Há falta de dinheiro? Aumentem-se os impostos! A fórmula é simples, oferece séculos de garantia e apresenta uma única falha: não tem aplicação doméstica.
O Estado português acaba de a pôr novamente em prática criando um imposto extraordinário, tanto mais extraordinário quanto o actual primeiro-ministro havia há bem pouco considerado um “disparate” cortar o que quer que fosse nos subsídios. Será, afinal, no natalício e aplica-se a cristãos, agnósticos, ateus e prosélitos de quaisquer credos. É universal. Tão universal que se estende também... a quem não recebe subsídio, ou seja, aos chamados freelancer.
Segundo a Wikipédia, a primeira vez que a palavra freelancer apareceu cunhada foi em 1918 no Ivanhoe de Walter Scott, referindo-se o escritor a cavaleiros mercenários que lutavam por quem lhes pagasse mais. Pessoalmente, contudo, prefiro a definição avançada já no século XX pelo irlandês Brendan Behan: “The freelance writer is a man who is paid per piece or per word or perhaps”.
Em Portugal, este ano, seja o freelancer pago à peça, à palavra ou talvez, uma coisa é certa: leva com o novo imposto e deixemo-nos de minudências.
Dito isto, alguém podia também perguntar ao governo onde foi ele buscar a taxa de 50%. Isto porque, naturalmente, 50% de um subsídio de 600 euros não é o mesmo que 50% de um subsídio de 6 mil. A quem iria receber um subsídio de 6 mil euros, bastar-lhe-á, talvez, seguir os conselhos avançados por José António Saraiva na edição do semanário SOL de 20 de Junho passado.
I quote: trocar o Mercedes E pelo Mercedes C ou o Audi 6 pelo Audi 4, o champanhe Moët & Chandon pelo patriótico Raposeira, o fato Armani por um Dielmar, cortar nas idas ao esteticista e cabeleireiro, preferir detergentes marca branca, evitar os terríveis tempos mortos nos aeroportos mais o risco da perda de bagagens e fazer férias cá dentro, ou, fazendo-as lá fora, optar pela classe turística em vez de insistir na 1ª ou mesmo na Executiva.
Entretanto, o resto da malta faz o quê? Poupa nos jornais e deixa de comprar o SOL?
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