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Assinado pelo maníaco do «mot juste», dessa obra diria Eça de Queiroz: «Na Educação Sentimental, [Flaubert] concebe esta ideia de génio: pintar numa larga acção a fraqueza dos caracteres contemporâneos amolecidos pelo romantismo, pelo vago dissolvente das concepções filosóficas, pela falta de um princípio seguro que, penetrando a totalidade das consciências, dirija as acções; e explicar por esta efeminação das almas todas as instabilidades da nossa vida social, a desorganização do mundo moral, a indiferença e o egoísmo das naturezas, a decadência das classes médias, a dificuldade de governar a democracia...». É uma leitura de época que se mantém justíssima.
Num registo que oscila entre o lirismo e a mais pura paródia, com a paixão do jovem Frédéric Moreau por Madame Arnoux (reedição do próprio amor do jovem Flaubert por Élisa Foucault) a servir de pano de fundo a um retrato ultra-realista da época, A Educação Sentimental trata não só das ilusões amorosas, mas também das ilusões políticas. Deixando aquele lastro de desencanto intemporal que Flaubert sempre soube subtrair a todo o sentimentalismo.
A Educação Sentimental, Gustave Flaubert, Relógio D’Água, 2008, trad. de João Costa [o romance pode ser lido no original a partir daqui]
2 comentários:
este vai a seguir, estou de momento a ler o bouvard et pecuchet, muito bom...
esse é o meu preferido. o que eu me rio...
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