Um antigo ministro da Cultura acha-se na obrigação de defender os comensais de um jantar na recente Bienal de São Paulo, em que os escritores convidados comeram na companhia de Marcelo Rebelo de Sousa. Para isso até cita Julien Gracq, autor de A Literatura no Estômago, um libelo a desancar precisamente em jantares e outras coisas do género. Ironias!
Não percebi completamente o raciocínio (a defesa dos talheres pode ser lida aqui), mas acho que é este: nenhum livro chegará aos seus leitores sem umas jantaradas com os representantes do Poder pelo meio.
Intelecção profunda, digna de emparceirar com Eco ou mesmo com Aristóteles, a que só acrescentaria isto: se a qualidade do jantar estiver estado ao nível da qualidade da maior parte daquilo que se publica — incluindo, claro está, a prosa xaroposa de Valter Hugo Mãe, o comensal autor do extraordinário mote levado por Portugal à Bienal «É Urgente Viver Encantado» (Deus nos ajude!) — temo que a coisa tenha dado diarreia. Verbal, deu com certeza.
4 comentários:
A Ana Cristina detesta o Valter Hugo Mãe, não é? Por quê? Motivos puramente literários, ou também pessoais?
Luís Lavoura, esclarecendo a sua curiosidade: nunca vi o moço mais gordo.
julien gracq
Merci!
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