Há dias vi no Twitter o excerto de um documentário realizado por uma televisão francesa onde se podiam observar duas crianças ucranianas de braço bem esticado saudando as tropas que passavam na estrada a ir combater os russos.
Naturalmente, não vou reproduzir porque não há propaganda mais infame — seja em nome do Bem ou do Mal — do que a que recorre a crianças para publicitar os seus fins.
As crianças, um menino e uma menina, apareciam em plano recuado, mas a imagem era explícita. O tweet era da própria televisão francesa que confirmava a veracidade do excerto, negando contudo que se tratasse da saudação de má memória.
Vi e revi não sei quantas vezes. Queria que fosse fake.
Confesso, aquilo perturbou-me. Sobretudo as crianças, mas também a cegueira.
E quanto a concluir que isto é validar a «desnazificação» invocada por Putin para invadir a Ucrânia, podem ir pregar para outra freguesia.
2 comentários:
A história das ambiguidades em relação ao nazismo nessa zona da Europa - antes, durante e depois da guerra - é demasiado complexa, desde o pacto germano-soviético até todas as posteriores "frentes comuns" de tudo o que fosse contra a URSS (e, hoje, a Federação Russa). Convém mesmo não simplificar porque é tudo menos simples.
João, eu não estou a simplificar. De repente, ter deixado de haver nazis nas estruturas do exército ucraniano, e não só, é que me parece um bocadinho simplificador. Até um deles se dirigiu, ao lado de Zelensky, ao parlamento grego com deputados a sair. De resto, estou disposta a ouvir tudo menos que o Bandera era "uma personagem complexa". Aí é o meu limite. Não deixa de ser curioso aliás que com tanta gente a alardear a condição judaica de Zelensky como prova de que a Ucrânia é impoluta nessa matéria, Israel venha mantendo um curioso silêncio sobre a guerra, tendo até agora enviado apenas e só ajuda humanitária. Já qt ao embaixador negacionista da Ucrânia em Berlim não ficaram calados.
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