30/11/10
A queda em directo e ao vivo
Apesar do tom “telenovelesco” da maior parte dos documentos diplomáticos norte-americanos que têm chegado a público, cedidos pela Wikileaks, um assalto desta dimensão não é para brincadeiras.
Anda tudo a assobiar para o lado, com poucas excepções (uma foi Chávez que já veio dizer as coisas do costume), mas que os EUA se expuseram ao ridículo expuseram.
Podem os próprios — e os visados nos telegramas — fazer diplomaticamente de conta que continua tudo bem. No fundo, no fundo, estamos a assistir ao vivo e em directo à queda de um Império.
The times they are a-changin. Ou como bem disse o Tom Waits, "estamos no meio de uma revolução [só que desta vez] ninguém sabe de que lado vêm as pedras".
26/11/10
Diálogos ao final do dia
— Quinta.
— Já?!
— Já. Como tem estado a dormir o tempo passou mais depressa…
— Se calhar injectaram-me com pentatol…
— Pentatol?!
— Sim. O que usava o KGB e a CIA…
— Que disparate! Eles aqui já não usam disso.
— Tens a certeza?
— Quase que apostava. Mas quer que pergunte?
— E achas que eles iam dizer? (risos)
— Pentatol! Vai lembrar-se de cada coisa!
— Pentatol, sim senhor. O soro da verdade.
— E para que é que o Figueiredo ia querer saber os seus segredos?
— Também tens razão. E trouxeste algum pastelinho de nata? Dieta líquida, dieta líquida e fica para aqui um homem cheio de fome.
24/11/10
22/11/10
Keept it simples: da relatividade de Einstein ao valor do dinheiro
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Até uma determinada idade, os putos achavam absolutamente natural — e mesmo uma evidência sem necessidade de demonstração — que quando se anda mais depressa o tempo passa mais devagar.
A mesma clarividência parece desenhar-se a propósito de finanças.
Tentem explicar a um miúdo as guerras cambiais entre a China e os EUA com a Europa pelo meio. Façam-no recorrendo a exemplos domésticos e deixem os esoterismos de lado.
A resposta, verão, será invariavelmente a mesma: Tens falta de dinheiro? Bom, mas nesse porque é que o governo não fabrica mais notas e pronto?, dirá ele, borrifando-se completamente para as valorizações e desvalorizações da moeda.
Ou seja, as crianças não só percebem com facilidade Einstein como, ao que parece, também concordam com Occam: entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem. E tudo isto sem saberem nada de física, de latim, ou de finanças. Abençoadas!
21/11/10
Será que a malta ficou surda de tanto português técnico?
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19/11/10
"Tarjas e T-shirts" apreendidas na fronteira portuguesa: e o cão do Obama, pôde entrar?
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As "tarjas e T-shirts" ficaram apreendidas. Os finlandeses ficaram em Espanha.
A não ser que alguém me explique desde quando o direito de manifestação foi suspenso na Europa, e a não ser que alguém me explique como é que se produzem explosivos ou armas de arremesso a partir de tarjas e T-shirts, fico na minha: vão para o caralho, que agora até já se pode dizer!*
*João, custou mas lá saiu.Cavaco terá medo que o espião de Sócrates vá substituir Jorge Silva Carvalho na direcção do SIED mas os tipos do Câmara Coperativa não confirmam
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Augusto Santos Silva já veio afirmar que isso não afectará em nada a segurança dos participantes nem a imagem de Portugal lá fora, mas esta última certeza foi, entretanto, contrariada por vários telefonemas feitos a partir do estrangeiro, alguns dos quais chegaram a pôr em causa a virilidade do ministro.
Conhecido internacionalmente por “gostar de malhar”, houve quem não entendesse a sua paralisia face à decisão do chefe máximo dos espiões.
After all, ele gosta de malhar, garantiu simpaticamente um assessor de Obama de ascendência açoriana. Mas em quem?!, retorquiu céptico o treinador de Bo que passava nesse momento pela Sala Oval. O tamanho de Jorge Silva Carvalho teria contribuído para o retraimento do ministro, comentava-se em segredo pelos corredores do Eliseu com receio de melindrar Sarkozy. Na Alemanha, os serviços secretos aventavam a hipótese de "malhar" significar “fazer malha”. Esta suposição terá sido a que mais magoou Santos Silva que logo mandou dizer a Angela que, embora nada tivesse contra hobbies femininos, nunca na vida havia feito tricot.
Enquanto isto, no Palácio de Belém, Maria Cavaco Silva avisou o marido, logo ao pequeno-almoço, que se Rui Paulo Figueiredo fosse nomeado para o cargo deixado vago por Silva Carvalho, e ele não reagisse, levava com um processo de divórcio.
Aturei-o sempre coladinho a ti lá na Madeira, mas isso foi só para não dar o braço a torcer ao Alberto que passou o tempo a fazer piadas!, rematou a primeira-dama entre torradas, lágrimas e suspiros.
Tentámos obter a confirmação destas notícias junto da fonte sempre bem informada do Câmara Coperativa mas a pessoa que nos atendeu — recusando identificar-se e assegurando apenas que não era o Abrantes quem falava — jurou que não sabia de nada e que andavam agora demasiado ocupados a malhar na direita porque defender o Sócrates também já parecia mal.
O blogue mudou muito nas últimas semanas, foi a única declaração que lhe conseguimos arrancar.
18/11/10
Yo no creo en classes, pero que las hay, las hay
Em caso de necessidade, os hospitais civis de Lisboa estão preparados para a Cimeira da Nato.
O Santa Maria recebe presidentes, primeiros-ministros e ministros...
O São Francisco Xavier recebe outros participantes avulsos...
Agora adivinhem para onde mandam os manifestantes? Ora bem. Vão para o São José e vão com sorte!
Lido AQUI.
17/11/10
Vão desculpar-me a linguagem de caserna mas custa-me a crer que um clube de gajas nuas fomente a leitura de Faulkner ou sequer do Henry Miller
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O meu leitor preferido é Eliot: I read, much of the night, and go south in the winter.
Isto era tudo o que eu sabia sobre o assunto antes de ter tropeçado no Naked Girls Book Club, um clube semiprivadoe exclusivamente feminino em que a condição para se ser sócio é gostar de ler despido(a). E quem julgue que a coisa se fica pela leitura d’ O amante de Lady Chatterley ou similares mais apimentados, esclareço já que quando se clica no rectângulo à direita que diz “books reviews” vamos parar imediatamente a Faulkner e ainda por cima a Absalom, Absalom.
Impressionados? Eu fiquei, embora confesse que só me veja a ler Tolstói muito vestida, de preferência de xaile, lareira acesa e uma caixa de madeleines para acompanhar o cognac.
O que me leva da Karénina a Marilyn. Dizia Wilder: My aunt Minnie would always be punctual and never hold up production, but who would pay to see my aunt Minnie?
Citado o meu guru, se é verdade que as meninas do Book Club serão um pouco mais atraentes do que a tia Minnie do Wilder, I presume, ainda assim a Marilyn mete-as a todas num chinelo. Despida ou vestida. E se ela lia e mesmo que não lesse!
Citado o meu guru, se é verdade que as meninas do Book Club serão um pouco mais atraentes do que a tia Minnie do Wilder, I presume, ainda assim a Marilyn mete-as a todas num chinelo. Despida ou vestida. E se ela lia e mesmo que não lesse!
16/11/10
A minha tia raquel e os estados de alma do ministro
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Podia agora continuar a falar-vos da minha tia Raquel, mas como ela própria me diria "não maces as pessoas e vem para dentro".
Já o Amado é outro assunto. Disse o próprio, a propósito das suas declarações ao Expresso este fim-de-semana, que aquelas não passaram de "desabafos sobre estados de alma".
Confesso que não li a entrevista. Contaram-me que a dada altura Amado apelava a um governo de salvação nacional ou coisa parecida. Vou deixar de lado o que eu acho sobre isto não ter salvação possível que ninguém me perguntou. Mas "os estados de alma" ficaram-me atravessados.
Então aqui há uns tempos, após recusar-se a votar num pirómano de livros para director da Unesco, Carrilho não foi acusado precisamente do mesmo, acabando, aliás, et pour cause!, por ser corrido do cargo? (Com o hiato temporal diplomaticamente adequado...)
Ou seja, quer dizer, um simples diplomata não pode ter um achaque em privado mas já o ministro pode desabafar em público e não lhe acontece nada?! Nem sequer o convidam para o lugar do Sócrates?
[também publicado aqui]
A book a day keeps a doctor away: "Jan Karski", Yannick Haenel
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O livro de Yannick Haenel está dividido em três partes. A primeira retoma o filme/documentário de Claude Lanzmann sobre o extermínio dos judeus na Europa, Shoah, e as declarações nele feitas por Jan Karski. A segunda coteja Story of a Secret State, escrito pelo próprio Karski e editado em 1944 nos EUA. A terceira resulta tão-só da imaginação de Haenel e descreve-nos um homem envelhecido e deprimido, em luta com a memória.
A obra foi publicada em França o ano passado, ganhou o Interallié (prémio criado por um grupo de jornalistas — homens — que aguardavam entediados num restaurante o resultado do Femina) e viu-se enredada em acesa polémica. Em causa, grosso modo, os limites da ficção e as relações entre história e literatura.
Lanzmann, polemista à moda antiga, saiu a terreiro e acusou Haenel de plágio, de mediocridade literária e falta de perspectiva histórica. O escritor respondeu dizendo que o pretenso plágio era, na verdade, prova da sua admiração pelo trabalho do realizador, que este tinha uma visão “positivista” das relações entre ficção e história e que a investigação que levara a cabo alicerçava suficientemente o seu retrato do polaco. A discussão poderá parecer demasiado francesa mas levanta questões importantes.
Lido Jan Karski, três aspectos a registar. 1: a imagem de alguém obcecado pela “questão judaica”; 2: a imagem de uma Polónia abandonada por todos e injustamente acusada de anti-semitismo; 3: a ideia que os judeus podiam ter sido salvos, e só não o foram devido à total indiferença dos Aliados.
Esta última tese — porque de uma tese se trata — é o cimento com o qual Haenel constrói o livro.
Pondo por ora de lado a questão da qualidade literária, alguns senãos se levantam.
Se é um facto que Karski ficou para a história como o católico que, tendo observado ao vivo a “Solução Final”, tudo fez para a denunciar junto dos Aliados (dando literalmente voz ao apelo desesperado que lhe havia sido transmitido pelos judeus de Varsóvia), não é menos certo que ele é, acima de tudo, uma testemunha do colapso do seu próprio país, no qual as forças nazis arrasaram as elites e escravizaram brutalmente as populações.
Em segundo lugar, se, enquanto membro da resistência polaca, Karski só pode atestar a luta contra o ocupante naquele que era, então, território repartido entre a Alemanha e a URSS, não é menos verdade que o anti-semitismo polaco tem uma longa tradição, tendo-se mesmo registado vários pogroms a seguir ao final da guerra, de que o mais tristemente célebre foi o de Kielce, a 4 de Julho de 1946, durante o qual foram mortos cerca de 40 judeus.
E é sobre o último ponto — a salvação dos judeus — que a polémica mais se assanha. Lanzmann, como muitos, defende que, uma vez a guerra iniciada, tal se tornara impossível. Haenel advoga em sua defesa declarações do próprio Karski, em que este diz que os governos aliados haviam abandonado os judeus à sua sorte. Infere-se daí que os Aliados foram cúmplices?
O livro de Yannick Haenel quer-nos fazer crer que sim. Assim sendo, porém, torna-se incompreensível que o escritor venha içar a bandeira do “direito à ficção” em resposta aos críticos, já que o seu tema não é ficcional, é político. Nisto, aliás, reside a sua maior fragilidade, descontada a opção fácil da divisão em três partes.
Não é, pois, por abordar o tema do Holocausto (que seria tabu) de forma supostamente herética que Jan Karski falha (aliás, o Holocausto nunca foi tema tabu, apenas tema difícil: como pode a ficção falar do que a ultrapassa?). Falha porque ao querer encaixar a todo o custo a figura do resistente polaco na sua visão da “Solução Final” como fruto de uma cumplicidade tácita entre Hitler, Roosevelt e Churchill, Haenel cai na armadilha ideológica.
Não será por acaso, pois, que a primeira parte da obra, expurgada desse peso, e dando voz ao próprio Karski (via Lanzmann), seja a mais conseguida. Eis-nos, por momentos, face a um homem que suporta os seus abismos sem rede. A grande arte é disso que trata. O resto não é literatura.
Jan Karski, Yannick Haenel, Teorema, 2010, trad. de Carlos Correia Monteiro de Oliveira, 164 páginas
15/11/10
Parem lá de me lançar dardos [que eu gosto]
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13/11/10
Ser de esquerda é estar um homem nas urgências do hospital e lembrar-se que foi dali que fugiu o Henrique Galvão
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Ela: Não, estamos no Santa Maria. Já lhe tinha dito.
Ele: Pois, de repente não me lembrava. Santa Maria, dizes?
Ela: Sim, Santa Maria.
Ele: Foi daqui que fugiu o Henrique Galvão.
Ela: Daqui?
Ele: Sim, daqui. Estava preso quando fugiu…
Ela: Preso no Hospital?
Ele: Preso. O Salazar tinha-lhe um pó que se não tivesse fugido ainda hoje estaria dentro (risos).
Ela: Mas fugiu daqui?
Ele: Daqui, não. Do primeiro andar. Estamos no rés-do-chão, não estamos?
Ela: Sim, acho que sim.
Ele: O Galvão fugiu lá de cima. Enfiou uma bata branca e ala que se faz tarde. Saiu pela porta principal. Boa-tarde, senhor doutor, boa-tarde, senhor doutor. E o Galvão, boa-tarde, boa-tarde…
Ela: Estão a chamar pelo seu nome.
Ele: Vamos lá então… Eles aqui são rápidos.
12/11/10
Como sou uma mulher livre atiro dardos a quem bem me apetece
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A ordem seguinte é arbitrária e talvez mesmo discricionária (gosto destas frases que rimam à maneira do GRANDE Cabrera Infante que nunca foi Prémio Nobel).
Luís Januário : Porque me comove e possui a capacidade rara de tornar as ideias sensíveis
Luís Januário : Porque me comove e possui a capacidade rara de tornar as ideias sensíveis
Morgada de V : Porque pensa e escreve maravilhosamente e tem um humor de (me) fazer inveja
Menina Limão : Porque confessa coisas inconfessáveis sem ir ao confessionário
Bruno Vieira Amaral : Porque se farta de ler e ainda por cima bem
Coisa Ruim : Porque gosto mesmo do que a coisa ruim alinhava (quando se dispõe a isso)
Delito de Opinião : Porque são simpáticos, civilizados e para grunhos já basta assim
JM Correia Pinto : Porque quando o visito aprendo coisas (ou, pelo menos, eu acho)
João Gonçalves : Porque apesar das muitas divergências e do mau gosto de apoiar Cavaco Silva, aprecio pessoas com mau feitio não selectivo
Menina Limão : Porque confessa coisas inconfessáveis sem ir ao confessionário
Bruno Vieira Amaral : Porque se farta de ler e ainda por cima bem
Coisa Ruim : Porque gosto mesmo do que a coisa ruim alinhava (quando se dispõe a isso)
Delito de Opinião : Porque são simpáticos, civilizados e para grunhos já basta assim
JM Correia Pinto : Porque quando o visito aprendo coisas (ou, pelo menos, eu acho)
João Gonçalves : Porque apesar das muitas divergências e do mau gosto de apoiar Cavaco Silva, aprecio pessoas com mau feitio não selectivo
Imprensa Falsa : Porque estou farta das notícias oficiais
Jorge Fallorca : Porque sim e mais não digo…
Agora amanhem-se.
Jorge Fallorca : Porque sim e mais não digo…
Agora amanhem-se.
11/11/10
Lembro que os génios que proibiram a água-pé e as castanhas em papel de jornal são os mesmos que andam a pensar nos mecanismos de estabilização do €
10/11/10
Enquanto o FMI, já perto da fronteira da Galiza, tenta perceber o método português de pagamento das SCUTS, Teixeira dos Santos continua a fazer força
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Os jornalistas, também eles comovidos, desmobilizaram.
[também publicado aqui]
Quem devia ter chamado o FMI era eu
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Pois bem. Eu paguei muito mais do que isso. E passo a explicar.
Por motivos idiossincráticos que se prendem com uma péssima relação com a autoridade e com a arrumação de papéis, vi-me não há muito confrontada com uma dívida choruda ao fisco. Para resumir a coisa: eu teria a receber uma pipa de massa mas no fim quem pagou a conta? Quem? Adivinharam.
Perante o facto de me ser impossível continuar a viver cabelo ao vento sem documento, fui às Finanças tentar negociar com o Estado.
Eis o que me disse o Estado.
— A senhora tem várias hipóteses. A) Vai para casa, esquece que falou comigo e vai pagando como pode; B) Propõe um pagamento faseado; C) Pede um empréstimo bancário e paga tudo.
A primeira hipótese é simplesmente retórica. Porquê? Porque as Finanças lhe vão fazer a vida num inferno. Seja a sua dívida 20 cêntimos ou 10 mil euros, para o computador é igual. A partir do momento em que a classificou como devedora ao fisco, nunca mais a larga. E vai esmifrá-la em roda livre. Francamente, não lhe aconselho.
A segunda hipótese implica que nos traga algo para a troca. Uma casa, um carro, uma garantia bancária… Conversamos e chegamos a um valor mensal. Sinto-me obrigado a avisá-la, contudo, do seguinte: os juros são a 12%.
O que nos conduz à terceira hipótese. Vai ao banco, tenta o empréstimo e liquida tudo de uma vez. Os juros nunca serão tão altos.
E foi assim que o Estado negociou comigo. Com um acrescento. Como o funcionário era simpático, adiantou-me uma quarta hipótese off the record.
— Emigre, vá-se embora daqui e não pague nada!
Os mercados e blábláblá são uns bandidos, diz o Teixeira dos Santos? Pois. E ele é o quê? Um darling, queres ver?
[também publicado aqui]
09/11/10
A merda das elites e porque o homem sempre me provocou urticária o Sócrates como arquétipo dos políticos farinha amparo [e estou a ser delicada]
Vou dar um exemplo. Há umas semanas fui ouvir o Eduardo Lourenço. O senhor já passou a barreira dos 80 e era o melhor da sala. Humana e intelectualmente, nenhum dos presentes lhe chegava sequer aos calcanhares. Não acham assustador? Pois eu acho. E tanto mais assustador quanto o resultado deste vazio de ideias é a multiplicação de pinhos, linos e socretinos que nos rodeiam por todos os lados (à esquerda, à direita e ao centro).
Eu sou do tempo (e não sou assim tão antiga...) em que uma pessoa ouvia um político e, descontada a demagogia inerente à actividade, podia-se concordar ou discordar. Podia-se até ter vontade de o esganar. Hoje? Hoje perdeu-se o mínimo denominador comum. Como discutir com cavalgaduras que acreditam em painéis solares que funcionam com sol, céu nublado, chuva e até noite cerrada?!
O caso do Sócrates é, neste sentido, paradigmático. O homem não tem uma Ideia. Na realidade, nem sequer uma sombra de uma Ideia. Limita-se a adoptar a última novidade, trocando as casas de pato-bravo pelo kitsch envidraçado, os fatos da Maconde pela corte à House of Bijan.
O fitness é o que está a dar? Tirem-se muitas fotografias em calções para emoldurar nos jornais.
As alternativas é o que está a dar? Encha-se o país de moinhos de vento e o consumidor que pague a factura.
A informática é o que está a dar? Distribuam-se Magalhães e dividendos pela JP Sá Couto e o desenvolvimento do raciocínio das criancinhas que se dane.
A causa gay é o que está a dar? Entretenha-se o pagode com o casamento homossexual enquanto o Vara recebe robalos.
O digital é o que está a dar? Invente-se um Simplex e mantenham-se as moscas.
A China é o que está a dar? Lamba-se o cu aos chineses e que se lixe a hipoteca mais os direitos humanos.
Pragmático? Não, um imbecil robótico. E dada a velocidade da sua reprodução das ervas talvez o futuro lhe pertença. Em versão Xerox.
Fake por fake Que Viva Las Vegas!
08/11/10
07/11/10
A reabertura dos restaurantes chineses fechados pela ASAE na agenda de Hu Jintao
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Na ementa do banquete do Palácio da Ajuda constava, por cortesia, uma sopa tipicamente chinesa.
A dada altura, Cavaco Silva, que é muito esquisito com a comida, disse em voz baixa para a Maria que a sopa de ninho de andorinhas lhe sabia ligeiramente a merda.
Um chinês ouviu, não gostou, e estava já a dívida pública a ir pelo cano quando o aparecimento providencial de Luís Amado conseguiu apaziguar os ânimos.
Amado, após explicar ao presidente português, e esposa, que aquele era o sabor normal da sopa (bastando para isso pensar nos seus ingredientes e blábláblá...), prometeu interceder diplomaticamente junto da ASAE para que todos os restaurantes chineses fechados nos últimos anos voltassem a abrir as portas, incluindo os que, entretanto, se tinham convertido ao sushi take away que ficariam com direito de opção.
O incidente ficou por aí mas, já no final da noite, houve quem ouvisse Cavaco insistir com a Maria: Estou-te a dizer que a sopa sabia a merda...
06/11/10
Pedro Correia, lamento, mas a frase do ano é minha que a ouvi com estas que a terra há-de comer
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05/11/10
Foi preciso vir um homem de 74 anos que já devia ter direito a sopas e descanso para alguém no PS chamar o boi pelos nomes: Sócrates é um aldrabão
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Eu, que não sou militante do PS, não tenho 74 anos mas já tirava umas feriazinhas, subscrevo e aplaudo.
Cheira-me a esturro e é precisamente por causa das bombas
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Dito isto, serei a única a achar estranho que, das incontáveis bombas que têm sido descobertas nos últimos dias, nem uma só tenha explodido?
Assim por alto, parece que a Grécia já leva cerca de 15, a que se vieram somar depois as do Iémen.
Perante tanta eficácia antiterrorista, cá para mim das duas uma: ou os bombistas passaram todos a tirar o curso de bombistas ao domingo ou há qualquer coisa aqui parecida com a gripe A.
04/11/10
Amigos para sempre — ou o jardim da Celeste visto por Manuel António Pina
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Concordo com a redução dos salários dos funcionários públicos (até porque não sou funcionário público), com o fim ou diminuição das prestações sociais, sobretudo as que atingem os desempregados e os mais pobres (também não sou desempregado nem pobre), com o aumento do IVA, do IRS e do IRC (desde que isso não afecte os bancos nem a Mota Engil), com o fim das deduções fiscais, e com todas as mais medidas recessivas, pois isso agrada aos "mercados" e fará o milagre da multiplicação do capital e do investimento estrangeiro, já que o capital e o investimento estrangeiro gostam de pobres e mal pagos e nós ainda não somos suficientemente pobres nem suficientemente mal pagos.
E se os "mercados" estiverem a ouvir que saibam que, como quer a dra. Ferreira Leite, "somos todos amigos" de peito, desempregados, pobres, idosos com pensões congeladas, crianças sem leite e sem Abono de Família, o eng.º Sócrates, o dr. Teixeira dos Santos, a própria dra. Ferreira Leite e os 4 Cavaleiros do Apocalipse, os drs. & engºs. Salgado, Faria de Oliveira, Ferreira e Ulrich, e muitos mais, "tantos que nunca pensei que a morte tivesse levado tantos". Ouçam, "mercados", somos nós, de mãos dadas, a cantar: "Fui ao Jardim da Celeste, giroflé, flé, flá".
AQUI
03/11/10
Gente fina é outra coisa mas eu ainda assim prefiro a fórmula antiga: V. Ex.ª vai-me desculpar mas V.Ex.ª é um filho da puta
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Diz Luís Menezes, do PSD, referindo-se a coisas como a ANACOM, da Estradas de Portugal, a Administração da Região Hidrográfica do Norte ou a Associação de Turismo dos Açores: Estas instituições, muitas delas desconhecidas dos portugueses, e a maioria inúteis, estão enxameadas de boys socialistas, que as têm usado como um verdadeiro bar aberto de despesas supérfluas e desnecessárias.
Responde o Teixeira dos Santos, do PS, que não é ministro de se ficar: Falando em boys, o jantar da ANACOM foi, de facto, promovido por uma girl nomeada pelo primeiro-ministro Santana Lopes.
E tudo isto à hora do chá e com senhoras na sala.
02/11/10
Depois dos painéis solares faça chuva ou faça sol e mesmo à noite, Sócrates tira novo coelho da cartola: as mini-hídricas, senhores, as mini-hídricas!
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Para o ano, disse o engenheiro, com as mini-hídricas a funcionar gota a gota vai ser um vez que te avias. Nem a Alemanha nos agarra. Olaré.
[Sobre painéis solares que funcionam com sol, céu nublado, chuva e à noite ver AQUI. E desculpem-me insistir na coisa]
[Sobre painéis solares que funcionam com sol, céu nublado, chuva e à noite ver AQUI. E desculpem-me insistir na coisa]
Imagem retirada daqui.
01/11/10
Mais uma ideia saída da cabeça dos iluminados que nos governam: agora vão ensinar finanças às criancinhas
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E está uma pessoa a fazer um esforço hérculo para manter o que lhe resta da sua sanidade mental e leva com estas bestas por volta das 4 da tarde, mais coisa menos coisa, logo no dia dos mortos.
Isto continua assim e nem com comprimidos lá vai.
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