09/12/10

E é nestas alturas que uma pessoa se pergunta se em vez de ter gasto as pestanas com Guerra e Paz de Tolstói não devia antes ter estudado informática

9 comentários:

Manuel Vilarinho Pires disse...

Eu vou mais pelo Tolstoi.
E com a Helen Mirren ao lado, só pode melhorar...

http://aeiou.expresso.pt/a-ultima-estacao-o-deus-tolstoi=f619825

Ana Cristina Leonardo disse...

na verdade, tb. eu.
quanto à helen mirren - grande senhora!

Manuel Vilarinho Pires disse...

Posto isto, há-que dizer uma coisa, obviamente condicionada pelo meu ponto de vista de que, ao expor actos censuráveis cometidos a coberto do segredo, demonstrando a necessidade de mais transparência, a Wikileaks não estar a atacar "o sistema", mas a defendê-lo.
O apoio (não necessariamente solicitado) de "hackers" à Wikileaks prejudica as entidades que estão a colocar obstáculos à sua actividade? Prejudica! Muito? Não, uma boa trovoada pode prejudicá-los tanto como estes ataques de "hackers". Prejudicá-las seria conseguir que perdessem massivamente clientes que lhes dão dinheiro a ganhar.
E prejudica os detractores da organização? Não, na realidade beneficia-os. Como? Dá-lhes a possibilidade de alegar que se trata de uma organização com ramificações criminosas que não olha a meios para atingir os fins, e que deve ser parada por todos os meios, mesmo por excesso de velocidade ou falta de preservativo...
E onde é que se define se as denúncias da Wikileaks terão sucesso ou não, medido em incremento da transparência, onde é que se marcam os golos deste jogo? Na opinião pública, e não entre os entusiastas da insurreição global ou os ultra conservadores.
Até agora, os detractores da Wikileaks tinham para apresentar à opinião pública o argumento da ameaça à segurança, que o conteúdo de toda a informação divulgada até agora tem desmentido.
A última coisa que a causa da transparência na gestão da coisa pública necessita, ou mesmo a Wikileaks, é de aparecer associada a ataques informáticos criminosos que dão novos argumentos aos seus detractores...
Digo eu.

James disse...

Eu estudei várias coisas , também claro que li Tolstoi, adoro a Helen Mirren, e sei fazer o mencionado acima (aprendi pelo messenger com um puto inglês), mas estou inocente, não pratico tudo o que sei fazer.

XPTO disse...

'Esticando' um pouco mais sobre actos censuráveis, poder-se-ia dizer que o 24 de Abril de 1974 foi acto criminoso punível pela lei vigente.

Os detractores do WikiLeaks usam todos os meios ao seu dispor para atacar a WikiLeaks, a resposta por parte se apoiantes da WIkiLeaks contra esses mesmos detractores ser no mínimo similar.

Em relação a quão prejudicial serão estes ataques. No caso da Mastercard ou da Visa, basta calcular cerca de 1% dos montantes de pagos com estes meios de pagamento por minuto. Se não se pode pagar com cartão, paga-se com dinheiro...

Não quero deixar de referir a hipocrisia da Amazon, que deixou de albergar o servidor da WikiLeaks mas não deixou de vender o livro com os 'cables' impressos. Vidé:http://www.amazon.co.uk/WikiLeaks-documents-expose-foreign-conspiracies/dp/B004EEOLIU/ref=cm_cr_pr_product_top

Manuel Vilarinho Pires disse...

Caro(a?) XPTO,
Apesar de o seu comentário ter alguma não-linearidade lógica, parece-me que denoto algum desacordo com o meu.
Mas para lhe responder tenho de fazer uma pergunta antes: qual é a parte de "A última coisa que a causa da transparência na gestão da coisa pública necessita, ou mesmo a Wikileaks, é de aparecer associada a ataques informáticos criminosos que dão novos argumentos aos seus detractores" com que não concorda?

Ana Cristina Leonardo disse...

Se por "sistema" for entendido "democracia", estamos 100% de acordo.
Quanto aos ataques* aos sites que boicotaram a wikileaks têm o meu apoio (quem vai à guerra - informática - dá e leva...). E não creio sequer que isso prejudique a própria organização (que, naturalmente, já se demarcou). Afinal, de que é acusado o Assange? Não é de sex by surprise?Pois a payback parece-me uma boa surpresa.
Naturalmente, o corte de vínculos com as empresas que boicotaram a wikileaks é outra das formas de protesto - e, se menos espectacular, certamente mais eficaz.
*se bem percebi, a coisa limita-se a deitar abaixo um servidor por excesso de tráfego. Mais ou menos o mesmo do que um grande número de pessoas ir ao banco levantar o seu dinheiro ao mesmo tempo. Ninguém morre e levam uma lição. Bem mais feio é, sujeitando-se a pressões políticas e económicas, limitar a democracia e liberdade de expresão.

James disse...

A.C.L., percebeu perfeitamente bem, é isso mexmo.
Depois entram em campo os 'informáticús' do 'outro lado, e a coisa põe-se de pé rápidamente...
;-)

Manuel Vilarinho Pires disse...

Aquilo a que chamo "o sistema" é obviamente a democracia, e não os detentores circunstanciais de cargos políticos que aproveitam a permissividade na lei para exercer as suas funções de forma opaca, em seu benefício, e em prejuízo do colectivo, como sempre se intuiu, mas as revelações da Wikileaks comprovam com factos.
Por esse motivo considero extraordinariamente útil que a organização continue a funcionar, apesar de ser real o risco de vir a divulgar segredos que coloquem mesmo em causa a segurança colectiva e que eu prefiro que não sejam divulgados, o que parece não ter acontecido.
Até agora este era o argumento mais sólido que os seus detractores tinham, e não tinha suporte factual.
Por outro lado, mesmo discordando deles todos, não posso colocar no mesmo plano organizações que cortam as suas relações de negócio com a Wikileaks, como a PayPal, e comentadores que incitam ao homicídio dos seus responsáveis. Os primeiros estão a exercer democraticamente um direito que têm, o de deixarem de se relacionar com quem não concordam (e eu fiz o mesmo em relação à PayPal, como sabe), os segundos estão a cometer um crime.
Os ataques informáticos a quem toma uma posição neste caso não têm necessariamente justificação: eu acharia execrável que a PayPal, ou algum "hacker" que simpatizasse com a empresa, me atacasse informaticamente a mim por ter terminado o meu contrato com ela com a justificação que apresentei.
Quem neste momento está a agir de forma e opaca e aparentemente ilegítima nem são sequer as empresas atacadas pelos "hackers". São os sistemas judiciais dos reinos da Suécia e Unido, que montaram um processo "judicial" com todo o ar de ser fabricado à medida para paralizar ou ameaçar a Wikileaks. Os "hackers", ou a própria Wikileaks, poderiam desempenhar uma tarefa de valor inestimável se, por exemplo, conseguissem obter e divulgar cópias das comunicações que devem andar à volta deste processo "judicial".
Posto isto, creio que há o risco de os americanos que perderam tempo a pagar nas lojas porque o Visa estava em baixo e depois souberam que foi "por causa da Wikileaks" (por mais que lhes tentem explicar que a Wikileaks não teve a ver com o ataque) passem a dar ouvidos mais atentamente às asneiras da Srª Palin, nomeadamente sobre a Wikileaks...
E o mundo não fica melhor por lhe passarem a dar ouvidos. Fica pior, mas muito pior.