Uma criança de 10 anos, cujos sinais exteriores de doença se resumiam a febre alta, terá sido tratada de forma desumana no Centro de Saúde de Boticas e no Hospital de São João do Porto. Há cerca de um mês, Dona Alice, a senhora que me ajuda cá em casa a minorar o caos doméstico, também fora recambiada para o hospital, no caso dela para Santa Maria, por apresentar os mesmos sintomas. Acabaram por lhe diagnosticar uma carrada de anginas. No Brasil, onde aterrei no final do mês passado, um grupo insólito de mulheres e homens mascarados aguardava os passageiros à chegada, presenteando-os com panfletos sobre a nova gripe que, alí, continua a ser suína.
Do comunicado que, entretanto, a Ordem dos Médicos emitiu sobre o caso do Porto, sublinho a parte em que, referindo-se à gripe A, se afirma ser uma doença pouco grave e similar, nas suas manifestações clínicas, às banais gripes.
Só que a doença banal, apesar da saudável sobriedade com que a Ministra da Saúde tem vindo a tratar o assunto, parece estar a favorecer uma psicose colectiva em que, ao mais pequeno achim! o alarme dispara (não queiram saber a cara de pânico dos passageiros quando, por causa do ar condicionado, espirrei duas vezes no avião).
Li ontem que o Estado português vai comprar três milhões de vacinas pela módica quantia de 45 milhões de euros, ainda assim nada que se compare com os 700 milhões de euros que o Estado francês está disposto a desembolsar.
É um facto que com a saúde pública não se brinca nem se deve olhar a despesas. Mas será muito inconveniente perguntar se o destino destas vacinas ficará tão secreto como o das adquiridas pelo governo para combater a anterior pandemia também pitorecamente baptizada, no caso de gripe das aves?
Recorde-se que já o ano passado, e dada a validade de três anos da medicação, se discutia o que fazer aos 2,5 milhões de doses, armazenadas, penso que até hoje, em local desconhecido, e adquiridas então por 25 milhões de euros.
Resta um consolo: comparando a relação preço-quantidade, no caso da gripe das aves deve ter sido um bom negócio!
Do comunicado que, entretanto, a Ordem dos Médicos emitiu sobre o caso do Porto, sublinho a parte em que, referindo-se à gripe A, se afirma ser uma doença pouco grave e similar, nas suas manifestações clínicas, às banais gripes.
Só que a doença banal, apesar da saudável sobriedade com que a Ministra da Saúde tem vindo a tratar o assunto, parece estar a favorecer uma psicose colectiva em que, ao mais pequeno achim! o alarme dispara (não queiram saber a cara de pânico dos passageiros quando, por causa do ar condicionado, espirrei duas vezes no avião).
Li ontem que o Estado português vai comprar três milhões de vacinas pela módica quantia de 45 milhões de euros, ainda assim nada que se compare com os 700 milhões de euros que o Estado francês está disposto a desembolsar.
É um facto que com a saúde pública não se brinca nem se deve olhar a despesas. Mas será muito inconveniente perguntar se o destino destas vacinas ficará tão secreto como o das adquiridas pelo governo para combater a anterior pandemia também pitorecamente baptizada, no caso de gripe das aves?
Recorde-se que já o ano passado, e dada a validade de três anos da medicação, se discutia o que fazer aos 2,5 milhões de doses, armazenadas, penso que até hoje, em local desconhecido, e adquiridas então por 25 milhões de euros.
Resta um consolo: comparando a relação preço-quantidade, no caso da gripe das aves deve ter sido um bom negócio!
8 comentários:
Ganda Mulher!
Perita em literatura, escritora de livros infantis, palmatoada dos desvarios socialistas, analista da Educação, jornalista de viagens e agora especialista em pandemias.
Gostava de sambar consigo,
Seu anónimo dedicado
Cliente desta pastelaria há já uns tempos, chegou a altura de lhe prestar a minha homenagem. Deixei-lhe um premiozinho no meu Rochedo.Coisa pouca, mas ofercido com sincerdade.
Bom fds
Penso que a minha cara amiga não está suficientemente informada sobre a nova gripe A(H1N1)… Se estiver interessada pode consultar - http://www.gripenet.pt/ - onde pode ficar a saber mais sobre a primeira pandemia do Séc. XXI.
Há cerca de 2 meses, os habitantes de uma pequena cidade argentina próxima da fronteira com o Chile receberam um autocarro chileno que transportava um indivíduo com sintomas de Gripe A à pedrada e tentaram impedir que este fosse tratado no hospital local.
Entretanto, em Portugal, estamos muito preocupados com a Gripe A, mas ninguém parece preocupar-se com os doentes oncológicos que morrerm à espera de uma operação (http://www.ionline.pt/conteudo/10756-doentes-com-cancro-esperam-tempo-mais). É estranho como uma possibilidade se torna mais importante do que uma realidade.
Caro anónimo, o mundo é demasiado grande para nos deixarmos emparedar por uma especialidade, mesmo se for a que leva maíuscula no seu comentário. Mas não danço o samba
Carlos, muito obrigada! Voltarei a esse prémio
Tovi, creio estar suficientemente informada para a achar uma psicose induzida; mas, já agora, tem novidades sobre as vacinas contra as aves?
Carlos, no brasil tinham medo dos argentinos; pelos vistos os argentinos têm medo dos chilenos...
Minha cara amiga… Eu e todo o meu agregado familiar (por motivos profissionais de minha mulher) fizemos parte dos cem mil portugueses a quem o Estado Português considerou importante estarem vacinados contra a gripe das aves (H5N1 - oseltamivir). Tanto quando me disseram ainda existem vacinas em stock, podendo no entanto já não serem suficientemente eficazes, não por prazo de validade mas porque já se verificaram algumas mutações.
Trovi, a notícia, cujo link está no post, dá conta de contentores e contentores alojados em local secreto e não exactamente de... vacinas em stock.
quanto às mutações, pois esse é exactamente um dos problemas, que tanto dará para as aves como para os porcos, não é?
Tem toda a razão quanto ao problema das mutações… É por isso que a prevenção é fundamental e não me parece que em Portugal se esteja a ter o cuidado (sem alarmismos) necessário. Na empresa onde trabalho (uma das muitas do grupo Sonae) já nos foram dadas a conhecer as medidas de protecção individual contra a Gripe A(H1N1), mas não me parece que o “pessoal” esteja a levar a sério esta epidemia.
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