E se, por um lado, estes reformados da guerra me recordam demasiado aquela expressão portuguesa do "agarrem-me senão... qualquer coisa", por outro, Santos Silva, ao anunciar publicamente o envio de espiões para o Afeganistão e Líbano, provou que não basta ser adepto do malhanço para saber brincar às guerras.
Quanto ao escritor Lobo Antunes, gosto muito. Sobre a coragem não-literária do próprio nada sei. Mas em verdade também vos digo: cá para mim, a coragem, como quase todas as qualidades humanas, depende. Pessoalmente, prefiro um escroque cobarde a um escroque corajoso. Sempre causará menos estragos.
[Sobre o livro onde vem impressa a frase que terá ateado a fogueira, Uma Longa Viagem com António Lobo Antunes, de João Céu e Silva, como escrevi na altura, não o achei grande espingarda]
12 comentários:
esse "depende" é muito bom.
Ana Margarida, a única coragem de que sou incondicional é a dos bombeiros e a dos marítimos salva-vidas
Pst, sabes o que eu acho? e prometes ficar só entre nós? Então lá vai: qual o título e para quando está previsto o próximo livro de ALB?
Lembras-te do «Caim»? Com ou sem aspas, lê como te aprouver
Olá Cristina
Obrigada por me avisares do comentário do JG. Diverti-me imenso com o Fallorca que te chama carinhosamente Leoparda. Quanto ao resto, sobre algumas certezas que manifestas com veemência pergunto: e se estiveres enganada? Quantas vezes as razões mais aparentes e as melhores intenções não acabaram nas maiores castástrofes.Convem não esquecer que o humanitarismo dos filósofos da França do séc. XVIII preparou o Terror. Quanto ao intragável do Lobo Antunes mereces não sei quantas medalhas por conseguires ler o que ele escreve. Sobre os militares, entre os que protestam estão pessoas que me merecem crédito como o Matos Gomes e outros. As coisas não são assim tão simples. E já agora não se perdia nada se partissem as trombas ao aspirante ao Nobel.Talvez aprendesse a ter tento na língua e a conter os seus impulsos exibicionistas.
Beijinhos Leoparda...
Ana - deixe lá essa proto-múmia em paz e leia a Agustina de 59. Nessa altura Lobos Antunes e Cª nem sequer imaginavam que iam ornamentar prateleiras de supermercados ao lado das margarinas e do óleo Fula para estrago destes elementos fundamentais ao desempenho da cozinha. Bjs.
Lourdinhas, não percebi bem a primeira parte do teu comentário. Ou seja, a que coisas te referias (acerca das quais poderei estar enganada e tal...). Quanto ao Lobo Antunes, como digo no post, gosto muito. Quanto a tento na língua e impulsos exibicionistas, não vejo o que têm que ver com o assunto. Além de que, quem quiser que atire a primeira pedra.
João, a Agustina escreveu uma obra-prima. Chama-se A Sibila. Não sei se era a isso que se referia, porque segundo andei a vasculhar, o livro é de 54. Quanto ao Lobo Antunes, e correndo o risco de parecer um disco riscado, gosto muito.
O Fallorca é que adora a Albertina ...
Ó meu caro Anónimo, Albertina era a minha prima, que Deus tenha em descanso e, pela parte que me toca, passei à «peluda» no inesquecível dia 21 de Outubro de 1973.
Esclarecido?
Caro Jorge Fallorca,
Era só uma provocação. Tenho ideia que há alguns anos li uma entrevista sua em que chamava à escritora (não à sua prima) de "bruxa do Norte" ou coisa parecida e não resisti...
Quanto ao esclarecimento, não percebi e desconfio que não era para perceber.
O anónimo chamado Nuno Gonçalves e que em 1973 tinha 3 anos
Caro anónimo, em toda a minha vida (61 anos) só dei duas entrevistas:
- uma em 77, ao Diogo Pires Aurélio, para o DN;
- outra em 2001, ao Expresso, com «errata» incluída em «A Cicatriz do Ar».
Como «acho piada» à leviandade (até documentação que me desminta) das coisas que afirmam eu ter dito, avive-me a memória e prove onde chamo «"bruxa do Norte" ou coisa parecida» à escritora Agustina.
Quanto ao esclarecimento e, felizmente para si que tinha 3 anos em 1973, «peluda» era/é o nome atribuído à chamada «passagem à disponibilidade»; voltar as costas aos quartéis e aos senhorios das casernas.
Acredite, felizmente para si, que não faz a menor ideia do que isso podia ser.
Fico a aguardar essas tais minhas declarações sobre a Agustina.
Caro Jorge Fallorca,
Se estou errado, peço já desculpa. A provocação era primária, mas se a afirmação não é verdadeira, então é total non-sense.
O que me lembro é de ter lido essa afirmação num artigo que saiu no Independente sobre a sua distinta pessoa. Pelos vistos, estou a confundir com outro artigo (ou então, a afirmação foi uma invenção/deturpação do redactor desse artigo).
Como ainda tenho uns dias de férias e acho que tem todo o direito a uma satisfação, vou passar na Hemeroteca para tentar descobrir esse artigo e, se o encontrar, dou-lhe conhecimento através do seu Blog (antes que a dona da Pastelaria me mande meditar para outras paragens).
Embora ignore a relação que tem com o tema Augustina, agradeço o seu esclarecimento quanto à "peluda". Felizmente, não vivi esse tempo e não fui à tropa.
Nuno Gonçalves
Caro Nuno, a dona da pastelaria nada tem contra as suas meditações. Medite aqui, medite no Cheiro dos livros... o que é preciso é meditar
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