21/11/11

Não me digam!

Mais meia hora de trabalho pode aumentar desemprego

Ah! Bom.

15 comentários:

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...

O objectivo é precisamente aumentar o desemprego. Quanto mais desemprego houver, mais forte é a posição negocial dos empregadores.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Ana,
A gente aqui na pastelaria já sabia disso. Ou, pelo menos, costuma andar por aqui um melga que não se cala com isso. :-)
O pior é se ele tem razão... :-(

José Luiz,
Tem provas de que é esse o objectivo ou tem apenas uma habilidade especial para adivinhar os pensamentos dos outros?

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...

Provas, tenho, mas não cabem aqui. Habilidade telepática, não tenho: apenas bom-senso e alguma capacidade interpretativa.

sem-se-ver disse...

a sérioooooo ninguém fez logo essas contas de cabeçaaaaaa, pois não?

Ana Cristina Leonardo disse...

José, mas se a malta fica toda desempregada não tem dinheiro, e se não dinheiro não compra nada nem aos alemães, nem aos chineses... nada, nadinha... o capitalismo é muito complicado!

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...

Ana, isso é o que dizem, e com toda a razão, os economistas keynesianos... mas ninguém lhes liga!

Ou, visto de outro prisma: é uma espécie de «tragedy of the commons». A cada empregador interessaria que os outros empregadores assegurassem empregos estáveis e bem pagos, mas a ele individualmente interessa fazer o contrário.

Manuel Vilarinho Pires disse...

José Luiz,
Se diz que tem provas, tenho de partir do pressuposto que domina a diferença entre provável (não é impossível que seja) e provado (é impossível que não seja) e acreditar que o governo pretende mesmo aumentar o desemprego.
Fico surpreendido.
Sempre pensei que era apenas uma paranóia de uma esquerda que, pela via da exposição das ideias e das propostas, não consegue chegar ao governo, e tenta chegar pela via de agitar papões imorais.
E que o governo autoriza o aumento do tempo de trabalho nas empresas por ter a esperança, que a mim me parece infundada, que isso permita melhorar a competitividade da nossa economia, inverter a recessão, e voltar a criar empregos.
Afinal, estava enganado...

Carlos disse...

«O objectivo é precisamente aumentar o desemprego. Quanto mais desemprego houver, mais forte é a posição negocial dos empregadores.»

«A cada empregador interessaria que os outros empregadores assegurassem empregos estáveis e bem pagos, mas a ele individualmente interessa fazer o contrário.»

José Luiz Sarmento, o que escreveu no primeiro comentário não é compatível com o que escreveu no segundo; se os outros empregadores assegurassem empregos estáveis e bem pagos, não haveria qualquer poder negocial por parte de um dado empregador.

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...

Carlos:
Não é contradição, mas alternativa. Entre um cenário menos que ideal mas possível, e outro que é ideal mas impossível, os empregadores, enquanto actores políticos, tendem a favorecer o primeiro.
Quanto aos governos... Talvez até acreditem nas suas próprias políticas, quem sabe? Mas não são eles quem manda.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Caro José Luiz,

Não sei se o facto de o governo não mandar está do lado do problema ou do lado da solução...
Os governos, quando mandam, nem sempre sabem estabelecer limites adequados à sua autoridade. Muitas vezes, acabam por mandar no que lemos, no que dizemos, e até no que vestimos ou despimos. À porrada, se necessário.
Por outro lado, se se alegar que se entregou o poder aos credores ou aos Merkozy, exagera-se e corre-se o risco de sugerir, perigosamente, que a democracia não é adequada ao exercício da soberania da vontade popular, que acaba por ser substituída pela vontade de sinistros "outros".
Quem contrai uma dívida, hipoteca sempre um bocado da sua liberdade própria até ter a dívida liquidada, porque tem de juntar dinheiro para a pagar.
A interferência actual de entidades externas na política nacional (na portuguesa, como na grega ou na italiana) não é maior do que o lembrete "não te esqueças do que me deves, andas a juntar o dinheiro para me pagar?" de qualquer credor a qualquer devedor.
E, se o facto de as substituições dos governos grego e italiano ter agradado aos Merkozy, for interpretado como tendo sido eles a promovâ-las, perde-se de vista que as sondagens actuais na Grécia dão ao Papademos taxas de aprovação "popular" esmagadoras, e nem vale a pena elaborar muito sobre a diferença de nível entre o Berlusconi e o Monti. E em Portugal a mudança foi por eleição livre, e os candidatos até disseram ao que vinham.

Quanto ao Keynesianismo, vou consolidando a impressão que está mais do lado do problema do que do da solução.
Porque antes resultou, podendo esse facto sugerir que resultaria de novo hoje em dia.
Só que, quando resultou, as economias eram essencialmente fechadas, e o dinheiro emitido pelos governos ficava a circular nas economias nacionais e a estimulá-las. Agora, as economias são totalmente abertas. Se o governo contrai dívida para encomendar uma obra, dá trabalho ao empreiteiro e aos trabalhadores enquanto ela dura, só que os trabalhadores vão gastar o dinheiro na loja do chinês e o empreiteiro compra um carro alemão. O dinheiro vai todo embora, e fica a dívida...

Carlos disse...

Se algo é impossível, não pode ser considerado uma alternativa -- nunca.

Ana Cristina Leonardo disse...

Fora de contexto e num rápido intervalo, carlos, "eu acredito sempre em duas coisas impossíveis antes do pequeno-almoço", disse a rainha

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...

Caro Manuel, as economias são mais abertas ou mais fechada conforme a vontade política - ou seja, em democracia, a vontade dos povos. Portugal é uma economia muito aberta. A UE, no seu todo, já o é muito menos, mas mesmo assim talvez mais aberta do que os cidadãos europeus desejariam. Se a solução keynesiana não funciona com economias abertas, talvez seja de encarar a hipótese de as fechar um pouco mais.
A alternativa, já que a economia planetária é necessariamente fechada, seria um governo mundial e uma moeda única mundial.

Carlos disse...

Ana Cristina, a Rainha vive no País das Maravilhas; vivesse ela neste, e certamente não diria tal coisa!

(e são seis, penso eu)

Manuel Vilarinho Pires disse...

Caro José Luiz,
Economia fechada faz-me lembrar condomínio fechado (ou mesmo jardim zoológico onde não se tem bem a noção de se se é habitante, se visitante). Não faz o meu género.
Por outro lado, a última vez que me lembro de ter vivido numa economia fechada foi num país miserável, só ultrapassado em pobreza, na Europa, pelos países comunistas. Não tenho saudades.
Se quer que lhe explique num ponto de vista de esquerda, posso tentar.
Num economia fechada, a oferta não está sujeita à concorrência dos produtos estrangeiros. O que tem duas consequências: as empresas nacionais têm poder de mercado; e os preços de equilíbrio são mais altos. Daí deriva que, as empresas conseguem ter lucros mais altos e o poder de compra da população é mais baixo. As desigualdades socias ampliam-se.
Mas também posso tentar explicar numa perspectiva humanista básica.
A globalização, que nos ameaça os níveis de bem estar que tínhamos esperança que pudessem ser sustentáveis ou, nas palavras de outros, eram conquistas irreversíveis (falta dizer como...), e que só se deve à ganância das empresas multinacionais que produzem aonde é mais barato, pode ser o acontecimento que tirou mais pessoas da fome da história da humanidade.
Tudo junto, a minha preferência política vai para manter a economia aberta. Acho que as saudades do Keynesianismo, só por si, não valem todo o mal que o fecho das economias provoca all over...