Confesso, ruborizada, que nunca tinha lido O Vento nos Salgueiros. O livro fez 100 anos em Março e eu, shame on me, li-o apenas este Verão, debaixo de um farol.
Cito A. A. Milne, citado na contracapa (e não é treta).
Podemos discutir acerca dos méritos da maior parte dos livros e, na discussão, compreender o ponto de vista do interlocutor. Podemos até chegar à conclusão de que, afinal, ele tinha razão. Mas não podemos discutir acerca de «O Vento nos Salgueiros». O rapaz apaixonado oferece-o à namorada e, se ela não gostar, pede-lhe que devolva as cartas de amor que lhe escreveu. O velho experimenta-o no seu sobrinho, e altera o testamento em conformidade. Este livro é um teste de carácter. Não podemos criticá-lo, porque ele nos está a criticar a nós. (...) Devo, no entanto, aconselhar o leitor: quando pegar neste volume, não tenha a presunção de julgar o meu gosto literário ou a mestria de Kenneth Grahame. Quando iniciar a leitura, estará apenas a julgar-se a si próprio. Poderá merecê-lo, não sei. Sei, isso sim, que é o leitor que estará a ser julgado.
10 comentários:
Um livro que julga é bom. Ajuda os nossos muito bons juízes no seu trabalho.
Não percebo essa confiança nos tribunais. Afinal, o «Justiça para todos» já leva algumas décadas. Ainda o Al Pacino era uma criança
Você julga que o livro é 'isso' que diz quando visto por mim ou por outro, porquê
Pirata-vermelho, não percebi a pergunta. Deduzi que era uma pergunta.
Não te ruborizes. Também nunca li e já o vi referido, aqui e ali, centenas de vezes. É bom ter assim meia dúzia de clássicos "incontornáveis" (um dia eu teria de utilizar a maldita palavra...) para ler. Para me poder vingar da invejona que sinto quando alguém, por exemplo, me diz que vai ver o 2001, do Kubrik, pela 1ª vez.
(Desculp! faltou-m'o alento e o ponto de perguntamento)
Traduzindo - porque julga que o livro, do meu ponto de vista, me julga?
João, incontornável tb. é uma daquelas palavras que eu tento sempre contornar (e essa do Kubrik serviu-me mesmo de consolo...)
Pirata-Vermelho, quem acha que o livro julga o leitor não sou eu, é o A.A.Milne. Mas eu concordo. Resumindo: quem ler «O Vento nos Salgueiros» e não o achar um grande livro, tem um (ou mais) problemas. Para pôr a coisa de uma forma simpática.
Confiança? Não, fé. Quando passo em frente a um tribunal, faço o sinal da cruz, apanhando um pouco de terra do chão, como os nossos jogadores, para agradecer às universidades por terem produzido tamanha sabedoria.
Também não o li,nem estava na minha lista de leituras. Mas o texto de A.A.Milne convenceu-me..
Magarça, o texto é lindo! E ainda por cima a edição da Tinta da China apetece mesmo. Até tem daquelas fitinhas marcadoras...
Taxi, já agora aproveito para te dizer que o livro também tem uma cena de tribunal, com condenação e tudo.
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