26/12/11

Prost Herr Jens Weidmann!

Desconheço se algum leitor destas linhas terá tido oportunidade de ver um cidadão germânico alcoolizado. Um cidadão germânico alcoolizado é um prodígio da natureza. Corpulento, costas robustas, pescoço largo e pernas subidas e fortes, é bem um descendente de Odin, senhor da guerra e da tempestade, e de Thor, cujo martelo lançava raios. Para uma ideia mais precisa: a seu lado, um cidadão britânico alcoolizado faz figura de bebedor de chá.
Claro que há cidadãos germânicos alcoolizados franzinos e de aspecto quebradiço mas, mais raros e de estatura inferior, passam despercebidos. Para além da dimensão corpórea, os cidadãos germânicos alcoolizados costumam possuir vozes possantes e másculas, o que se nota, sobretudo, quando desatam a entoar melodias de colorido local, habitualmente escoltadas pela ingestão de grandes quantidades de cerveja.
Escusado acrescentar que comparar um cidadão germânico alcoolizado com um cidadão português alcoolizado seria o mesmo que comparar Maomé com a montanha, sem desmérito para o profeta a quem, como se sabe, foram proibidos os néctares da Ibéria.
Diga-se, contudo,que a grande vantagem de um cidadão português alcoolizado reside, precisamente, no que, à primeira vista, poderia ser considerado um handicap.
Mais chupado de carnes e de músculo, logo, de menor força física, acaba por constituir um risco de somenos. Quando tropeça ou cai, fá-lo sem provocar grandes estragos e, porque mais dado à melancolia lusa do que à exuberância teutónica, canta menos (ou, pelo menos, mais baixinho), acabando por adormecer (o próprio ou quem tenha a desdita de lhe aturar os queixumes) antes do coma alcoólico.

Espero, com este singelo apanhado, ter contribuído para tranquilizar o presidente do Bundesbank que, recentemente, diagnosticou o problema da dívida como um problema de alcoolismo. Apesar de leiga na matéria e apenas gostar de citar, sobre o assunto, este diálogo de John Ford em “A Paixão dos Fortes”: “Já alguma vez estiveste apaixonado? Não, fui barman toda a vida.”

3 comentários:

Cristina Torrão disse...

Um cidadão germânico alcoolizado não é susceptível de adormecer como um luso?
Quem diz isso, não conhece o meu cunhado alemão Werner!!!

Ana Cristina Leonardo disse...

adormecer, adormecem todos, graças a odin ou à nossa senhora de fátima!

:)

Anónimo disse...

bom dia