25/06/11

Está tudo bem. Keep shopping

Nos good old days of capitalism, a top-model Linda Evangelista proferiu uma frase que se tornaria tão famosa como a cor (variada) dos cabelos dela: “Não me levanto da cama por menos de dez mil dólares”.
Martin Amis descreveu esses anos loucos no celebrado Money, e Money foi também um tema dos Pink Floyd da década de 70; muito tempo antes, Karl Marx passaria a vida a farejar-lhe o rasto.
O melhor retrato do capitalismo não me chegou, porém, pela voz do velho filósofo. Li-o no jornal Expresso e levava a assinatura do Robert Wyatt (músico que, por acaso, chegou a tocar com Syd Barrett na curta fase pós-Pink Floyd).
Dizia o Robert ao Rui (Tentúgal): “[ao capitalismo] não interessa que toda a gente morra à fome porque aí desaparecem os consumidores. Basta que as pessoas tenham dinheiro para comprar Coca-Cola, hambúrgueres e discos da Britney Spears”.
Descontadas ou substituídas as mercadorias citadas, a ideia faz sentido: um sistema que vive de vender coisas não pode, ao mesmo tempo, empobrecer demasiado a malta porque, afinal, alguém terá de ir às compras.
Mais: se o modo capitalista é comparável a uma bicicleta – alguém o comparou e não fui eu – ou seja, se pára cai, onde nos levará a fixação consumista quando todos os chineses tiverem carro e, pelo menos, um micro-ondas?
Irão os nossos bisnetos comerciar para Gliese 581d? (para quem não sabe, é uma espécie de planeta do Principezinho mas maior que uma equipa de astrofísicos garante ter condições para suportar vida humana).
Andarão muitos a reflectir sobre isto. Os mercados, os bancos, as agências de rating, a Bundeskanzlerin Angela Merkel e o monsieur Sarkozy, sem esquecer os BRICs e os desgraçados dos PIGS. Provavelmente, a resposta estará em algum livro de ficção científica da colecção Argonauta.
Entenda-se este post, pois, como um singelo desabafo. Já lá dizia João Pinto, “prognósticos, só no final do jogo” ou, numa versão anterior, Mark Twain: “a profecia é um género muito difícil, sobretudo quando aplicado ao futuro”.

6 comentários:

Carlos disse...

Um sábio, o João Pinto. Em todo o caso, citação por citação, escolheria esta: «Quando estávamos à beira do abismo, tomámos a decisão certa: demos um passo em frente.»

Pedro M. disse...

Gostei da metáfora da bicicleta, que desconhecia.

De facto o que assistimos são verdadeiros tiros no pé- os donos do comércio a retalho, no dia em que baixassem ordenados mínimos para 300€, tinham a maior quebra de vendas da sua história.

A explicação para estes impulsos suicidas é bastante óbvia: os seus protagonistas não trabalham pelo próprio sistema que os enriquece, trabalham para si próprios, mesmo que isso signifique a implosão da economia.

tempus fugit à pressa disse...

Provavelmente, a resposta estará em algum livro de ficção científica da colecção Argonauta....uma colecção bem bera

nº194....

e a Guerra dos Mercadores de Fred. Pohl 1954 creio
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isto reenvia comentários de comentários não publicados provavelmente não
mas é uma experença
o livro não a edição em português

tempus fugit à pressa disse...

Your small vision has been saved and will be visible after god approval

não há respostas nem visões

apenas incertezas num mês de Maio com uma anomalia positiva de 42

uma frança com seca
uma rússia a arder desde Maio

e os pessoais a chegarem aos 7 mil milhões este ano

não são impulsos suicidas
é incerteza e medo

-pirata-vermelho- disse...

A pergunta a bailar na cabeça de tod'a gente mas que ninguem faz - e por quanto é que a tal mnina se deita?
Detesto putas frívolas; isso e futebolistas ocos...


(Desculpe aussi a rudeza do meu français)

Manuel Vilarinho Pires disse...

O Robert Wyatt é um excelente pretexto para recordar os Soft Machine da fase inicial, geniais, onde era baterista e vocalista.
(Consegue-se perceber que não é um político português da actualidade porque a gravata, apesar de ter cores vivas como as deles, é pluricolor, e não monocolor, como as deles.)