No entanto, mais do que expressões bem conseguidas (bananas versus sacanas, por exemplo, ou, também, choros sobre um leite que há muito se vem derramando), nesta altura deveremos, em meu entender, perceber que todos nós temos culpa disto.
Gente que fala sem saber bem do que fala, intriguistas, bazófias, oportunistas, derrotistas, egoístas, etc - é tudo isso que, em termos gerais, todos somos e é nisto que somos bem diferentes dos que têm a economia a crescer. Nós lambemos as feridas, disputamos migalhas, miramo-nos ao espelho e pouco mais fazemos que isso.
Ora, numa altura destas, não há tempo sequer para limpar armas quanto mais lamber feridas. Há que haver algum pragmatismo: atingimos, a vários níveis, o ground zero da credibilidade, é certo.
E quando falo no plural englobo os vários partidos, o presidente da república, os chamados parceiros sociais, a sociedade civil, todos.
Quando os cofres ficaram vazios, pedimos ajuda.
Veio uma equipa e, em menos de um mês, pôs num papel tudo o que de mais óbvio nos faz ficar para trás: estado a mais, desperdício a mais, cargos públicos a mais, educação a menos, justiça a menos, etc. E concluiram: emprestamos o dinheiro mas só se percebermos que nos conseguem pagar de volta e, por isso, garantam-nos que se organizam.
E é isso que temos que fazer: organizarmo-nos.
E, quanto ao resto, cara Ana Cristina: engolir o orgulho, fazer o nojo apenas para nós e para a frente é que é caminho.
Os bananas continuarão a comer sandes de torresmos, mortadelas e fiambres próprios para cães,acompanhadas de tintol carrascão ou cerveja nacional mal fermentada. Arrotarão.Coçarão a pança proeminente, cheia de epopeias futeboleiras. Como basbaques irremediáveis, sentar-se-ão frente aos plasmas a engolir a propaganda dos sacanas. E dormirão em paz, como dormem sempre aqueles que não têm sonhos nem alma. A corja, os sacanas que conduziram o rectângulo à bancarrota poderão continuar a sorrir cinicamente pois serão premiados pelos seus bons serviços. Mais de oito séculos de permanente velório tinham de acabar nisto. Já não se trata de orgulho.Trata-se de higiene. Não há autoclismo no mundo capaz de lavar tanta merda.
JM: Concordo inteiramente. Há pouco tempo li na revista Visão um grande artigo sobre a situação na Islândia. A certa altura comparavam os islandeses com os portugueses. Quiseram saber a opinião de um português que casou com uma islandesa e que vivia na Islândia, e de uma islandesa que casou com um português e que vivia em Portugal. Ambos concordavam que o que o povo português gosta e sabe melhor fazer é queixar-se. Queixa-se mas não faz nada para melhorar a sua situação. Já os islandeses passam à ação.
Portanto, pelos vistos, temos aquilo que merecemos.
Eu, cá, tenho a minha consciência tranquila (apesar de não me valer de grande coisa). Nunca votei em quem nos deixou nesta situação. Mas votei sempre porque acho que, numa democracia, é um dos instrumentos que temos, e que devemos utilizar.
9 comentários:
Vamos continuar a permitir?
Abraço,
mário
Acompanho a Ana na leitura, o único refúgio para a sobrevivência.
Cara Ana Cristina,
Sabe que quase partilho o seu comentário?
No entanto, mais do que expressões bem conseguidas (bananas versus sacanas, por exemplo, ou, também, choros sobre um leite que há muito se vem derramando), nesta altura deveremos, em meu entender, perceber que todos nós temos culpa disto.
Gente que fala sem saber bem do que fala, intriguistas, bazófias, oportunistas, derrotistas, egoístas, etc - é tudo isso que, em termos gerais, todos somos e é nisto que somos bem diferentes dos que têm a economia a crescer. Nós lambemos as feridas, disputamos migalhas, miramo-nos ao espelho e pouco mais fazemos que isso.
Ora, numa altura destas, não há tempo sequer para limpar armas quanto mais lamber feridas. Há que haver algum pragmatismo: atingimos, a vários níveis, o ground zero da credibilidade, é certo.
E quando falo no plural englobo os vários partidos, o presidente da república, os chamados parceiros sociais, a sociedade civil, todos.
Quando os cofres ficaram vazios, pedimos ajuda.
Veio uma equipa e, em menos de um mês, pôs num papel tudo o que de mais óbvio nos faz ficar para trás: estado a mais, desperdício a mais, cargos públicos a mais, educação a menos, justiça a menos, etc. E concluiram: emprestamos o dinheiro mas só se percebermos que nos conseguem pagar de volta e, por isso, garantam-nos que se organizam.
E é isso que temos que fazer: organizarmo-nos.
E, quanto ao resto, cara Ana Cristina: engolir o orgulho, fazer o nojo apenas para nós e para a frente é que é caminho.
Cumprimentos,
JM
Os bananas continuarão a comer sandes de torresmos, mortadelas e fiambres próprios para cães,acompanhadas de tintol carrascão ou cerveja nacional mal fermentada. Arrotarão.Coçarão a pança proeminente, cheia de epopeias futeboleiras. Como basbaques irremediáveis, sentar-se-ão frente aos plasmas a engolir a propaganda dos sacanas. E dormirão em paz, como dormem sempre aqueles que não têm sonhos nem alma. A corja, os sacanas que conduziram o rectângulo à bancarrota poderão continuar a sorrir cinicamente pois serão premiados pelos seus bons serviços. Mais de oito séculos de permanente velório tinham de acabar nisto. Já não se trata de orgulho.Trata-se de higiene. Não há autoclismo no mundo capaz de lavar tanta merda.
José, acho que vou transformar o teu comentário num post. Com tua licença.
O amuo é um direito, sem ele nada feito. No entretanto há quem não baixe a guarda.
Idi na hui.
RS
JM:
Concordo inteiramente.
Há pouco tempo li na revista Visão um grande artigo sobre a situação na Islândia. A certa altura comparavam os islandeses com os portugueses. Quiseram saber a opinião de um português que casou com uma islandesa e que vivia na Islândia, e de uma islandesa que casou com um português e que vivia em Portugal. Ambos concordavam que o que o povo português gosta e sabe melhor fazer é queixar-se. Queixa-se mas não faz nada para melhorar a sua situação. Já os islandeses passam à ação.
Portanto, pelos vistos, temos aquilo que merecemos.
Eu, cá, tenho a minha consciência tranquila (apesar de não me valer de grande coisa). Nunca votei em quem nos deixou nesta situação. Mas votei sempre porque acho que, numa democracia, é um dos instrumentos que temos, e que devemos utilizar.
Ah, e quantos aos livros, ACL, estou plenamente de acordo. É mesmo o que me tem valido!
Com a sua licença, José Agostinho, vou fazer o mesmo.
Obrigada.
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