinhos" e culpabilizar os outros ou simplesmente acolherem-se à sombra protectora do Estado e outras instituições, escolhendo uma existência de escravos em vez de homens e mulheres livres, nada disto faz sentido... pois não! :)
Quanto às doenças psicossomáticas, a medicina chinesa, por exemplo, muito mais materialista do que se pensa, não acredita nelas.
Uáu! Isso sim, é mesmo uma grande novidade, Ana linda mocidade! ;)
Receio contudo que uma tal surpreendente afirmação se baseie num conhecimento da MTC (medicina tradicional chinesa) tão superficial como aquele que é aqui patente em relação ao "Segredo".
Quanto ao um mau funcionamento de um órgão material, devemos considerar que há doenças provocadas por lesões orgânicas e outras precisamente de ordem funcional. Em princípio, os distúrbios psicossomáticos produzem doenças funcionais que, contudo, podem progredir até distúrbios orgânicos, como a úlcera duodenal ou inflamações no tracto gastro-intestinal, por exemplo.
De resto, o corpo é um todo claro, daí que "psico" e "soma" sejam inseparáveis. Assim sendo, como bem disse a Ludovice, o contrário também deverá ser real, a constatação de mais saúde por se pensar sem stress, sem a confinação que o medo, o desgosto, a tristeza causam no próprio material celular.
No mínimo, esta é uma afirmação inteiramente lógica e até sustentada em várias observações que a medicina convencional já reconhece, vá lá! Depois, temos ainda o misterioso "efeito placebo", ainda não cabalmente explicado desde que pela 1ª vez foi descoberto, em 1920. E claro que as técnicas de saúde em "O Segredo" também se baseiam fortemente nele, óbvio!
Aqui, é de notar que a tal Mind-Body Medicine tem as suas raízes mais antigas na MTC e na medicina ayurvédica, as quais já salientavam a importância da mente no tratamento das doenças, tal como deve ser feito em qualquer abordagem holística da saúde.
E isto não tem nadinha a ver com dualismos corpo-espírito e afins, já que os órgãos são interdependentes e assim agem como um todo e se influenciam mutuamente. Deste modo, o bom ou mau funcionamento de qualquer um deles afecta todo o organismo, o que se aplica tanto ao cérebro-mente como ao fígado ou o coração, etc. Porém, aquilo que torna a mente tão especial é o facto dela própria integrar os nossos processos conscientes, o que já não acontece com os outros órgãos internos, claro. Ou seja, podemos actuar sobre a mente - tanto a consciente como a subconsciente - de uma forma muitíssimo mais directa e imediata do que sobre os rins ou o fígado, os quais aliás nos são "invisíveis" quando funcionam normalmente.
Por fim, "O Segredo" não está longe dessa polémica, mas repito que é necessário saber ler! Mera compreensão lógico-racional não é tudo, e sem sentir nunca se pode afirmar que se compreende, eis algo tão básico e que para tanta gente continua a ser ininteligível!
Quanto ao pensamento mágico puro e duro, isso até pode ser verdade se considerarmos que se trata de aceitar a capacidade da mente afectar o mundo físico. Ora aqui, no mínimo tal deve ser visto como verdadeiro relativamente ao corpo, como salientei atrás. De resto, eu diria que os outros desejos exteriores, como sucesso financeiro ou profissional e por aí, representam uma simples e natural extensão dessa capacidade de influência, obviamente mediada pelo corpo físico que é ele o nosso instrumento de intervenção no mundo material.
Em suma: se conseguirmos pôr de parte preconceitos e más vontades, podemos facilmente concluir que o tal "Segredo" não é assim tão esotérico e mágico como o querem fazer crer. Pelo menos, concordamos que é simples e se a simplicidade é a imagem de marca dos sábios ou dos santos... ai! está visto que não sou nem uma coisa nem outra! :)
Mas a Ana mui felina...
Rui leprechaun
(...é uma culta Menina! :))
Leopardo, escuta-me bem: podes ainda não te der dado conta da dimensão da calamidade, mas acabas de ser infectada por um "bug" que, ou é rapidamente esborrachado, ou, rapidamente, tens uma septicémia "new age" a invadir-te todas as caixas de comentários. O micro-organismo em causa tem - sei bem do que falo - um currículo veramente temível e inquietante. Dá-lhe com um "carpet bombing" de antibióticos (sim, a boa e velha medicina convencional!) antes que seja tarde. Como diz o Soares "quem te avisa..."
Há aí dois "rapidamente" numa sucessão demasiado "rápida"... queiram fazer o favor de substituir mentalmente o 2º por equivalente menos repetitivo.
É o que dá usar anti-vírus de má qualidade.
João, vou dar-lhe uma dose cavalar de antibiótico
Tenha pensamentos de perfeição. A doença não consegue existir num corpo que tem pensamentos harmoniosos.
Ainda a propósito desta correcta e corajosa afirmação, incompreensível para quem não vê a unidade fundamental na diversidade aparente, deixo aqui um link para uma notícia actual e que muito tem a ver com essa frase... para quem compreender a ligação!
Médicos tratam com êxito um doente com células clonadas
E ainda o meu comentário sobre esse real progresso, no fórum "Sombra":
Um tratamento natural NÃO tem igual !!!
Logo, aquilo que representa deveras um "crime" é a ocultação da capacidade de auto-regeneração do organismo ou o continuar a ignorar e desprezar o poder auto-curativo do organismo, base de TODA a medicina desde o início dos tempos e em todas as culturas, excepto nos últimos 2 séculos em que passámos a confiar muito mais nos agentes exteriores do que nos interiores.
Com fracos e duvidosos resultados, pelas estatísticas mascarados, como se viver 100 anos fosse tão incomum assim outrora, onde até os antigos patriarcas viviam quase mil... isso sim é bem baril !!! :)
Continuando na senda da saúde, diz o Gnomo da virtude que a natureza é solução amiúde!
Que o teu alimento seja o teu medicamento!
Assim sendo, com autoclonagem ou plantas vai-se o melanoma às tantas! :)
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