Assunção Esteves chumbaria em qualquer exame de hermenêutica.
Veja-se a sua singela interpretação da frase de Simone de Beauvoir, "não podemos permitir que os nossos carrascos nos criem maus costumes".
Diz Assunção: "Carrasco significa qualquer elemento de perturbação. Sem querer ofender nada nem ninguém. Significa que quando as pessoas nos perturbam, não devemos dar atenção."
Se era para tamanha profundidade, mais valia ter citado a Simone de Oliveira.
Ler a notícia AQUI.
12/07/13
11/07/13
Ponto da situação
Ponto 1. Cavaco Silva esteve bem.
Ponto 2. Cavaco Silva esteve bem pelas piores razões.
Ponto 3. Cavaco Silva puxou as orelhas ao Passos, lixou o Portas e entalou o Seguro.
Ponto 4. Amanhã, se não estiver muito calor, desenvolvo.
Ponto 2. Cavaco Silva esteve bem pelas piores razões.
Ponto 3. Cavaco Silva puxou as orelhas ao Passos, lixou o Portas e entalou o Seguro.
Ponto 4. Amanhã, se não estiver muito calor, desenvolvo.
10/07/13
Da cultura geral
O que são swaps? Os meus conhecimentos escasseiam
para poder responder com propriedade à questão, mas sinto-me absolutamente apta
a explicar o que são suapes. A
definição de suapes, ao invés da
definição de swaps, não apresenta
qualquer dificuldade, evitando-nos mesmo a maçada de ter de distinguir entre os
swaps de Maria Luís Albuquerque e os
outros. Os suapes nunca são tóxicos, tratando-se de um
artefacto simples, contrariamente aos swaps
que, como li em algum lado, não me lembro agora onde, “São documentos
supercomplexos. Alguns deles indexam os pagamentos ao algoritmo”. Nos últimos
tempos, as matérias financeiras têm ganho uma urdidura tal que quase se afigura
mais fácil entender mecânica quântica, para não falar de Lacan. A histeria invasiva
da linguagem economicista parece mesmo apontar para um novo paradigma, no qual
a tradicional oposição entre as Duas Culturas cede lugar à oposição entre os
economistas e o resto do mundo. Por exemplo, estou convencida que nem
Schrödinger nem o seu gato conseguiriam perceber como é possível, ao mesmo
tempo, promover o desemprego e combater a recessão. Talvez o mundo físico,
apesar da sua inegável complexidade, seja afinal mais fácil de captar do que o
mundo dos swaps, hipótese que os suapes corroboram. Parafraseando Jonathan
Swift (“Meditação Acerca de uma Vassoura”), vou chamar-lhes “pau singelo”. A
sua história remonta a 1496, data em que foram vistos pela primeira vez em
navios ingleses. A função manter-se-ia, tendo embora o seu design sofrido vários aperfeiçoamentos, o último já em meados do
séc. XX. Recebe várias designações, sendo suape
o nome por que é conhecido na República Dominicana. Em Portugal é vulgarmente
chamado esfregona.
06/07/13
Não sei se o Portas é assim tão inteligente e o Passos tão estúpido. Mas esta pergunta faz todo o sentido: por que é que os políticos fazem tudo nos hotéis como as putas?
AGAIN, A POLÍTICA
E pronto, mais uma vez se salvaram à tangente, os dissimulados corsários. Citado do Seguro. Porque o que se prevê agora é o seguinte, o Portas vai negociar com a Troika e expô-la à mesma chantagem que expôs o país, isto é, vai conseguir no limite uma renegociação da dívida, e depois, projectado como salvador pátrio, vai-se entreter a devorar osso a osso a codorniz que se pensava um coelho. Pelo meio dar-se-á uma invaginação, ou seja o CDS vai sugar no seu útero o seu parceiro de coligação.
E nas próximas eleições metade das pessoas que agora estava tão renhidamente contra nas redes sociais vai achar que mais vale votar na segurança e na manutenção e temos governo à direita nos próximos seis anos. Sobreviverá Seguro, a remos, na jangada? É duvidoso, Seguro que hoje pela primeira vez produziu uma frase com punch: “o mal está feito!” (dava uma boa canção, se quiserem faço a letra…). É muito pouco para tanta parra.
Os jornalistas entretanto continuam a querer competir para ver quem é o mais estúpido e agarraram-se à palavrinha denegada: irrevogável.
E não compreendem a coisa simples: ele revogou porque a política se faz também de desejo e não apenas de dever e as palavras nela são simplesmente bífidas – é um jogo. Se o homem quisesse ser santo iria para a igreja e não para a política. A aura da irrevogabilidade é o que lhe fez ganhar a parada; ele foi tão irrevogável que ganhou em toda a linha, num lance verdadeiramente shakespeariano, até no patetismo. O homem soube cruzar Shakespeare com o lema de Lenin: dar um passo atrás para depois dar dois à frente. É o pós-modernismo, pá!
Por isso o silêncio dele nas costas de Coelho foi mais ruidoso do que tudo o que o outro procurou articular para fingir que não era o Américo Tomás da nova era.
Ninguém deu conta de que o Paulo Portas na reunião entre os dois partidos, no hotel Tivoli (por que é que os políticos fazem tudo nos hotéis como as putas?), estava com um lápis? Um lápis com borracha na ponta. Lição para o país: aquilo que se escreve pode-se apagar. Qual foi a primeira palavrinha que ele apagou do seu caderno?
Vamos aos comentários. Semedo, do BE, leu o discurso do Coelho absolutamente ao contrário, como quis e não o que o seu conteúdo relatava. Está tudo dito, não está?
E como é que um comentador, Pedro Silva Pereira, do PS, vai à televisão confessar que foi consultar ao dicionário da Porto Editora o significado da palavra “dissimular”? Nem como reforço retórico é admissível que um adulto de 40 anos, um responsável político, confidencie que não entende metade das palavras que lê nos comunicados políticos dos partidos adversários. Isto é sério? Depois agarrou-se ao osso da “irrevogação”, tadito…
Será que podemos finalmente ter conversas de adultos?
O banco do Vaticano dedicava-se a lavagem de dinheiro. Parece-me que não chega que o Papa se chame Francisco… a não ser que isso valide o que disse Marx: o que foi por uma vez trágico voltará de novo em farsa…
António Cabrita
E pronto, mais uma vez se salvaram à tangente, os dissimulados corsários. Citado do Seguro. Porque o que se prevê agora é o seguinte, o Portas vai negociar com a Troika e expô-la à mesma chantagem que expôs o país, isto é, vai conseguir no limite uma renegociação da dívida, e depois, projectado como salvador pátrio, vai-se entreter a devorar osso a osso a codorniz que se pensava um coelho. Pelo meio dar-se-á uma invaginação, ou seja o CDS vai sugar no seu útero o seu parceiro de coligação.
E nas próximas eleições metade das pessoas que agora estava tão renhidamente contra nas redes sociais vai achar que mais vale votar na segurança e na manutenção e temos governo à direita nos próximos seis anos. Sobreviverá Seguro, a remos, na jangada? É duvidoso, Seguro que hoje pela primeira vez produziu uma frase com punch: “o mal está feito!” (dava uma boa canção, se quiserem faço a letra…). É muito pouco para tanta parra.
Os jornalistas entretanto continuam a querer competir para ver quem é o mais estúpido e agarraram-se à palavrinha denegada: irrevogável.
E não compreendem a coisa simples: ele revogou porque a política se faz também de desejo e não apenas de dever e as palavras nela são simplesmente bífidas – é um jogo. Se o homem quisesse ser santo iria para a igreja e não para a política. A aura da irrevogabilidade é o que lhe fez ganhar a parada; ele foi tão irrevogável que ganhou em toda a linha, num lance verdadeiramente shakespeariano, até no patetismo. O homem soube cruzar Shakespeare com o lema de Lenin: dar um passo atrás para depois dar dois à frente. É o pós-modernismo, pá!
Por isso o silêncio dele nas costas de Coelho foi mais ruidoso do que tudo o que o outro procurou articular para fingir que não era o Américo Tomás da nova era.
Ninguém deu conta de que o Paulo Portas na reunião entre os dois partidos, no hotel Tivoli (por que é que os políticos fazem tudo nos hotéis como as putas?), estava com um lápis? Um lápis com borracha na ponta. Lição para o país: aquilo que se escreve pode-se apagar. Qual foi a primeira palavrinha que ele apagou do seu caderno?
Vamos aos comentários. Semedo, do BE, leu o discurso do Coelho absolutamente ao contrário, como quis e não o que o seu conteúdo relatava. Está tudo dito, não está?
E como é que um comentador, Pedro Silva Pereira, do PS, vai à televisão confessar que foi consultar ao dicionário da Porto Editora o significado da palavra “dissimular”? Nem como reforço retórico é admissível que um adulto de 40 anos, um responsável político, confidencie que não entende metade das palavras que lê nos comunicados políticos dos partidos adversários. Isto é sério? Depois agarrou-se ao osso da “irrevogação”, tadito…
Será que podemos finalmente ter conversas de adultos?
O banco do Vaticano dedicava-se a lavagem de dinheiro. Parece-me que não chega que o Papa se chame Francisco… a não ser que isso valide o que disse Marx: o que foi por uma vez trágico voltará de novo em farsa…
António Cabrita
04/07/13
Uma narrativa
Pedro Passos Coelho (PPC) e Paulo Portas (PP) governam juntos. PPC é maior do que PP. Apesar de PP ser mais pequeno do que PPC, PPC precisa de PP. No entretanto, quem governa de facto é Vítor Gaspar (VG).
As políticas de VG são de grande rigor e guiadas por uma máxima simples, facilmente compreensível pelo POVO: se pauperizarmos a malta, isto vai lá. Dois anos a pauperizar a malta, as metas falham. Tendo ido além da Troika, as dificuldades para pagar à Troika avolumam-se.
Um dia, VG vai ao supermercado (não sabemos qual, embora isso fosse determinante para perceber a extensão classista da contestação…) e cospem-lhe em cima. VG considera que não está para isso depois de tudo o que fez pelo país e salta do barco a meio, deixando PPC descalço.
A notícia cai como uma bomba mas PPC, que não é particularmente inteligente, insiste em que continua calçado. PP, que também já estava com o governo pelos cabelos, e que já tinha tremido com a Linha Vermelha das pensões e tal, demite-se no dia seguinte. Bomba II.
Da mesma forma que não percebeu que a saída de VG o tinha deixado descalço, PPC também não percebe que a saída de PP o deixa de cuecas na mão. Recusa a demissão de PP. Surpreendentemente para muitos, o Partido de PP obriga PP a renegociar com PPC. PP, que é homem de rigor semântico, renegoceia mas mantém que não volta ao governo.
A nova “fórmula” governamental (que atribui mais poder ao Partido de PP) é levada a Cavaco Silva (CS) que enquanto tudo isto decorre grita com Maria CS e vice-versa.
Sentindo-se desautorizado por ter feito papel de corno (o último a saber, para quem não sabe) e tendo umas contas antigas a ajustar com PP, CS recusa a fórmula e exige que PP esteja no governo.
PP recusa. CS espuma. PPC chora. António José Seguro (AJS) ri.São convocadas eleições. AJS e PP saem vencedores (no caso de PP, para surpresa do seu próprio Partido).
Na I República isto tinha dado bordoada da grossa.
As políticas de VG são de grande rigor e guiadas por uma máxima simples, facilmente compreensível pelo POVO: se pauperizarmos a malta, isto vai lá. Dois anos a pauperizar a malta, as metas falham. Tendo ido além da Troika, as dificuldades para pagar à Troika avolumam-se.
Um dia, VG vai ao supermercado (não sabemos qual, embora isso fosse determinante para perceber a extensão classista da contestação…) e cospem-lhe em cima. VG considera que não está para isso depois de tudo o que fez pelo país e salta do barco a meio, deixando PPC descalço.
A notícia cai como uma bomba mas PPC, que não é particularmente inteligente, insiste em que continua calçado. PP, que também já estava com o governo pelos cabelos, e que já tinha tremido com a Linha Vermelha das pensões e tal, demite-se no dia seguinte. Bomba II.
Da mesma forma que não percebeu que a saída de VG o tinha deixado descalço, PPC também não percebe que a saída de PP o deixa de cuecas na mão. Recusa a demissão de PP. Surpreendentemente para muitos, o Partido de PP obriga PP a renegociar com PPC. PP, que é homem de rigor semântico, renegoceia mas mantém que não volta ao governo.
A nova “fórmula” governamental (que atribui mais poder ao Partido de PP) é levada a Cavaco Silva (CS) que enquanto tudo isto decorre grita com Maria CS e vice-versa.
Sentindo-se desautorizado por ter feito papel de corno (o último a saber, para quem não sabe) e tendo umas contas antigas a ajustar com PP, CS recusa a fórmula e exige que PP esteja no governo.
PP recusa. CS espuma. PPC chora. António José Seguro (AJS) ri.São convocadas eleições. AJS e PP saem vencedores (no caso de PP, para surpresa do seu próprio Partido).
Na I República isto tinha dado bordoada da grossa.
Sempre é melhor do que nada, não é verdade, doutor Salgado?
Em Maio passado, o doutor Ricardo Salgado queixava-se da dificuldade em encontrar mão de obra disponível no Alentejo. Apesar da crise e do desemprego.
Explicação do presidente do BES: "Os portugueses preferem ficar com o subsídio de desemprego".
Palavras sábias. 69 trabalhadores asiáticos (o número é literalmente pornográfico), com certeza por não terem direito à mama dos subsídios, aceitaram trabalhar para a MIRTISUL. Contratados pela Trasolution, dedicavam-se à apanha de mirtilos nos arredores de Grândola.
Consideradas as propriedades laxantes do fruto referido, só me resta finalizar este post, desejando uma valente caganeira ao doutor Salgado e aos dirigentes das empresas envolvidas.
Explicação do presidente do BES: "Os portugueses preferem ficar com o subsídio de desemprego".
Palavras sábias. 69 trabalhadores asiáticos (o número é literalmente pornográfico), com certeza por não terem direito à mama dos subsídios, aceitaram trabalhar para a MIRTISUL. Contratados pela Trasolution, dedicavam-se à apanha de mirtilos nos arredores de Grândola.
Consideradas as propriedades laxantes do fruto referido, só me resta finalizar este post, desejando uma valente caganeira ao doutor Salgado e aos dirigentes das empresas envolvidas.
Quando a Marine Le Pen ganhar eleições em França, chamem-se.
Até lá, quero que o Gaspar, o Passos, o Portas e o Cavaco tenham muitos meninos.
Desculpem-me qualquer coisinha, mas é que já não se aguenta o cheiro a tanto estrume sintético.
Desculpem-me qualquer coisinha, mas é que já não se aguenta o cheiro a tanto estrume sintético.
02/07/13
Pedro & Paulo
Paulo, não te dou o divórcio. Depois de tudo o que as crianças passaram, muito menos...
As crianças somos nós
As crianças somos nós
Já foi ontem que o Gaspar se foi embora...
... e entrou para o seu lugar Madame Suápe que emprestará certamente um toque feminino ao cargo.
Em Portugal, ultimamente a realidade ultrapassa sempre a ficção. Deve ser por isso que a literatura é o que se sabe.
Em Portugal, ultimamente a realidade ultrapassa sempre a ficção. Deve ser por isso que a literatura é o que se sabe.
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