08/07/11

Pobrezinhos mas honestos versão ou há moralidade ou comem todos

Uma onda de indignação varre o país. Unânime. Patriótica. Viril.
Ricardo Salgado, do enigmático BES, optou pela metáfora e desenhou um cenário de batalha naval com Portugal a levar um "tiro certeiro". António Sousa, da Associação Portuguesa de Bancos, diz que não percebe. Faria de Oliveira, da Caixa Geral de Depósitos considerou-se insultado e clama por moralidade.
Cavaco Silva, que até há bem pouco achava que os mercados, coisa tão ou mais enigmática do que o BES, tinham sempre razão, apela agora à Europa para os pôr no sítio. Durão Barroso, que emigrou para Bruxelas, entre outras coisas por não os ter no sítio, confessou em público o seu pesar: “Estou muito desiludido".
Mira Amaral, ex-ministro da Indústria (ainda haverá indústria?), num momento de radicalidade inaudita, falou em “terrorismo”. Alberto João Jardim foi mais longe e mais claro: na Madeira, os gajos e as gajas da Moody’s não entram mais. Que vão comer favas acaralhadas para a terra deles.
Mal se soube do murro no estômago que acertou Passos Coelho, o Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público enviou uma carta aos credores criticando a decisão da Moody’s e garantindo que Portugal vai “cumprir todas as suas obrigações internacionais”.
Os portugueses anónimos, por seu turno, criaram páginas no Facebook e desataram a mandar pelo correio sacos do lixo para a Moody's.
Em resumo, a pátria grita em uníssono: “contra as agências de rating, marchar, marchar!”
É comovente e há já quem diga que os gregos têm os olhos postos em nós.

2 comentários:

Anónimo disse...

Loucos, anda tudo louco. Pergunto-me se sera da silly season se sera alguma coisa que andam a meter na agua. Felizmente ainda ha vozes lucidas. Como a sua.

F disse...

http://economia.publico.pt/Noticia/camara-do-porto-nao-renovou-contrato-com-agencia-de-rating_1501893