O jovem angolano Ondjaki dizia-se conformado mas era contra, o jovem brasileiro Marcelino Freire dizia-se revoltado e era contra.
A conversa enveredou rapidamente para a sexologia.
Marcelino Freire disse que ainda assim preferia um acordo pornográfico, para saber onde metia a língua; Ondjaki disse, parafraseando Pessoa, que a minha pátria é a minha língua numa portuguesa. Um elemento do público indignou-se por terem tirado o trema da minha linguiça (que levava trema no Brasil) e o público, ao rubro, aplaudia ruidosamente.
No meio da galhofa, um português sisudo e bem entradote pediu a palavra. Apresentou-se como fundador da Universidade Lusíada de Lisboa, puxou de uma data de galões que não consegui registar e defendeu inflamado o Acordo, chamando reaccionários e patrioteiros aos seus opositores.
O mesmo público, incluindo os elementos da mesa, aplaudiu ruidosamente.
Eu, que já era contra o Acordo antes, saí de lá ainda mais depois. E confirmei a minha fobia às reuniões de massas. Mesmo as alfabetizadas.
3 comentários:
Também não gosto de sopa de letras.
Ganda Mulher!
Emparedado só por si, apesar da dimensão do mundo. E quem não se deixaria emparedar com os seus atributos todos, mais este, que só hoje descobri, de linguista encartada. Morra o acordo, viva o nosso desacordo e a língua de que ninguém tem medo! ( e lá terei falhado uma concordância)
Do seu anónimo
Rui, já somos dois
anónimo, aconselho-o vivamente a ir sambar algures
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