30/09/22

EU NÃO DISSE QUE ERA UMA SABOTAGEM CONFUSA?


 

FOI VOCÊ QUEM PEDIU UMA SABOTAGEM?

Parece que no caso da sabotagem dos gasodutos Nord Stream propagandear que foram os russos os autores das marteladas já podia parecer um exagero, sobretudo depois de nos terem vendido que os russos andavam a bombardear-se deliberadamente a si próprios na central nuclear de Zaporizhia. Assim, a linguagem sobre as razões do sucedido tornou-se subitamente mais cautelosa. 

De qualquer forma, sobre este episódio, assim como sobre quase tudo o que diz respeito às notícias que nos chegam da guerra, ocorre-me apenas aquela frase da divertidíssima sitcom americana Soap: «Confused? You won't be, after this week's episode..."

E semanas e semanas de guerra é o que não parece faltar.



MEDITAÇÃO DE SEXTA: «E LA NAVE VA»

«... In illo tempore algum homem barbudo e mal lavado se apercebeu de que as cabeleiras e o colo femininos lhe excitavam os sentidos (ou isso ou os cabelos longos das mulheres favoreciam a reprodução de piolhos). Entretanto, o mesmo homem, lidando a custo com o seu entusiasmo indecoroso e porventura pretendendo vingar Sansão do corte de cabelo ordenado traiçoeiramente por Dalila, entra em negação e mergulha estoicamente nos livros. Cogita. Lucubra. Teoriza. Alcança a luz do dogma como um budista o satori: às mulheres, e para seu bem e protecção, é devido que se cubram para não perturbarem os homens. Tudo isto, claro, antes de ter sido inventada a mini-saia, o shampoo quitoso ou da actriz Jean Seberg ter lançado a moda dos cabelos curtíssimos.

Séculos passados, alguém com obrigação de saber que já não vivemos nas cavernas e que o acasalamento humano requer uma sofisticação que não se esgota na mudança das estações apesar do que diz a letra do Let’s do it de Cole Porter – que, lá está, não é para ser interpretada à letra – reedita o preceito e impõe-no sob a forma de lei à totalidade das mulheres, incluindo as secularizadas. Os mais radicais – lembrando-nos que pior é sempre possível – ultrapassam a obrigação do uso do hijab: mulher é de niqab ou burka, ou seja, cobertas da cabeça aos pés, respectivamente com olhos e sem olhos à mostra. (...)»

29/09/22

SABOTAGEM ENERGÉTICA: LÁ TEREMOS DE NOVO OS RUSSOS A BOMBARDEAR-SE A SI PRÓPRIOS

Inicialmente, as fugas de gás detectadas nos gasodutos foram aplaudidas pelos que se opõem a Putin. Por exemplo, o eurodeputado Radoslaw Sikorsk, marido de Anne Applebaum e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, agradeceria no Twitter aos EUA por terem lixado a canalização russa.

Entretanto instalou-se a confusão e a Ucrânia afinal veio acusar o  Kremlin de ser o responsável pela sabotagem,  a União Europeia, sem responsabilizar directamente a Rússia, diz que irá avançar com uma resposta "robusta" e a  NATO diz que vai investigar.

Quanto aos riscos para o ambiente, há quem já tenha compilado umas coisas, mas nada de pânico

Claro que tudo isto seria bem simples se toda esta gente seguisse o conselho de Mark Twain: «Em caso de dúvida, diga a verdade».



CRISE ENERGÉTICA: NA ESLOVÁQUIA, A ECONOMIA EM RISCO DE COLAPSAR

A Alemanha em recessão. A extrema-direita em ascensão. Há quem não queira ver, mas rima e é verdade.

Entretanto, o primeiro-ministro da Eslováquia, Eduard Heger, afirma que ou o país recebe milhões de ajuda de Bruxelas ou a economia nacional entra em colapaso.

O que nos vale, a nós europeus, é a magnificência dos nossos dirigentes que ainda têm mais umas CEM sanções guardadas na manga

Se pensarmos nas sanções ao regime de apartheid sul-africano que se estenderam entre 1962 e 1991 ainda teremos guerra por mais uns aninhos. Entretanto, que o Senhor abençoe e guarde os nossos queridos líderes!




27/09/22

GUERRA NA UCRÂNIA: A PROPAGANDA COMO MAL ABSOLUTO

E foi depois de dar com o título de uma notícia que anunciava a fuga de Putin para um "palácio secreto" (o bunker de Hitler, topam...?) que descobri esta crónica que traduzo. 

E sobre a propaganda do lado putinista, lamento, lamento mesmo, mas não tenho matéria para fazer omoletes. A censura está instalada do lado de cá e para nosso bem, naturalmente, não fosse a gente correr a alistar-se no exército russo. 

«PODE AINDA DEBATER-SE A GUERRA NA UCRÂNIA?

Gérad Araud (Le Point, 18-9-2022)

«Desconfiemos dos especialistas de salão que povoam as TVs e impedem qualquer debate equilibrado sobre esta guerra. 

Quando dei por mim num estúdio de televisão para participar num debate sobre a guerra na Ucrânia,  senti imediatamente a armadilha em que havia caído. Todos os outros participantes eram “verdadeiros crentes” que vinham celebrar as recentes vitórias da Ucrânia não só sem lhes acrescentar qualquer contexto ou nuance, mas também impedindo que isso pudesse acontecer. Não me enganei. Não houve debate, pois todos estavam presentes com o objectivo de tudo fazerem para que a derrota da Rússia, doravante a seus olhos adquirida, fosse total. A Ucrânia devia recuperar todos os seus territórios, incluindo a Crimeia, e obter reparações do agressor, enquanto Putin enfrentava um novo julgamento em Nuremberg.

Que fique claro que eu ficaria muito satisfeito com esse resultado e que considero a vitória da Ucrânia do interesse do nosso país. Mas tenho a fraqueza de examinar a viabilidade e o custo de uma apólice quando esta me é oferecida e foi isso que tentei fazer. Qual seria o custo humano? É realista, por exemplo, ambicionar a recuperação da Crimeia anexada pela Rússia e que esta defenderá a todo custo, possivelmente recorrendo inclusive ao uso de armas nucleares? Talvez esteja errado, mas acho estas perguntas legítimas. O que eu fui dizer! Um respondeu que a Rússia tinha sequestrado trezentas mil crianças ucranianas e outro que a ocupação é pior do que a guerra.

Note-se que tais respostas não tinham nada a ver com a minha pergunta. Sentimentos opunham-se ao meu raciocínio. Olharam-me de lado. Não tive oportunidade de ser ouvido e calei-me. Nessa mesma noite, a minha conta no Twitter transbordava de insultos dirigidos ao pró-russo que eu era. Pró-Rússia por fazer perguntas sobre o custo de uma política; pró-Rússia por recusar o entusiasmo cego depois de um sucesso inegável, mas parcial.

A primeira vítima da guerra é sempre a verdade

Dito isto, que os genuínos pró-russos não tentem aproveitar-se de mim. A Rússia é de facto o agressor e seu exército está envolvido em atrocidades bem documentadas, independentemente do que Madame Royal pensa.

Não estou surpreendido com o que me aconteceu, que é apenas uma ilustração modesta da impossibilidade virtual de um debate equilibrado em tempos de guerra. “A primeira baixa da guerra é sempre a verdade”, terá dito Kipling. Uma verdade que, ao que parece, deixa de interessar a quem quer que seja quando as armas começam a falar. De facto, os beligerantes lançam-se sem pudor no exercício da propaganda e hoje é um eufemismo notar que os ucranianos, nesse aspecto, se mostraram melhores do que os russos.

Além disso, à nossa volta, na maioria das vezes escolhe-se um campo com base em convicções pré-existentes e não na análise ponderada do que acontece. Por exemplo, há bastantes pró-russos nos dois extremos do espectro político. Acrescente-se a isso o peso das emoções perante o sofrimento dos civis e temos criado um coktail de embriaguez, indignação e entusiasmo que silencia qualquer voz  tão-só levemente matizada.

Não houve, aliás, um especialista que twittou recentemente: “Pedir negociações foi o que fez Pétain; apelar a resistir foi o que fez de Gaulle”? Esta comparação absurda, que é a negação da ética do debate, visa tornar ilegítima a menor dúvida. Vemos mais uma vez o que a guerra nos traz: desumanização do adversário, maniqueísmo, credulidade e fanatismo; dispensa a razão, o questionamento e a dúvida. Porque escaparia ela agora ao seu destino?

Heroísmo de sofá

De nossa parte, nós que queremos entender o conflito antes de comentá-lo, que nos orgulhemos de fazer tudo para manter a cabeça fria. Nunca esqueçamos que nos enganam de ambos os lados, embora sem que, resultado dessa constatação, optemos por um cepticismo absoluto que seria tão pernicioso como a credulidade. Distingamos rigorosamente a análise dos factos da opinião que deles se pode deduzir. Admitamos que os "bons" ocasionalmente cometem erros, até crimes, e que os "maus" às vezes têm boas razões para a insatisfação.

Não esqueçamos que no final, se um ou outro lado está certo ou errado, infelizmente isso não é determinante, é o campo de batalha que decidirá; um campo de batalha onde nada está definido, onde ainda correrá muito sangue, onde a incerteza é a única certeza. Desconfiemos dos estrategas de salão que nos atacam com as suas sucessivas verdades sempre com a mesma segurança.

Mas o mais importante não reside aí: lembremo-nos sempre que esta guerra que não somos nós a travar significa a morte dos outros e a devastação da casa dos outros. Que este lembrete nos imponha um mínimo de decência e modéstia.
Demasiados especialistas das nossas TVs gostariam que a guerra decorresse até à morte do último ucraniano. Que a Ucrânia disponha de todas as armas para vencer, claro, mas que tal apoio não nos transforme em belicistas irrealistas, dispostos a todas as jogadas, seja qual for o preço para os ucranianos. Nunca percamos de vista o objectivo de restabelecer a paz, o que inevitavelmente supõe alguma forma de compromisso com o agressor.
“Bem-aventurados os pacificadores”, diz o Evangelho. Conte comigo: sempre me recusarei a ceder ao exercício fácil do “heroísmo do sofá” tão prepoderante hoje nos nossos ecrãs, mesmo que isso signifique ser insultado.»

26/09/22

O QUE RESTA DA ESQUERDA?

Ler as declarações sobre a responsabilidade da chamada direita tradicional no avanço galopante da extrema-direita torna-se doloroso.

Sem soluções alternativas, a esquerda agoniza há anos ligada ao balão de oxigénio dos chamados temas fracturantes e identitários que, na realidade, inventam mais problemas do que soluções.
Eu vivo numa aldeia mínima, isolada e envelhecida, com meia dúzia de pessoas. No concelho inteiro não se vendem jornais. Em caso de urgência, o hospital mais próximo fica quase a 100 quilómetros.
Entretanto, há casais de lésbicas a viverem juntas na mesma casa, umas nacionais, outras estrangeiras. Há homossexuais. Ninguém quer saber disso para nada. Como dizia a outra, desde que não o façam na rua nem assustem os cavalos.
Quanto ao racismo, confirmei aquilo que já sabia: os suspeitos do costume são os ciganos, embora passem meses e meses sem que se veja um cigano. Já ao marroquino que vem de Espanha e buzina quinzenalmente a vender roupa fazem-lhe uma festa.
Os poucos jovens querem-se pirar daqui. Não há empregos.
Os poucos empregos que existem dependem da Câmara, do Lar /Misericórdia, e dos Bombeiros. Não há transportes. É um marasmo. Um dos peixeiros desistiu de cá vir. O homem que vendia carne, avariou-se-lhe a carrinha e os poucos bifes que vendia não compensavam o custo do arranjo. Arrumou as botas e os enchidos.
Eu gosto do sossego disto porque estou a ficar velha e já viajei um bocado. Mas mais velha e certamente mais aburguesada do que eu está a esquerda.

23/09/22

CITANDO O VIAN: «S'il faut donner son sang /Allez donner le vôtre [...] Monsieur le Président»

«O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, admitiu esta sexta-feira que entre a população russa houve uma “reacção histérica” à declaração de mobilização parcial decretada pelo presidente Vladimir Putin. (...)»

Para o Dmitry o dizer, imaginem...

ELEIÇÕES EM ITÁLIA AMANHÃ: A INTELIGÊNCIA DA URSULA NÃO PÁRA DE ME SURPREENDER

Com a Europa a ficar de pantanas graças à guerra na Ucrânia e com a vitória da direita mais à direita praticamente garantida para amanhã em Itália (seguindo os resultados da Suécia...), a Ursula von der Leyen não lhe ocorreu nada mais sensato, quando perguntada sobre as «figuras próximas de Putin» que estão entre os candidatos italianos, do que, sorridente, proferir uma ameça: «Veremos o resultado da votação em Itália. Se as coisas forem numa direcção difícil, temos intrumentos, como foi o caso da Polónia e da Hungria».

Além de Matteo Salvini ter, claro, imediatamente aproveitado a deixa para conseguir mais uns votos de protesto contra os burocratas de Bruxelas, acusando Ursula de bulliyng e declarando que vai apresentar uma moção de censura contra a presidente da Comissão Europeia  «O que é isto, uma ameaça? Isto é de uma arrogância vergonhosa [ela] tem de respeitar a liberdade, a democracia e a soberania do voto do povo italiano»  confirmamos que na União Europeia o respeito pelas regras da União se impõe da forma mais democrática possível: corta-se nos fundos e fica o assunto resolvido. 

O método tem dado óptimos resultados com o grupo dos eurocépticos a crescer (esqueçamos o Brexit...) e pelo menos desde 2009, quando os irlandeses tiveram de repetir o referendo de rectificação do Tratado de Lisboa para a coisa dar maioria ao SIM, se ficou a perceber que isto se não for a bem, vai em nome do Bem. 




MULHERES IRANIANAS: QUANDO O DRESS CODE MATA

Enquanto na Europa, feministas entediadas defendem que usar o hijab é um direito que nos assiste — a nós mulheres , e frequentar piscinas públicas vestidas da cabeça aos pés com horários diferenciados uma questão cultural, no Irão as iranianas fartaram-se do dress code.

E fartaram-se corajosamente.


MEDITAÇÃO DE SEXTA: «LÁ VAMOS, CANTANDO E RINDO»

 « (...) Fogos. Seca. A seca e o excesso de chuva. Um terço do Paquistão debaixo de água, 33 milhões de pessoas afectadas pelas cheias. Sherry Rehman, a ministra paquistanesa para as Alterações Climáticas falou em “cenário apocalíptico”. António Guterres, entrevistado na qualidade de secretário-geral da ONU, garantia há cerca de uma semana que face à necessidade de “uma redução de emissões de 45% até 2030, a perspectiva é de um crescimento de 14%”. E rematava: “Caminhamos para o desastre”.

E eu a pensar que caminhávamos para a Crimeia.»

20/09/22

O BAILE DA EXTREMA-DIREITA: DEPOIS DA SUÉCIA, A ITÁLIA

Depois do Partido dos Democratas Suecos de extrema-direita ter recolhido o maior número de votos da família (mais de 20%), segue-se Itália com eleições antecipadas marcadas para o próximo Domingo, dia 25. 

As sondagens apontam para idêntica vitória à direita, com Giorgia Meloni (a Le Pen italiana?), ferozmente crítica das políticas de Bruxelas e opositora das sanções à Hungria, a apresentar-se como a favorita para ocupar o cargo de primeira-ministra. 

Com a extrema-direita a subir e a Alemanha a entrar em recessão económica, avisem a Ursula de que está tudo a correr lindamente na Europa. 


A ALEMANHA VAI ENTRAR EM RECESSÃO E JÁ ESTOU A VER UNS ILUMINADOS A BATER PALMAS E A DIZER QUE A CULPA É DA MERKEL

18/09/22

MAIS UMA VEZ ANTÓNIO GUTERRES A DIZER O ÓBVIO O QUE, NUM CLIMA DE HISTERIA BÉLICA, JÁ É DIZER IMENSO

A guerra está para durar: «Os russos e os ucranianos acreditam que podem ganhar. Não vejo qualquer possibilidade, a curto prazo, de uma negociação séria», afirmou o secretário-geral da ONU.

Em relação aos assassínios e aos sinais de tortura que as tropas ucranianas garantem ter descoberto em Izium, Guterres disse esperar que o Tribunal Penal Internacional possa conduzir investigações que apurem responsabilidades.

Uma solução para as exportações do sector alimentar continua no topo das preocupações da ONU: «Putin tem parcialmente razão».

As alterações climáticas e a guerra é outro dos temas: «No momento em que era preciso reduzir as emissões, as emissões continuam a aumentar. No momento em que era preciso livrarmo-nos dos combustíveis fósseis, assistimos ao renascimento dos combustíveis fósseis. Caminhamos para o desastre (...). Quando precisamos de uma redução de emissões de 45% até 2030, a perpectiva, face aos compromissos actuais, é de um crescimento de 14%». 


17/09/22

QUANDO A REALIDADE ULTRAPASSA A FICÇÃO OU UMA ESPÉCIE DE ORWELL EM VERSÂO FOFINHA QUE OS TEMPOS NÃO DÃO PARA MAIS

Um dia havia de notar-se.

Anos e anos a fomentar a infantilização dos espíritos — veja-se o argumentário vigente sobre a guerra na Ucrânia: há um país invadido e há um país invasor e acabou a conversa, versão sofisticada do conto infantil: Era uma vez um homem muito mau chamado Putin que sonhou que era Imperador. Ao acordar, sem ter nada para fazer, resolveu ir atacar o vizinho chamado Zelensky que era um homem muito bom que ainda estava a tomar o pequeno-almoço quando o homem muito mau chegou à beira da sua porta e desatou a soprar, a soprar, a soprar... tentando deitar-lhe a casa abaixo... — tinham que dar bons resultados.

Um deles merece destaque. Para estudar os fogos florestais em Portugal reunirá pela primeira vez no dia 21 de Setembro a Comissão das Lições Aprendidas que vai aplicar a metodologia da NATO para analisar os dados dos grandes incêndios. 

Comissão das Lições Aprendidas e NATO na mesma frase. Tive de ler duas vezes.

Resumindo: algures entre as "Lições do Tonecas" e aquelas palavras-de-ordem do tempo da Revolução Cultural Chinesa sempre muito floreadas, assistimos ao Grande Salto em Frente do mundo...

16/09/22

VAI UMA APOSTA QUE ESTA AVENTESMA VOLTA DA ARMÉNIA E RECOMEÇA A GUERRA?

«A presidente da Câmara dos representantes dos EUA, Nancy Pelosi, disse hoje que planeia efetuar uma visita no fim de semana à Arménia, onde se cumpre pelo segundo dia um cessar-fogo após os recentes e violentos combates com o vizinho Azerbaijão.(...)»

ACORDARAM AGORA PARA A VIDA?!

Estava a ler esta notícia sobre os países do G7 terem declarado: «Acabou a ingenuidade em relação à China» e lembrei-me de uma consulta médica a que acompanhei o meu pai doente, teria ele uns setenta e tantos, e em que a dada altura o médico lhe pergunta: «O Senhor fuma?» Dada a resposta afirmativa do meu pai, o clínico insistiu: «E desde que idade?» 

Não me lembro com exactidão da resposta. Onze? Treze anos? 

O médico, não se dando por satisfeito, insistiu: «Não estaria na altura de deixar o tabaco?». 

E o descansado meu pai, muito depressa: «Agora?!»

Sim. Isto anda tudo ligado. 


GUERRA NA UCRÂNIA: SE EU FOSSE A VOSSEMECÊS FAZIA FIGAS EM VEZ DE CANTAR VITÓRIA

Desde que o avanço dos ucranianos e o recuo das tropas russas foi anunciado e confirmado, anda muita gente a cantar vitória antes de tempo, ou seja, antes do Inverno.

As últimas notícias, por muitos festejadas, dão conta de que Putin andaria a levar porrada lá na terra dele, na consequência do desaire militar que já vi comparado, confirmando a pauta sempre hiperbólica dos hinos guerreiros, ao desembarque dos Aliados na Normandia (e escusado será lembrar, invertendo a ordem dos factores da frase de Clemenceau: a música militar está para a Música como a justiça militar está para a Justiça). 

Porque a ser verdade que Putin anda a levar porrada lá na terra dele, quem lhe andará a dar porrada são tipos muito piores do que ele. E como sempre digo — e podem acreditar em mim à confiança  pior é sempre possível. 

QUANDO NÃO SE PERCEBE QUE SÓ OS BRITÂNICOS PODEM SER RIDÍCULOS E ESCAPAR ILESOS, DÁ NISTO


 

MEDITAÇÃO DE SEXTA: «A MORTE SAIU À RUA»

«... Eram os loucos anos 80. Sobretudo nas cidades, a juventude, isenta agora de ir para África combater os turras e gritar Angola é Nossa, dava finalmente ares de modernidade (ou de pós-modernidade) — amortecido o apelo dos comícios e da Reforma Agrária — e recuperava o tempo perdido da geração anterior.

O clima era culturalmente festivo e as noites não lhe ficavam atrás (quase se poderia colá-las ao título da francesa Raphaele Billetdoux editado pela saudosa Cotovia: As Minhas Noites são mais Belas que os Vossos Dias). E para se entender melhor o abismo que separa o ambiente, o tom, a alegria dessa época da anterior, registe-se a data de publicação de dois dos nossos romances maiores: O Delfim de José Cardoso Pires, 1968; O que Diz Molero de Dinis Machado, 1977. (...)

Estreou então entre nós o filme A Cidade Branca. Era 1983, na capital, no Bairro Alto, ainda havia jornais e putas, e foi com dificuldade que convenci um amigo brasileiro a ir ao cinema ver a fita do suíço. O meu amigo não podia com helvéticos. Odiava chocolate suíço, relógios de cuco, a banca suíça, os Alpes suíços, o queijo Gruyère e, claro, todo e qualquer artista suíço (talvez pudesse apreciar Robert Walser, mas porque Walser era louco). (...)»

15/09/22

TEM QUE SE TIRAR O CHAPÉU À PROPAGANDA UCRANIANA!

Putin falou em "desnazificação" para justificar a invasão da Ucrânia. O pretexto era um pretexto, mas o facto é que o Batalhão Azov e as suas ramificações no interior do exército regular ucraniano era bem conhecido no Ocidente. Até a insuspeita BBC lhe dedicava reportagens.

O fascista Stepan Bandera e o seu estatuto de herói nacional para muitos ucranianos, também era difícil de varrer para debaixo do tapete.  

O facto é que já no cerco a Mariupol os Azov iam perdendo a pele de neo-nazis para se transformarem em heróis da resistência à invasão russa. Entretanto, Bandera conseguia passar de fascista a "figura complexa".

E eis que desaparecidos os Azov e todas as outras mílicias de extrema-direita ucranianas, emergem agora em todo o seu esplendor os Wagner, apresentados como o "exército privado de Putin" que anda a recrutar presos nas cadeias, coisa que, aliás, a Ucrânia também já tinha feito. 

É o que eu digo: a Propaganda é uma coisa formidável!

COVID 19: URSULA, A PFIZER E O SEGREDO DO NEGÓCIO

«Tribunal de Contas Europeu acusa Comissão de se recusar a divulgar pormenores de como foi negociado o maior contrato de vacinas da UE.

(...) a própria von der Leyen conduziu negociações preliminares para o contrato em Março e apresentou os resultados em Abril. Enquanto isso, uma reunião de conselheiros científicos prevista para discutir a estratégia de vacinas da UE para 2022 nunca aconteceu, escreve o tribunal. 

Ao contrário de outras negociações contratuais, a Comissão recusou-se a fornecer registos das discussões com a Pfizer, seja na forma de actas, nomes de especialistas consultados, termos acordados ou outras provas. "Pedimos à Comissão que nos fornecesse informações sobre as negociações preliminares para este acordo", escrevem os autores do relatório. "No entanto, nada nos foi disponibilizado."

(...) Não é a primeira vez que a presidente da Comissão tem problemas com mensagens de texto "desaparecidas". Enquanto foi ministra da Defesa alemã, um inquérito parlamentar sobre acordos bem pagos a consultores externos concluiu que um seu subordinado havia apagado acidentalmente mensagens de texto de telefone oficial dela, o mesmo tendo feito a própria von der Leyen. (...)»

14/09/22

A EUROPA CADA VEZ MAIS LIVRE E DEMOCRÁTICA OU A GINÁSTICA SUECA AGORA É OUTRA

A esquerda no poder foi derrotada na Suécia, com o Partido de extrema-direita dirigido por Jimmie Akesson a reunir o maior número de votos à Direita, mais de 20%. A actual primeira-ministra, que pediu a entrada do país na Nato, já pôs o lugar à disposição. 

Ainda este mês, dia 25, haverá eleições em Itália. A favorita para vir a ocupar o cargo de primeiro-ministro é Georgia Meloni que, acusada por muitos de representar a extrema-direita, vem insistindo em que não pertence a essa família política. 

Em resumo: isto depois do Inverno e dos ucranianos entrarem na Crimeia é que volta tudo ao lugar!

ARTURO PÉREZ REVERTE: UMA ENTREVISTA PARA TODOS OS ENTEDIADOS QUE DISPARAM MÍSSEIS DOS SOFÁS E ATÉ ACHAM QUE OS UCRANIANOS TRATAM MELHOR OS CÃES DO QUE OS RUSSOS AS PESSOAS

E reafirmo: não haverá nada mais repugnante do que os Vivas à Guerra! Talvez apenas o abuso sexual de crianças.
«... E eu vi a guerra civil. Cobri várias guerras civis como repórter e é sempre o mesmo. A condição humana vem à superfície no bom e no mau. Solidariedade, bondade, camaradagem, compaixão, bem como mesquinhez, maldade e crueldade. Assim, uma guerra civil é um lugar onde é muito difícil traçar linhas entre o bem e o mal, porque é tudo muito confuso. O problema em Espanha agora é que há pessoas que não conheceram a guerra, que não a viveram e estão a fazer um discurso absolutamente pernicioso sobre a Guerra Civil, como se houvesse realmente um lado bom onde não houvesse culpa e um lado mau onde não houvesse virtude. E isto é até perigoso. É por isso que este romance visa equilibrar as coisas. Ou seja, de ambos os lados houve heroísmo e crueldade, maldade e coisas admiráveis. Isso é porque os seres humanos são assim.

A PROPAGANDA E OS TEMPOS VERBAIS

Toneladas de propaganda diária. E, sejamos justos, com a proibição da propaganda inimiga, as toneladas sopram sobretudo do nosso lado, arriscando nós, como os velhos gauleses, a que ela nos caia na cabeça e lá se vão os miolos. 

Naturalmente, há sempre quem ache que quando chega do nosso lado não é Propaganda, é VERDADE. Escusado será dizer que em tal asserção assenta um dos alicerces mais firmes da Propaganda. 

Há no entanto uma maneira, não infalível, claro, de perceber que estamos perante um texto ou uma afirmação propagandistíca, já que a Propaganda, para ser eficaz e como há muito foi notado pelo poeta algarvio António Aleixo, «tem de trazer à mistura / qualquer coisa de verdade».

De forma evidente quando os textos recorrem à forma interrogativa, ou seja, insinuam (e insinuam-se): não afirmam. Mas também quando preferem conjugar os verbos no condicional ou no futuro, seja nos tempos simples, seja nos tempos compostos.

E como os tempos vão sobretudo confusos, é fazer atenção, como dizem os franceses!


LIZ TRUSS, A DECADÊNCIA E O CHAMADO ARTIGO DEMOLIDOR

«Today the ascent to Downing Street of Liz Truss, amid the near-collapse of the pound and prospect of an industrial and social Winter of Discontent, represents a historic moment. Britain is in grave danger of becoming not merely diminished, but worse: a laughingstock. »



12/09/22

A GUERRA E O PENSAMENTO ANALÓGICO

Correndo o risco de ser mal-interpretada who cares? venho reafirmar que a Propaganda é uma coisa formidável.
Já tínhamos tido o Putin igual a Hitler, o Zelensky igual a Churchill e os defensores de uma paz negociada colados a Chamberlain.
Agora temos os avanços das tropas ucranianas comparados ao Desembarque da Normandia. Just saying.

ALAIN TANNER: MORREU O REALIZADOR DE «JONAS...», O FILME, ENTRE TODOS, QUE MAIS BEM EXPLICOU O TEMPO SEGUNDO EINSTEIN


 

Na imagem, o ex-operário no desemprego interpretado por Rufus, o orgulhoso «Roi de la Merde»

MORREU O ESCRITOR E CRONISTA JAVIER MARÍAS E O MUNDO FICOU AINDA MAIS ESTÚPIDO

«P. ¿Qué le parece la deriva del conflicto de Ucrania?

R. Escribí hace poco un artículo sobre Putin en el que decía que, si se empeña, ganará la guerra. Incluso con el envío de ayuda y de medios a Ucrania por parte de los países occidentales, la disparidad de fuerzas es tan abismal… Es un tipo de individuo al que no veo con el rabo entre las piernas, y me cuesta mucho imaginar que pudiera ser derrotado militarmente. Mucho optimismo no se puede tener en estos momentos.


P. El panorama no es muy esperanzador.

R. Tener un frente abierto que dure mucho cerca de la frontera europea claro que desanima. Por no hablar de lo mucho que desanima ver los horrores y las barbaridades que se están cometiendo. Así es una guerra. El único motivo para cierto optimismo es la respuesta, creo que bastante inesperada, de unidad y de firmeza por parte de los países occidentales. Con ese tipo de sanciones, la economía rusa va a quedar hecha unos zorros: un país empobrecido, un país apestado durante bastante tiempo.


P. Además de un veto económico también existe un veto cultural.

R. Están haciendo locuras: hay sitios donde se dedican a tirar estatuas de Pushkin y se cancelan conferencias sobre Dostoievski. La época que nos ha tocado vivir, casi desde que empezó el siglo XXI, es muy exagerada en todo, se lleva todo al extremo. Ahora los rusos son horribles, luego Pushkin es asqueroso, cuando era un poeta mayúsculo. Hay un viejo dicho que dice “cuando se tiene la razón, pero se la exagera, se acaba perdiendo la razón”, y esto es lo que pasa continuamente. Ahora todo el mundo ha sido esclavista, y todo el mundo ha sido colonialista, y los países tienen que pedir perdón por cosas remotas que no tienen que ver con la época actual. (...)»


ENTREVISTA COMPLETA NO EL PAÍS

SUÉCIA: DE OLOF PALME A JIMMIE AKESSSON E AINDA DIZEM QUE HÁ EVOLUÇÃO

As eleições de Domingo na Suécia confirmaram a vitória do partido de extrema-direita denominado Democratas Suecos que ultrapassou os 20% dos votos registados, tornando-se o maior partido do bloco da direita no país.

Com os resultados praticamente empatados entre esquerda e direita, os resultados finais definitivos aguardam o apuramento total dos votos, nomeadamente a contagem dos boletins dos cidadãos suecos a residir no estrangeiro. 

Com 95% dos votos apurados, o bloco de direita conseguia somar 49,7%. pondo em causa a continuação no cargo da actual primeira-ministra Magdalena Andersson.

O enorme aumento da violência, lutas de gangues e as políticas de imigração foram os temas quentes da campanha. Curiosamente, a entrada na Nato da Suécia não pareceu interessar particularmente ninguém.

Entretanto, a 25 de Setembro há eleições em Itália e depois há-de chegar o Inverno. Sigamos gloriosos para a Crimeia! 

11/09/22

LIBERDADE? ESTAMOS A BRINCAR, MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES (ou como vos aprouver).

A transgressão era um espaço de liberdade. Um espaço de privacidade. Sendo que liberdade implica privacidade.

Chamam a isto evolução. Eu chamo a isto serem comidos pelo «faz-de-conta». Ou deixar ir o bebé com a água do banho. Como vos aprouver.

INDEPENDÊNCIA DO BRASIL: DO CORAÇÃO REAL EM FORMOL À «PUTA DA SILVA»

Uns fizeram bicha para ver o coração de D. Pedro conservado num frasco em conserva; outros terão corrido aos jardins da residência oficial do primeiro-ministro para assistir ao concerto de um «multiartista afrotravesti imigrante». 

E nunca me pareceu que a expressão "isto anda tudo ligado" tivesse tanta actualidade.



A GUERRA E AS ESTAÇÕES DO ANO

Ajustando as declarações e as previsões ao momento, o presidente da Ucrânia acaba de anunciar que o Inverno poderá significar o ponto de viragem da guerra a favor do seu país. Para isso são precisas mais armas.

«Acredito que este Inverno significará um ponto de viragem e poderá levar à rápida desocupação da Ucrânia. Vemos como eles [os ocupantes] estão a fugir em várias direcções. Se obtivermos mais armas, podemos obrigá-los a retirar mais depressa»

Em Junho, havia afirmado que «desejava acabar a guerra antes de 2023» acrescentando que só negociaria com a Rússia «numa posição de força».

No mês seguinte, Andrii Yermak, advogado e antigo produtor de TV e cinema nomeado por Zelensky chefe de gabinete da presidência em 2020, reafirmava ser «muito importante para nós não entrarmos no Inverno. Depois do Inverno, com os russos a terem mais tempo para se consolidarem, será definitivamente mais difícil».

Entretanto, indiferente às manobras dos homens, a Natureza mantém o seu calendário das estações. O Inverno começará a 21 de Dezembro, mas o Outono chega já a 23 deste mês. 



 

09/09/22

CRISE ENERGÉTICA: NÃO QUERENDO ABORRECER NINGUÉM COM ASSUNTOS SÉRIOS...

 E não, não é um título do Correio da Manhã...

You Have No Idea How Bad Europe’s Energy Crisis Is


MEDITAÇÃO DE SEXTA: «TEMPOS DESCONHECIDOS»

«... Não é apenas a ciência que se vem debruçando sobre esta realidade [o envelhecimento] que nos afecta a todos – sejamos nós pró-ucranianos, pró-russos, neutros (que também os há…), ou tão-só cidadãos da inabordável ilha Sentinela do Norte, cujos habitantes, presume-se, não são a favor de ninguém (em abono dos sentineleses se diga que é mais fácil amar um Povo do que o vizinho do lado).

Desde logo a lírica. E antes de prosseguir, sublinhe-se que esta não ocupa território incompatível com a ciência, pelo menos no que toca ao rigor da linguagem empregada, por vezes mais rigorosa até no campo do poetar. Um exemplo. Quando um cientista alude ao gato de Schrödinger, é impossível saber se fala de um gato vivo ou morto; já estes versos de Valter Hugo Mãe (“nenhum amor escapa impune”),

sobre o nelson que foi ver as coisas a
arder fotografando a própria
pele. queria falar-te da Isabel e de como
choramos juntos, muito maricas, quando
nos correm mal estes amores ou, pior, a
nossa amizade.”

logo nos deixam perceber que nelson e isabel não estavam mortos, pelo menos quando foram nomeados, embora nos possamos perguntar se não estaremos perante um homicídio da poesia. (...)»

ELEIÇÕES DOMINGO NA SUÉCIA: A EXTREMA-DIREITA ULTRAPASSA OS 20% DE INTENÇÕES DE VOTO

«One recent opinion poll showed support for SD is surging, with around 22 percent saying they would vote for the party, giving it the second largest backing after the ruling Social Democrats on 28 percent. POLITICO's Poll of Polls, which aggregates polling, has the SD on 20 percent and the Social Democrats on 29 percent.»

08/09/22

07/09/22

GENTE PARA QUEM DEIXEI DE TER PACIÊNCIA

Crianças-velhas que acham que a História caminha inexoravelmente na direcção do Bem e da Justiça (o advérbio inexoravelmente dá sempre bom aspecto);

Pessoas que depois de terem acreditado piamente nos valores que vinham da URSS viram a Luz, já a invasão da Hungria fazia tijolo há bué, e agora maçam toda a gente para provarem que não são estalinistas (recordo que o livro "O Zero e o Infinito" tem uns valentes aninhos);
Gente maniqueísta que acha que se está com Putin ou com Biden e o resto é o deserto na Terra;
Gente que agora idolatra os EUA mas que se visitasse um Estado americano fora de Nova York, mal se cruzasse com um tipo com um chapéu de cowboy na cabeça chamava-lhe trumpista e fugia a correr para o MET;
Gente desocupada que acha que vai salvar o mundo em frente a um computador dando notícias do Bem;
Patriotas e nacionalistas de todos os quadrantes que acham que um pedaço de terra — seja ele qual for — justifica que se phoda o resto tudo;
Gente que tem sempre a coragem na boca, mas que meteria o rabo entre as pernas à primeira que lhes tocasse a eles;
Gente com um QI argumentativo tão elevado que o único argumento que arranjam é: E se os espanhóis te invadissem a casa?;
Gente para quem ser nazi, fascista, negacionista é tudo relativo, desde que sejam dos nossos (o Bandera é "cool" como disse Zelensky), mas que se indignam sempre imenso com o Pacto Molotov–Ribbentrop;
Gente que tem sempre que arranjar uma causa ou/ e um herói para se entreter porque vive burguesmente entediado;
Gente burra convencida que quando acabar a guerra, ficaremos a viver num mundo melhor e mais democrático.
E etc. que já é gente para caramba.

AGORA A SÉRIO: OS EXTRATERRESTRES DEMORAM MUITO?

A nossa inefável querida Ursula teve mais uma ideia. Diz ela que a União Europeia deve promulgar regras obrigatórias que levem ao menor consumo de energia.

E o que propõe a senhora? Que o consumo de energia seja imperativamente diminuido entre as SEIS e as NOVE da manhã e entre as DEZANOVE e a MEIA-NOITE.
Como concluiu com lógica afiadíssima um amigo meu, «pode-se gastar energia quando não se estiver em casa».
Pessoalmente, só me lembrei daquela frase que alguém grafitou há anos numa parede junto ao aeroporto de Lisboa: «O Último a Sair que Apague a Luz!»

ZELENSKY APLAUDIDO NA BOLSA DE VALORES DE NOVA IORQUE: CONTRIBUIÇÃO VOLUNTÁRIA PARA O ESFORÇO DE GUERRA (II)

 


É pegar nos 125 euros do bónus oferecido por António Costa e investi-lo na Bolsa de Valores de Nova Iorque para ajudar o presidente Zelensky. O investimento na indústria de armamento parece ser de momento a melhor opção. 

CRISE ENERGÉTICA: A QUERIDA URSULA DEVIA TOMAR MEMOFANTE E IR APANHAR LENHA PARA ABRANTES!

Ainda mal tinha começado a guerra e já a União Europeia anunciava em MARÇO a sua decisão de reduzir as importações de gás russo em DOIS TERÇOS até ao final de 2022.

Em MAIO, por sinal o meu mês, subia a parada e informava o mundo  a Rússia, incluída, naturalmente — que até 2030 cortaria COMPLETAMENTE todos os laços comerciais do sector energético com o antigo país dos Sovietes. O que, aliás, era muito bom, porque íamos ficar bestialmente verdes: "A nossa ambição subiu de nível", diria na altura a querida Ursula. 

A 3 JUNHO, um pacote de sanções da UE à Rússia incluía um embargo parcial ao petróleo russo e estipulava a proibição de importação por via marítima a partir de 5 de DEZEMBRO. Já para 2023 seriam proibidas as importações de todos os produtos petrolíferos a partir de 5 de FEVEREIRO. 

A 29 de JULHO, Josep Borrell, um amigo da Ursula tão ou mais inteligente do que ela, face às críticas que indicavam que a Rússia continuava a ganhar muito dinheiro no sector energético, ao contrário das previsões que tinham estado por trás da política de sanções, afirma: «Mais importante do que isso [cortar o gás] é cortar os laços da economia russa com o resto do mundo». E indo ainda mais longe, acrescentou: Vladimir Putin «terá de escolher entre ter armas e manteiga para o povo». 

Faço aqui um parênteses para relembrar que o que não falta nos manicómios é gente que se julga o Napoleão (que por acaso chegou à Rússia e teve de voltar para trás). 

Relembremos agora que  ainda era FEVEREIRO, 19  e a Ursula jurava que não precisávamos do gás russo para nada, que ninguém ia passar frio no Inverno e a indústria europeia continuaria a bombar.

Etc. Etc. Etc. que não quero ser maçadora...

Entretanto, com a mesma convicção e o mesmo cabelo armado, a 1 de AGOSTO (antes ou depois de ir de férias para a praia, não posso precisar) a nossa timoneira veio dizer-nos que devemos estar preparados para o pior: «Como a Rússia já cortou total ou parcialmente o fornecimento de gás a 12 países membros [da UE], todos nos devemos preparar para a pior situação». 

Sinto-me baralhada. Então, mas não era o que a UE queria e anunciou ao mundo (a Rússia incluída, naturalmente)? Deixar de importar, totalmente de preferência, e parcialmente de certeza, energia russa?!

Entretanto, a última ideia brilhante destes crânios que nos apascentam (ideia que vem de trás mas tinha sido posta de lado na altura...) é impor um tecto ao preço do gás russo.

Putin já comentou: «A Federação Russa cumprirá integralmente os contratos, mas não fornecerá petróleo, gás ou carvão em seu próprio prejuízo. Quem quer impor algo à Rússia no sector da energia não tem condições de impor nada. O tecto de preços é uma decisão absolutamente estúpida.»

Mais turbina, mais turbina (o que como se sabe faz diferença), é deprimente ter de reconhecer que a inteligência não está do nosso lado. 


Ler Gente Inteligente e Sensata, Em Contraponto À Soldadesca De Quinta Categoria Que Pensa Que A Guerra É Um Filme Da Disney

«Peace Talks Essential as War Rages on in Ukraine

Six months ago, Russia invaded Ukraine. The United States, NATO and the European Union (EU) wrapped themselves in the Ukrainian flag, shelled out billions for arms shipments, and imposed draconian sanctions intended to severely punish Russia for its aggression.

Since then, the people of Ukraine have been paying a price for this war that few of their supporters in the West can possibly imagine. Wars do not follow scripts, and Russia, Ukraine, the United States, NATO and the European Union have all encountered unexpected setbacks.

Western sanctions have had mixed results, inflicting severe economic damage on Europe as well as on Russia, while the invasion and the West’s response to it have combined to trigger a food crisis across the Global South. As winter approaches, the prospect of another six months of war and sanctions threatens to plunge Europe into a serious energy crisis and poorer countries into famine. So it is in the interest of all involved to urgently reassess the possibilities of ending this protracted conflict.

For those who say negotiations are impossible, we have only to look at the talks that took place during the first month after the Russian invasion, when Russia and Ukraine tentatively agreed to a fifteen-point peace plan in talks mediated by Turkey. Details still had to be worked out, but the framework and the political will were there.

Russia was ready to withdraw from all of Ukraine, except for Crimea and the self-declared republics in Donbas. Ukraine was ready to renounce future membership in NATO and adopt a position of neutrality between Russia and NATO.

The agreed framework provided for political transitions in Crimea and Donbas that both sides would accept and recognize, based on self-determination for the people of those regions. The future security of Ukraine was to be guaranteed by a group of other countries, but Ukraine would not host foreign military bases on its territory.

On March 27, President Zelenskyy told a national TV audience, “Our goal is obvious—peace and the restoration of normal life in our native state as soon as possible.” He laid out his “red lines” for the negotiations on TV to reassure his people he would not concede too much, and he promised them a referendum on the neutrality agreement before it would take effect.

Such early success for a peace initiative was no surprise to conflict resolution specialists. The best chance for a negotiated peace settlement is generally during the first months of a war. Each month that a war rages on offers reduced chances for peace, as each side highlights the atrocities of the other, hostility becomes entrenched and positions harden.

The abandonment of that early peace initiative stands as one of the great tragedies of this conflict, and the full scale of that tragedy will only become clear over time as the war rages on and its dreadful consequences accumulate.

Ukrainian and Turkish sources have revealed that the U.K. and U.S. governments played decisive roles in torpedoing those early prospects for peace. During U.K. Prime Minister Boris Johnson’s “surprise visit” to Kyiv on April 9th, he reportedly told Prime Minister Zelenskyy that the U.K. was “in it for the long run,” that it would not be party to any agreement between Russia and Ukraine, and that the “collective West” saw a chance to “press” Russia and was determined to make the most of it. (...)»

Do Blog Naked Capitalism