14/11/11

Viva o Alvarinho ou razão tem o João Lisboa: há comentários que valem mil posts

"O Alvarinho foi escolhido para ministro por duas razões, seguindo um reflexo irresistível do provincianismo local:
i) vem de um país desenvolvido,
ii) os seus méritos técnicos permitiram-lhe fazer carreira nesse el dorado místico, que é o conjunto probabilístico Universo-excluíndo Portugal; no seu caso específico, o Canadá.
Ambas as razões apontam para o amor e respeito por tudo o que é extranacional — tão pacóvios, quanto seculares em nós — como origem dessa opção.
Não é necessário esperar pelo fim de uma frase, para se sentir a brisa temperada a couve-galega e sopas-de-cavalo-cansado, evolando-se do patuá ministerial. Há uma subtil declinação beirã, se dúvidas restassem.
Sim, o Álvaro é um parolo, como demonstram as suas parolas declarações sobre assuntos triviais. A própria lógica, subjacente ao tema dos feriados, faria corar um pastor barrosão na sua simplicidade, o que dá boa medida do parolismo praticado pelo Álvaro.
Surpreendentemente — ou não, tratando-se claramente de um parolo enrustido — o Álvaro não aprendeu, nesse distante planeta Krípton da civilização superior canadiana, os rudimentos da boa prática académica e da honestidade intelectual.
É que há muita coisa que uma universidade canadiana pode modelar, ou transformar, no bicho-Homem, mas o bronco lusitano tem carapaça de titânio.
Parolamente, o Álvaro não saberá utilizar a internet, senão facilmente descobriria comparações entre níveis de produtividade e feriados para vários países do mundo anglo-germanicamente desenvolvido. Muitas vezes, ilustradas com profusão pornográfica de representações gráficas.
A leviandade domingueira com que o Álvaro tenta fazer passar cidadãos por aldeões medievais, é a mesma que assistiu à sua desautorização de um grupo de estudo afecto ao governo onde se integra, quando – no espaço de tempo que leva uma castanha a cair de um banco corrido —catalogou uma decisão do “seu” grupo como absurda.
Mas é bom técnico e veio de fora. Para quem é, bacalhau basta.", André
Descoberto aqui, com origem aqui.

22 comentários:

Rita Maria disse...

O quê? Exijo mais respeito pela couve galega, um dos nossos produtos mais nobres.

Ana Cristina Leonardo disse...

É galega ou é nacional?

Rita Maria disse...

É galega, mas o Minho e a Galiza são a mesma naçãowe.

Ana Cristina Leonardo disse...

Nesse caso só fica por resolver o problema de Olivença cá mais a Sul...

André Pinto disse...

Hmmm...Gosto dela, mas dificilmente um mutante grotesco, que nos encara nos taludes das autoestradas, e intimida, na sua ocupação violenta de rotundas e demais pardieiros, dificilmente, dizia eu, pode ser apelidada de "nobre". Ali no IC2, bem perto do Estádio de Pina Manique, há um exército galego nos taludes que já atinge proporções golpistas....

Mal estamos nós, se a couve-galega é o escol da nossa produção!

Ana Cristina Leonardo disse...

Há muitos anos, o Miguel Esteves Cardoso escreveu uma crónica memorável sobre as couves portuguesa/galega. De como elas cresciam pelos canteiros e jardins das casas e pelos separadores de auto-estrada (esta parte acho que sou eu a inventar...). Tanto tempo passado, e continuamos à volta das couves...

João Lisboa disse...

"Ali no IC2, bem perto do Estádio de Pina Manique, há um exército galego nos taludes que já atinge proporções golpistas"

E parece que, nessas hortazinhas (sub)urbanas, o teor de poluição é capaz de deixar envergonhado qualquer Chernobyl comum.

André Pinto disse...

Sim, sim! Diz que dá para extrair chumbo desse couvedo, com teores quase mineiros.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Há uma hipótese iii): "Ter sido um excelente blogger".
Uma parte importante da história económica de Portugal nos últimos anos está contada e documentada aqui,
http://desmitos.blogspot.com/
com muitos avisos prévios de que a coisa iria dar naquilo em que deu mesmo.
Mas entre ser adivinho e ser bruxo vai uma certa distância...

m.a.g. disse...

Não sou grande apreciadora de verdes, prefiro maduros.

Buíça disse...

Vejamos de que é “culpado”:
1. De ter morado no Canadá
2. Do Canadá não ser Portugal
3. Das anteriores “apontarem” para amor ao estrangeiro (assim como passar no bairro alto fazer de um gajo rabeta, mas adiante)
4. De amor ao estrangeiro significar “obrigatoriamente” desprezo e sobranceria pelos nacionais
5. Ter declarações “parolas”
6. De encomendar um estudo a um “grupo de trabalho” que chegue a conclusões diferentes do seu pensamento à partida (o horror)
7. De ser “técnico”.

ao fim de 5 meses de governo, tudo isto me parece muito mais relevante do que não ter distribuíido subsidios, querer rever contratos com a EDP, tentar que os transportes públicos sejam sustentáveis, captar investimentos nunca vistos nestas paragens, tentar desatar o nó da "praia de madrid" sem empenhar 3 gerações, racionalizar feriados, etc. etc. etc.

Ou talvez 5 meses ainda seja pouco tempo de nojo para deixarmos o paradigma do "este político é foleiro, demita-se" que tão bons resultados trouxe nos últimos 10 anos...

Ana Cristina Leonardo disse...

Buiça, em que país vive?

André Pinto disse...

"Ou talvez 5 meses ainda seja pouco tempo de nojo para deixarmos o paradigma do "este político é foleiro, demita-se" que tão bons resultados trouxe nos últimos 10 anos... "

Não sei em que país tem vivido o Buíça nos último 10 anos, mas cá não foi com certeza...

Então, têm-se demitido os políticos foleiros nos últimos 10 anos? Paulo Campos foi demitido, por exemplo? E se fosse, não teria sido melhor? Eu acho é que o Buíça inverteu a realidade... Enfim.

luis reis disse...

"tentar que os transportes públicos sejam sustentáveis"

Ai Buiça,não percebes nada de transportes,és assim como o outro: «só falas do que ouves e comes....».Não? Eu explico-te.Sabes aquelas ideias de cortar "gorduras",que tem o "excelente bloguer",para os transportes publicos? Olha resultou até á presente data,em encerrar Creches/Infantários na CP./Refer,até ao final do ano.Tra-ta-se de despedir as pessoas que ali trabalham há mais de trInta anos,e passar os "animais",ops, perdão,(até eu confundo,tal como ao "grande bloguer" de VANKOUVERRR, uma Escola de Infância,com um qualquer Armazem), as crianças para os Colégios Privados,advinha quem vai pagar...vês Buiça!!!Isto é que é cortar gorduras! No entanto, sempre se foi comprando 13 carritos para os gestores,nomeados mais uns Bois para a Refer(com subsidiozinho de Noel, pá)...ai,ai, havia tanto para te contar Buiça.Mas sabes, eu até desconfio, que tu e mais alguns, até sabem destas coisitas, fingem é que andam distraidos,né?

Manuel Vilarinho Pires disse...

Luís Reis,
Será que estou a notar no seu tom de voz um certo desacordo com a minha apreciação sobre o blogue do Álvaro Santos Pereira?
Já o leu alguma vez?
No caso, muito improvável, de ter feito o seu comentário sem o ter lido antes, posso explicar que era um blogue com muita informação e muito pouca opinião, e esta exclusivamente fundamentada nos factos apresentados. E as opiniões eram na linha das do Medina Carreira, velho do Restelo e culpado maior da crise por ter avisado durante anos que ela havia de chegar. Era uma maçada para quem prefere ouvir histórias da carochinha, das que acabam bem, a ouvir falar verdade, quando acaba mal.
Mas, se fez o comentário sem o ler, também não vale a pena estar a dizer-lhe isto, porque é suficientemente bem informado para ter opiniões formadas sem necessidade de se informar mais.
O melhor é mesmo ignorar este comentário.

m.a.g.,
Tecnicamente não sei se o Alvarinho pode ser considerado um vinho verde, porque, ao contrário deste, tem uma graduação alcoólica elevada, típica de vinho maduro.

Rita Maria disse...

@Buíça Há uma diferença entre o "amor" pelo estrangeiro, que não tem mal nenhum, e o ar deslumbradozinho de quem não procura compreender a natureza dos fenómenos. Há uma diferença entre o "saber técnico", que não tem mal nenhum, muito pelo contrário, e a incapacidade de o aplicar e pensar em contextos reais, há uma diferença entre ser "parolo" na sua expressão, gosto e preferências, que não tem mal nenhum, e dar no parlamento respostas com a profundidade de uma batata, sem qualquer nível de respeito pelos opositores, pelo país, pela política ou pela verdade.

@Manuel Vilarinho Pires
O Alvarinho é uma casta de vinho verde, que pode ser usada para fazer muitas coisas, até espumante e aguardente vínica. Quanto ao Álvaro, não me parece que só por o senhor ter escrito um livro, eu tenha de o ler para o considerar um burgesso. Anteontem ouvi-o durante quase três horas na Assembleia da República. O nível primário das respostas era coisa para esclarecer mesmo o observador mais desatento.

luis reis disse...

É curioso, que para certas almas bem pensantes, armados não sei bem ao quê, as opiniões dos outros, só são validas se "muiiito bem fundamentadas".Como?Ora,dormindo com autor, por exemplo, pois claro.
Confesso que não li o livro,mas,algumas vezes, passei pelo blogue e aquilo era uma delicia, do tipo:« há uma casca de banana e de certeza, pode-se escorregar».E depois? Quais as alternativas? Está bom de ver: não se come mais bananas e resolve-se o problema!É aliás, é o que o idiota pretende fazer hoje, com cortes cegos, sem olhar ás pessoas. Mas atenção, só alguns cortes, e só a certas pessoas...
Quanto a "histórias",cada um houve e acredita nas que quer ...
Eu gosto de histórias,daquelas que dizem respeito ás Fundações, como por exemplo a Fundação do Horiente. É uma das que também receberam/recebem umas ajudazitas, e é espantoso,ver por lá, o nome dum "velho do Restelo".Ai,ai,os gurus que nos enchem a alminha tão "inclinada",né?Enfim...

Manuel Vilarinho Pires disse...

Cara Rita,
O Alvarinho é uma casta de uva que, ao que suponho, se dá apenas na região, típica de vinhos verdes, ao longo do vale do Minho, nos concelhos de Melgaço e Monção, e do lado da Galiza, onde se chama Albariño.
Não domino a definição técnica de vinho verde, mas suponho que deriva da região, que penso que cobre todo o Minho, mas também do facto de o vinho feito com uvas oriundas dela ter um grau alcoólico baixo, especulo que por causa da humidade do clima. Já o vinho feito com uvas Alvarinho tem uma graduação alcoólica alta, com valores típicos da dos vinhos maduros.
Se isso faz dele vinho verde ou não, não sei reponder com precisão. Mas, pelo menos, aconselha uma certa moderação que, com os vinhos verdes típicos, pode ser um bocado aliviada.
Quanto ao Álvaro, estou consigo: a emenda saiu pior que o soneto. Mas eu não dissse que ele era bom ministro nem bom orador. Disse que ele era um excelente blogger que, durante muito tempo, nos foi avisando sustentadamente do que estava para acontecer, e aconteceu.

Caro Luís,
Tendo alguma dificuldade em entender o seu discurso, talvez por só ter tido Português até ao 5º ano do Liceu, parece-me que está a dizer que o Medina Carreira não é personagem recomendável. Não sei avaliar.
Mas eu não fiz, nem é meu hábito fazer, por razões que agora não cabem aqui mas poderei explicar se um dia estiver interessado, uma avaliação moral dele. Nem sequer da sua forma peculiar de combinar os padrões das gravatas com os dos casacos, sempre alguns números acima. Disse que ele passou anos a avisar que iria acontecer aquilo que está a acontecer, e foi ignorado pela generalidade dos portugueses que, como um bando de idiotas a bordo de um barco a caminho da catarata, se riam do velho agoirento que acabavam de deixar para trás na sua corrida para o progresso.
Agora, eu compreendo que, se o desacreditarmos, nomeadamente pela via de alguma imoralidade que possa ter cometido, podemos ter alguma esperança de as suas previsões afinal estarem erradas, por ele não nos merecer crédito, e de talvez afinal não estarmos mergulhados numa crise derivada da falta de competitividade e do endividamento excessivo da economia portuguesa. Talvez baste piscar os olhos e dizer: ele mentiu-nos, não estamos em crise.
Boa sorte!
E bom fim de semana, claro...

Rita Maria disse...

Já não o conheci como blogger, mas se era como diz é pena - precisávamos de vozes inteligentes que o avisassem das desgraçosas consequências que vão ter as suas políticas.

PS: A definição técnica do vinho verde não existe, a distinção é considerada ultrapassada pela generalidade dos entendidos, talvez também porque as técnicas de vinificação evoluíram muito (o que também estará por trás de alguns verdes tintos fabulosos que estão a sair, especialmente os da casta Vinhão), mas o que é extraordinário no Alvarinho não é a sua graduação alcoólica mas o facto de que, ao contrários dos restantes vinhos verdes, envelhece. É promissor novo e melhor com quatro/cinco anos, se for bom. É portanto o contrário do nosso ministro ;)

Manuel Vilarinho Pires disse...

Rita,
Obrigado pelo esclarecimento a um leigo que, de um vinho, pouco mais é capaz de dizer do que se gosta ou não (e se é branco ou tinto)...
Mas se é entendida como parece, deixe-me dizer-lhe uma coisa, de quem tem as raízes entre Melgaço e Monção: não há vinho verde que se compre que chegue aos pés dos vinhos caseiros dos lavradores e, por razões que não sei explicar, bebidos lá. Quer brancos, onde há uma casta de referência, o Trajadura, que habitualmente é comercializado em mistura com Alvarinho, mas não em monocasta, quer tintos, quero crer que de casta normalmente indiferenciada.
Eu considero meritórios os esforços dos lavradores mais jovens para inovar e alargar as gamas de produtos com vinhos de enólogo, espumantes, aguardentes e vinhos envelhecidos, mas não há nada que se compare aos vinhos da casa que sobrevivem à vigilância da ASAE em qualquer restaurante ou tasco... se for Trajadura, melhor.
O Álvaro, se o quiser conhecer como blogger, o blogue continua lá. E, se quiser, pode atribuir as nossas desgraças colectivas às políticas do governo que ficou a governar no fundo do abismo. Mas parece-me mais útil perceber o que nos conduziu ao mergulho, para no futuro sabermos evitar outro mergulho, do que tentar adivinhar qual das tentativas de sair do buraco será menos penosa, até pela citação que tem ao lado do seu comentário...

Rita Maria disse...

Eu também cresci a beber esse vinho, a ver o meu avô subir a uma escada para arrancar uma folha que estava a fazer sombra a um cacho de uvas. Sou de mais a Sul: eram cachos de Loureiro. E concordo quase sempre que preferimos misturas aos monocastas - ainda assim, vale a pena procurar uma garrafa de Vinhão da Cooperativa de Ponte da Barca para ver o que esta casta pode fazer pela divulgação do verde tinto.

(isto não tem nada a ver com o ministro, mas é muito mais agradável)

Manuel Vilarinho Pires disse...

...e depois de um galo de cabidela regado a vinho da casa, seja ele tinto ou branco, não há crise! :-)