31/01/11

Egipto: quando toca a negócios, a democracia pode esperar...

A forma vergonhosa (e envergonhada) como o Ocidente vem reagindo ao que se passa no Egipto é mais uma prova, se provas fossem precisas, da tremenda hipocrisia que domina a política internacional.
Mohamed El Baradei chamou-lhe farsa:
The American government cannot ask the Egyptian people to believe that a dictator who has been in power for 30 years will be the one to implement democracy (...) This is really a farce. I mean, people here could be poor, but they're intelligent.


5 comentários:

James disse...

Sorry por estar na língua dos «bifes»:

Now it's Egypt.

Is this "politics" or just trying to survive it all ??

Some egyptian woman, seen/heard can't remember if it was BBC World News, Sky or CNN:

«My govt. sucks.
Have no food for me or for my only kid.
I have nothing.
I shall die today !

Doesn't matter if you're muslim, christian or atheist.
You gotta demand your rights, only way to get them.

We shall not forfeit the fight and we will get our rights, one way or another.»


When it comes down to this anything goes...

svasconcelos disse...

Quando vêm à ribalta dos média defender que Mubarak não é um ditador, até porque tem sido um óptimo aliado dos EUA (foi este o argumento invocaram!), que apoiam a transição para a democracia (com o mesmo presidente que depois de um qualquer "clic", mudará radicalmente a política praticada há 30 anos, tipo: muda a montra com os mesmos elementos), os reprime violentamente ( o que demonstra a boa fé do "novo" governo, e isto com a conivência internacional...), parece-me que o resumo da vergonha do ocidente está feito.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Os EUA têm obviamente uma grande quota-parte de responsablidade na manutenção do Mubarak no poder. Como tinham tido na do Suharto.

Ora uma das frases que nunca esquecerei do período de terror que se seguiu ao referendo em Timor foi proferida pelo Bill Clinton dizendo algo como "... Indonesia cannot, repeat, cannot deixar de tomar em conta o resultado de referendo...". Na altura pareceu-me que a frase tinha desencadeado "o" volte-face crucial nesse processo, e que as tropas indonésias deixaram imediatamente de apoiar as milícias terroristas integracionistas e o clima de terror se dissipou rapidamente, apesar de a frase estar longe de explicitar uma condenação da acção do governo indonésio até esse momento, tendo sido proferida na linguagem cifrada e hipócrita da diplomacia.

Foi exactamente o mesmo que li nas palavras do Barak Obama sugerindo ao Mubarak que respeitasse os protestos, as pessoas que protestam pacificamente, e as suas próprias intenções de aprofundamento da democracia, também proferidas na linguagem cifrada e hipócrita da diplomacia. Posso-me enganar, mas talvez não me engane, e espero que não.

Ora um diplomata de carreira como o Baredei sabe, muito melhor do que nós, decifrar a linguagem da diplomacia do Barak Obama, percebendo que o apelo ao Mubarak não é para cumprir as suas promessas, mas para ir embora.
Pelo que o comentário dele me merece mais outra mensagem cifrada e hipócrita (para quem? não sei...) do que a afirmação do que ele pensa... Também aqui me posso enganar, e espero que sim.

jrd disse...

Se a Nefertiti não tinha papeira e o Tutankamon apetite, porque raios é que o Mubarak não há-de cair?!...

James disse...

O Egipto é tudo menos simples, tentem não simplificar uma coisa que é complicada...

Vão mas é «matar o pai» or wtf.
:-(