Aprende-se muito com a literatura. Por exemplo, com Elizabeth Finch de Julian Barnes onde um dos capítulos é dedicado a Juliano, o Apóstata, o último imperador pagão de Roma que mandou queimar a sua própria frota para não a deixar como oferta ao inimigo.
Vem isto a propósito de os russos terem, segundo os ucranianos, bombardeado a maior central nuclear da Europa que eles próprios ocupam.
«Estou extremamente preocupado com os bombardeamentos de ontem [sexta-feira] da maior central nuclear da Europa, o que sublinha o risco muito real de uma catástrofe nuclear que ameaça a saúde pública e o ambiente, na Ucrânia e não só", advertiu Grossi numa declaração divulgada em Viena, considerando que se “está a brincar com o fogo".
Moscovo e Kiev acusaram-se hoje mutuamente de comprometerem a segurança da central nuclear de Zaporiyia, a maior da Europa.
Grossi recordou que, segundo as autoridades ucranianas, não houve danos nos reactores nem emissão de radiações, mas houve danos em outras partes da central.
O chefe da agência das Nações Unidas para a energia nuclear considerou "completamente inaceitável" a colocação da central em perigo e argumentou que visá-la militarmente é "brincar com o fogo", podendo ter "consequências potencialmente catastróficas".
"Apelo veemente e urgentemente a todas as partes para que exerçam a máxima contenção nas proximidades desta importante instalação nuclear com seis reactores", escreveu.
Grossi voltou a oferecer a disponibilidade da AIEA para realizar uma missão de verificação no local e "evitar que a situação fique ainda mais fora de controlo".
O diretor da AIEA expressou em Junho a sua vontade de visitar a central controlada pela Rússia, mas a Ucrânia criticou veementemente esses planos, alegando que a viagem do funcionário argentino da ONU poderia ser entendida como uma legitimação da ocupação russa. (...)
O Presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, acusou a Rússia através de uma mensagem de vídeo de "voltar a criar uma situação extremamente perigosa para toda a Europa”: “bombardearam a central nuclear de Zaporiyia duas vezes".
Moscovo, que controla esta instalação praticamente desde os primeiros dias da sua campanha militar na Ucrânia, contestou as declarações, classificando, pelo seu lado, Kiev de ser promotora do "terrorismo nuclear". (...)»
3 comentários:
Tem toda a razão. O que parece lógico é o que os russos dizem, que os ucranianos bombardearam o parque de linhas de transmissão e que as bombas falharam por pouco a zona dos reactores que estão a funcionar (eram três, agora são dois). Os jornais e tvs ocidentais devem estar com a espinha torta para não dizerem o que me parece claro. E Zelensky podia-se deixar de partes e autorizar a AIEA ir inspeccionar a segurança da central, ficávamos todos mais tranquilos.
Assim como os ucranianos colocam às vezes os seus canhões ao pé de hospitais ou outras construções civis na esperança de os russos não os atacarem, também os russos terão instalado canhões nas proximidades da central nuclear na esperança que os ucranianos não se atrevessem a atacar esses canhões, o que não deve ter acontecido, os ucranianos dispararam contra alvos próximos da central. É a melhor conjectura que me ocorre.
jj amarante, o mais provável
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