12/03/11

Para quê o FMI quando temos o socialista José Sócrates?

Mais austeridade, sempre em nome dos mercados, e — esta é relativamente nova — também da dignidade e do prestígio do país.
Se não fosse o adiantado da hora eu dizia-te onde podias meter a "dignidade" e o "prestígio"...
[Entretanto, o Pedro Correia explica bem o novo pacote]

14 comentários:

Manuel Vilarinho Pires disse...

É fácil responder à sua pergunta.
O FMI empresta dinheiro a juros mais baixos que os mercados, não por caridade (ou por solidariedade), mas porque consegue negociar com o devedor medidas para baixar o seu risco de insolvência e, em Finanças, risco mais baixo significa taxa de juro mais baixa.
O Sócrates apenas quer garantir a sua continuidade como PM. Como o dinheiro se vai acabando e a República tem de continuar a pedir emprestado para sobreviver, para ele basta tomar medidas que vão convencendo os prestamistas a ir emprestando mais, quer invertam o risco de insolvência, quer não.
A nós, interessa-nos, por um lado, não cair em ruptura financeira (se acabasse o dinheiro, o Estado deixaria de pagar os ordenados, as pensões e os fornecedores, seria uma catástrofe) e, por outro, recuperar a solvabilidade que nos permitirá, depois, ficarmos livres da dependência do dinheiro emprestado, dos mercados e do FMI.
Quando digo "a nós" quero dizer aos portugueses, eu pessoalmente revejo-me no parágrafo anterior, e especulo que a Ana também se revirá, mesmo assumindo que as nossas opções políticas sejam bastante diversas.
E é também o objectivo do FMI (também há quem conte a história do lobo mau que nos quer tirar os direitos de Abril para cá implantar o capitalismo selvagem, mas eu não acredito em fábulas, nem de pombas, nem de lobos).
Posto isto, à ida à faca já não temos possibilidade de escapar. A escolha que temos é entre sermos operados pelo cirurgião que nos quer ver curados, ou pelo curioso que vai abrindo buracos com a faca sem um plano para os voltar a tapar, só para manter o emprego.
Por mim, FMI, e tão rapidamente quanto possível, antes que o cancro alastre irreparavelmente e nos vejamos esquartejados pelas facadas desajeitadas e inconsequentes do curioso.

Ana Cristina Leonardo disse...

manuel, dito assim, parece simples, mas dizem que as intervenções cirúrgicas na grécia e na irlanda não correram lá muito bem...
acho que estamos mais naquela fase de morrer da doença ou de morrer da cura - mas eu não percebo nada de finanças

luis reis disse...

Mas o sr Manuel sabe ,ou talvez não se for novinho, o que foi o FMI.Sabe de certeza.Não? Que bom foi receber o ordenado, ao dia 12 ou 15 de cada mês.Pedir emprestado para pagar a puta da renda de casa.Claro,depois veio a CEE,e, toma lá Cavaco, destroi o caminho de ferro,abate os barcos e paga para não semeares....ui, já me esquecia,os "JIPES",suspeito que na altura, era o novo(como eu gosto da palavra),"paradigma" de desenvolvimento! Fico pois a aguardar, por esse famoso "cirurgiâo" que me vai curar.

Anónimo disse...

Ora aí está uma pergunta que diz tudo. A tua.

Pedro Correia

Manuel Vilarinho Pires disse...

Ana, percebe de finanças tudo o que é preciso para saber olhar para a questão.
Se alguém lhe disser "a menina não percebe nada disto", quer seja um neo-liberal, quer seja um "economista assustado", é porque a quer enganar e lhe está a sugerir que desligue o seu bom senso para não lhe dizer "o rei vai nu" quando lhe arrebentar a ele o dique das asneiras.
O problema destes países é que se tornaram dependentes de empréstimos, e só terão capacidade de negociar em posição equilibrada com os prestamistas quando não necessitarem de dinheiro emprestado. Ou seja, quando tiverem excedentes orçamentais para poder abater as suas dívidas. Até conseguirem obter excedentes orçamentais, a dependência não desaparece, nem com FMI, nem com UE, nem com negócios da China (ou de Angola, do Brasil ou de Timor).
O FMI não tem garantia de sucesso, mas é isso que procura conseguir nos países a quem empresta dinheiro. A austeridade para "acalmar os mercados" é uma vigarice, porque não existe "acalmar os mercados", eles não acalmam. Têm dinheiro para emprestar, emprestam-no a quem tem capacidade de pagar os empréstimos, e pelam-se por emprestar a quem não precisa de dinheiro.
As intervenções cirúrgicas não têm garantia de sucesso quando a doença é grave. Mas as facadas na barriga por aprendizes de feiticeiro têm garantia de insucesso.

joshua disse...

Bem mandada. O pior é que a opção é ao gosto do sujeito.

Anónimo disse...

Escusas de dize rque ele até gosta!

Manuel Vilarinho Pires disse...

Sr. Luís, é melhor ser alegre que ser triste, é melhor ser rico que pobre, e é melhor ser saudável que doente.
Num hospital só se vê gente doente, e parte dela a caminho do cemitério. Isso significa que é mau estar no hospital? Visto de fora, por quem está bem de saúde, certamente que sim. Visto por quem está no hospital a sofrer da doença, é melhor estar no hospital do que morrer sem tratamento.
O tratamento para esta crise financeira é a austeridade rigorosa até recuperar a solvabilidade (cortar nas pensões e ir construindo o TGV é como estar a fazer quimioterapia e fumar nos intervalos). A sugestão de gastar ainda mais para fazer crescer a economia é uma charlatanice.
Morrer sem tratamento é deixar acabar o dinheiro ao Estado sem conseguir mais emprestado e deixar de pagar ordenados, pensões e fornecedores.
É entre estas duas hipóteses que se situa a nossa escolha colectiva neste momento.
Era melhor ser rico que pobre? Claro que era...

Anónimo disse...

Devo dizer que as bolas não são de Berlim. Isto é: os bolos são Bolas de Berlin...de. Com o passar de boca em boca, o "de" caiu deixando o berlinde em berlim. Agora que sabe faça como quizer.

luis reis disse...

Não vá só por aí, que se sai muito mal.Onde leu, naquilo que escrevi, a anuência ao TGV? Gosta muito de publicidade?Olhe que lhe falta originalidade, isto num país que pelos vistos o sr gostava de vêr tão modernáço ...é fatal.Sabe meu caro, a questão, também é Politica.Curioso que, no seu discurso, nada revela sobre esse "pequenino" promenor.Compreendo que, para o sr, seja uma questão sem importãncia.Pois.Afinal de contas, a Europa é a "fingir",não é?Essa falta de estratégia( ou talvez não),de querer que em 3 anos, fiquemos com déficete de menos de 3&,(algo que muitos deles não cumprem),isto para um país que, eles alimentaram(e de que maneira),para não produzir um chavo, não lhe diz respeito,suponho .Enormes dirigentes europeus,não?Mas, como o sr percebe tanto de economia, explique-me como é que cria os tais "excedentes orçamentais"?Assim mais ou menos em que ano?Como?Reocupamos o país?Tipo,"bora"lá "criar riqueza",prá província...já estou a vêr os cursos: como ser agricultor e pescador(sem sair de casa)E como pagamos o que devemos em recessão? Será que "eles", realmente, querem que nós paguemos? A sério?Seriamos assim , o "unico", país no mundo sem "dividas",ui que bom.Era assim como no tempo das vacas loucas, em que todos os que fizeram merda sairam do embargo, e nós, ficámos "orgulhosamente" a mamar com o embargo.Lindo.AH,já me esquecia, a conclusão a que chega:"O FMI não tem garantia de sucesso, mas é isso que procura conseguir nos países a quem empresta dinheiro".A sério?É pá, e eu a pensar que era uma "garantia de sucesso"...

ps. essa de "todos" ,"colectivo" ,"puxar pró mesmo lado",ect? Isso não tem, assim como que, uns resquicios do camarada Zé da Barbas?

Manuel Vilarinho Pires disse...

Senhor Luís,

Aos mal entendidos não vou responder, mas sugiro-lhe uma releitura do que escrevi porque tem um série deles no seu comentário.
Não sugeri que o Senhor era adepto do TGV, nem que os líderes europeus são bons, nem que a política económica seguida em Portugal desde a integração na UE foi correcta.

A questão é política, e, se tiver uma solução política para ela, partilhe-a, eu sou todo ouvidos.
Não vale a pena é fantasiar com soluções que não estão ao nosso alcance (de Portugal), mas dependem de terceiros (por exemplo, da UE) a não ser que tenhamos forma de os forçar a cumpri-las (por exemplo, invadindo-os, como os EUA fizeram ao Iraque).

Agora, respondendo às suas perguntas...
Como é que se criam excedentes orçamentais?
Não é sequer uma questão de economia, mas de aritmética elementar: gastando menos do que se ganha. É mais fácil para quem ganha muito do que para quem ganha pouco? É! Isso resolve o problema de quem ganha pouco? Não.
Como pagamos o que devemos em recessão?
Se não houver um milagre, não se descobrir petróleo, nem se receber uma herança inesperada (ou se não se invadir um país para lhe extorquir um saque, para ser exaustivo nas hipóteses), gerando excedentes orçamentais. Podemos optar politicamente por não pagar. Mas o problema é mais nosso do que dos credores, porque, se não pagarmos, uma dívida que seja, corremos o risco de não conseguir mais nenhum empréstimo e depois, acabando o dinheiro, acontece o que escrevi acima.

O Zé das barbas já me esqueci quem era... mas duvido que tenha resquícios dele!

luis reis disse...

Pois eu continuo á espera da "garantia de sucesso"...quanto ao Zé, bom, eu nunca duvidei que já se estivesse "esquecido".Era só para confirmar....

Manuel Vilarinho Pires disse...

Garantia de sucesso não tem.
Mas talvez não deixasse baixar o IVA do golf ao mesmo tempo que se vai ao bolso aos pensionistas. O que é apenas mais um símbolo da diferença entre fazer, mesmo que doa, e fingir que se faz, mesmo a doer.

luis reis disse...

Uma das coisas que o FMI vem trazer de bom mesmo, é "aumentar" os pensionistas, e também, condoidamente estou mais que certo, o IVA aos campos de golfe....
Afinal de contas "todos",estamos no mesmo barco.Mesmo a doer?Né?Pois...