21/07/11

What a Dick!

Eduardo Pitta não pára de me surpreender. Após Cormac McCarthy, o versátil crítico comenta agora Por Este Mundo Acima, de Patrícia Reis, na revista Sábado.
Eduardo Pitta diz que Patrícia Reis “em poucos anos, marcou o território da voz própria”. Acrescenta que a “geografia dos afectos sobrepõe-se à desolação”, que o livro é um “corajoso exercício de mnemónica” e que “as personagens discreteiam com naturalidade sobre os mais diversos temas”.
Ficamos também a saber que há uma personagem chamada Pedro e que “o passado cabe inteiro num quarteirão em ruínas”.
Pitta exemplifica a “dimensão de destruição, terrífica, monumental, inesperada […] para mim como uma moldura do Mal onde Pedro se desloca, estrangeiro” (in Por Este Mundo Acima), citando outra passagem do romance que é assim: “A livraria municipal, a pastelaria da moda, o Galeto que fechava às duas e servia refeições a toda a hora.”
Apresenta-nos depois Sofia, “mulher-bunker” (Pitta) que não terá tido tempo de ser menina. Segundo o crítico, “entre os 7 e os 11 anos, o pai, veterano de guerra, não deixou. Cala os abusos e advém mulher”.
A seguir a Sofia advém um rapaz, Eduardo, cujo "altruísmo faz dele um homem"(Pitta), o qual, a dado momento, “parte outra bolacha em quatro, desajeitado, e oferece-me dois pedaços.” (in Por Este Mundo Acima)
Na "moldura do Mal" de Patrícia Reis há (Pitta dixit) uma “estação do metropolitano que sobra intacta para instalar um centro de dia.”; “No Inverno é um bom sítio para estar; para evitar o contacto com a chuva” (in Por Este Mundo Acima).
Mas onde a crítica de Pitta nos alucina mesmo é neste parágrafo: “Não sei se Patrícia Reis é ou foi leitora omnívora de Philip K. Dick, mas alguma coisa do seu (dele) universo fantasmático passou para este romance de uma Lisboa pós-hecatombe. A tradição oral sobrevive num punhado de versos de Ary dos Santos: “Agarro a madrugada/como se fosse uma criança,/uma roseira entrelaçada,/uma videira de esperança.”
Cormac McCarthy; Patrícia Reis; Philip K. Dick; Ary dos Santos. Insondáveis são os caminhos de Pitta!

21 comentários:

Tony Sill-va disse...

nao havia necessidade, o critico , é um bom critico, zzzzzzzzzzz

António Mira disse...

A mim o que me espanta é que, malhando no Pitta, escreva textos que, tal como os dele, não são crítica, mas meros resumos de guião. Devia ter-se contido, não devia ter escrito este post. Os coelhos matam-se com uma pancada seca.

-pirata-vermelho- disse...

Desculpe...
o sr disse que as personagens quê?!

-pirata-vermelho- disse...

(Por uma questão de cortesia para quem aqui publica voltei atrás na intenção e li tudo; afinal o textoé seu...)
Desculpe
mas
insondáveis são os caminhos de quem o publica.

Ana Cristina Leonardo disse...

António Mira, a mim o que me espanta é que não tenha percebido que este texto não era uma crítica - era um resumo.
E devia ter-me contido porquê? O Philip K. Dick é menos do que o Cormac McCarthy?


-pirata-vermelho, a mim nunca me verá de certeza a discretear consigo

Filipa Soraia disse...

Ana Cristina Leonardo, estou preocupado. Fui eu que provoquei este post com as minhas provocações ali em baixo? Os resultados no google para Ana Cristina Leonardo Pitta estão a aumentar exponencialmente. Já está a bater kim kardashian paris hilton.

Ana Cristina Leonardo disse...

estou preocupado. Fui eu que provoquei este post com as minhas provocações ali em baixo?

Provocações?! Não, Filipa Soraia. Durma descansado.

σκατά disse...

What a Dick ? em português é "cum caralho". És fina filha.

Ana Cristina Leonardo disse...

σκατά
noto que é uma dick(head)finíssima mas o que não é de certeza é minha mãe

João Lisboa disse...

"estou preocupado"

A Filipa Soraia, afinal, é hermafrodita?

Filipa Soraia disse...

Eu não, sou só transformista. A cabra da skatá é que é hermafrodita (coitada, tem a ponta atrofiada, diz a Ana Crstina), e a suelly é transgender.

João Lisboa disse...

Complexidade de género a mais. Não tarda nada, começo a precisar de um dicionário.

MCS disse...

Coitados dos escritores, principalmente portugueses, que recebem uma recensão do Pitta. São logo marcados com ferro em brasa. Livro falado por ele é livro morto, ficamos logo a saber a quem se dirige, isto é, ao "público" do Pitta.

Um Jeito Manso disse...

Cara Ana Cristina Leonardo,

Não consegui deixar de escrever no meu blogue sobre os seus textos relativos a Eduardo Pitta. O que escreveu, a forma como o fez, incomodou-me.

Não leve a mal a minha opinião:

http://umjeitomanso.blogspot.com/2011/07/ana-cristina-leonardo-e-eduardo-pitta.html

Boa escrita mas, se me permite a sugestão, vá com mais calma.

Cumprimentos,

JM

Anónimo disse...

Então a menina pinta a manta com os textos do Pitta e depois publica no Espesso uma redaçãozinha indigente sobre o McCarthy!? Pode limpar as mãos à parede...
Juvenal Lopes

Ana Cristina Leonardo disse...

Um Jeito Manso, respondi-lhe no seu tasco (se não leva a mal a expressão)

Juvenal Lopes, agora estragou-me o fim-de-semana

João Lisboa disse...

Já te disse tantas vezes, Leopardo: não podes ser assim "tumultuada na expressão das tuas opiniões"...

:-)

Ana Cristina Leonardo disse...

João, tu conheces-me do tempo das socas. Estou muito melhor
-:)

Anónimo disse...

Tentar perceber: o Pitta é execrado porque escreve sobre McCarthy e Patrícia Reis. Classifica o 1º livro com 95% e o 2º com 75%. Vc, ACL, escreve sobre o McCarthy e o João Gonçalves. A merda é a mesma. Ambos escrevem sobre quem os mandam escrever. Ele, por acaso, escreve melhor. A sua resenha do McCarthy é fraquita (mesmo tendo o dobro do tamanho da do Pitta). Raio de comparações em que você se meteu. Como diz o outro, vá-se catar.

Ana Cristina Leonardo disse...

Anónimo, vejo que percebeu tudo. Absolutamente.
Não sabendo quem é o outro, tudo de bom para si também.

Belzebu Taborda disse...

hermafroditta.