11/07/12

A Ópera dos Malandros


As senhoras não falam de dinheiro. Fica-lhes mal. A única excepção que conheço é Mae West que um dia explicou com singular clarividência: “A man has one hundred dollars and you leave him with two dollars; that’s subtraction”. 
Se olharmos, contudo, mais de perto, depressa concluiremos que falar de dinheiro fica mal a quase toda a gente. Os ricos não sentem necessidade de se referir ao assunto, e os pobres não têm, simplesmente, assunto. 
Apesar de ser indiscutível que ‘Money Makes The World Go Round’, a relação dos humanos com o “vil metal” (e só a expressão “vil metal” é todo um programa) mostra-se complexa e mesmo algo bizarra. Uns idolatram-no, outros desprezam-no; alguns levam-no a sério, outros rendem-se tão-só à sua inevitabilidade. Há quem encare o dinheiro como uma espécie de “bosão de Higgs”, e há quem, como São Tomás de Aquino, descubra na avareza a raiz de todos os males. 
Opiniões à parte, no nosso mundo, sem dinheiro não se fazem compram galinhas, sem galinhas não há ovos e sem ovos não se fazem omoletes.
Talvez, entre os enfermeiros a trabalhar para o Estado a 3, 96 à hora, haja alérgicos à proteína do ovo ou quem viva tão aterrorizado pelas salmonelas que não lhes toque sequer. Esses são os privilegiados! Os outros terão de contentar-se com valores abaixo do salário mínimo, sair da “zona de conforto” ou ficar-se pelos chocolates da “pequena suja” do Pessoa. 
Percebo, ainda assim, a indignação destes profissionais de saúde. Afinal, andaram a queimar pestanas num curso que não serve para nada. E com tantos cursos tão bons que por aí há. Alguns, passíveis até de ser concluídos num só ano e com emprego de ministro garantido. 
“Ó Portugal, se fosses só três sílabas”. 

10 comentários:

Ana Cristina Leonardo disse...

de volta e aberta a sugestões
:)

Manuel Vilarinho Pires disse...

Com duas letrinhas apenas
Se escreve a palavra ou
Mas são precisas seis
Para escrever Marilu

Just testing! :-)

Manuel Vilarinho Pires disse...

Agora a sério.
O estudo das equivalências anda a distrair-nos de questões mais estruturantes e, até, fracturantes.
Uma dessas questões é o facto de o Governo andar a tratar os autarcas como delinquentes!
É indecente, e a gente nem dá por isso, tamanha a atenção que damos a outros assuntos, porventura menos importantes.
Porra, até os autarcas têm direito à presunção de inocência (e não continuo a frase como se continua na minha terra, que isto não é uma tasca)!
http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=2658815&page=-1

Carlos disse...

Bem vinda, Ana Cristina! :-)

Desconhecido Alfacinha disse...

"Ó Portugal, se fosses só três sílabas"

Sol, sal, sul

Bem-vinda de volta Senhora, espero que esteja tudo bem.

trepadeira disse...

Olá.
Belo texto,para entrada.

Abraço,
mário

henedina disse...

Bem vinda!
E se chegou lá diga-me ;)

Ana Cristina Leonardo disse...

passaram todos no teste
:)

anamar disse...

Curso de auto defesa, é o que lhes resta. Bem vinda. :))

Manuel Vilarinho Pires disse...

E as equivalências, como é que ficamos? Eu, se puder ser, prefiro um grau de conde...