21/11/10

Será que a malta ficou surda de tanto português técnico?

Que mania será esta de trocar sistematicamente porque por por que, escrever acerca de em vez de sobre, a fim de em vez de para, cindir em vez de separar, abordagem em vez de aproximação, interrogação em vez de pergunta, alega em vez de defende, sendo que em vez de e, inclinamo-nos a supor em vez de supomos, concebida como consistindo em vez de consistir….?!

11 comentários:

João Lisboa disse...

... e o "resgatar", Leopardo, o "resgatar"!....

Ana Cristina Leonardo disse...

e resgatar é o quê, em português téncico?

Cristina Torrão disse...

Eu não gosto da expressão "fazer face", uma aliteração de ffs, irrita-me: para fazer face à crise, para fazer face ao terrorismo, para fazer face ao desemprego, blá, blá, blá. Porque não dizer simplesmente "enfrentar"? Uma palavra em vez de duas e ainda se poupa a preposição.

João Lisboa disse...

"e resgatar é o quê, em português téncico?"

http://lishbuna.blogspot.com/2009/11/abaixo-o-resgate-16-corpos-de-vitimas.html

(não acredito que ainda não tenhas sido abalroada prlo "resgate"...)

Anónimo disse...

Prezada Ana Cristina Leonardo,

Leio regularmente textos como este. Tenho pena, mas penso que erram o alvo. Neste, para não ir mais longe, poderiamos apontar que "acerca de" não coincide com "sobre", que quem "alega" não esta necessariamente a "defender" (pode estar a atacar), etc.

João Viegas

O que você quer dizer, julgo eu, é que irrita a utilização impropria de palavras ou de expressões, sobretudo quando a lingua portuguesa oferece bons recursos.

Concordo com isso. Querem partir montras e fazer revoluções ? Tudo bem, alinho, mas não contra a NATO ou contra o cão do Obama, antes contra o assassinio da inteligência portuguesa, por exemplo contra a moda idiota e analfabeta de escrever e defender teses em inglês...

Porque é isso que esta em causa. Não são "tiques" ou "manias", mas um sinal preocupante de desleixo. Ou antes, como diz uma expressão portuguesa que não tem, tanto quanto sei, equivalente noutras linguas : uma questão de falta de jeito...

Ou seja, uma interessante questão de propriedade, que nem à esquerda devia escapar...

James disse...

Anónimo, peço desculpa por discordar.
O problema da 'tese' não está tanto na língua em que é escrita (e o 'inglishe hoy dia é uma espécie de "língua-franca" que qualquer pessoa de qualquer lado arranha, nem que seja 'de alto e de esguicho'...) mas mais no conteúdo da 'coisa em si'.
Axo que me vou calar agorinha mesmo, na base em que passei numa cadeira qualquer de uma fac. qualquer utilizando uma 'tese de doutoramento' absolutamente ridícula que mais parecia uma 'recensão' dos livros que o abrolho autor tinha lido.
Mas como o indivíduo à altura era ministro de 'se-eu-me-lembrasse' bastou-me apôr o nome da criatura em cima do parlapié, funka como argumento de autoridade, 'tá a ver ?

Fácil a aldrabice.

:-)

Anónimo disse...

Caro James,

Não sou anonimo. A assinatura saiu no meio do meu comentario. Comento como anonimo porque, senão, tenho de perder tempo para que registem, pela nésima vez, os dados ligados à minha "identidade" electronica (entre os quais o telemovel que não tenho).

A utilização do inglês, ou do latim, em universidades portuguesas funciona exactamente como o argumento de autoridade que você critica. Quem sabe pensar e escrever sabe PRIMEIRO fazê-lo na sua lingua materna, que é a lingua das pessoas que estão à sua volta. Ora um doutoramento, se é que tem algum valor, tem o de aferir a capacidade de pensar e de redigir do candidato.

Ninguém sabe NADA, nem sequer inglês ou latim, se não começar por saber pensar e escrever na sua propria lingua.

Qualquer professor decente, de matematica, de fisica, de historia, ou alias de grego, de hebraico ou de inglês, técnico ou não, explicar-lhe-a isso mesmo.

A redacção de teses em inglês (em estabelecimentos portugueses), não é so de um aflitivo provincianismo, é um também crime contra a inteligência.

E essa cultura de sorbonagros, muito mais do que a NATO, o FMI e a UE juntos, é o principal motivo de atraso do nosso pais, acredite.

Essa subcultura dos pseudo-doutorados em oxford, como se o exemplo dos que o são mesmo não fosse aviso bastante, é que merece o tobias do post anterior, SENDO QUE, minha prezada Ana Cristina Leonardo, existe uma versão vernacular bem portuguesa, e porventura mais clara ainda, do sinal que o boneco esta a fazer.

joão viegas

James disse...

joão viegas (engraçado, tenho um amigo com esse exacto nome, não estou mínimamente em desacordo com o que disse.
Citando Lenine que citava Schopenhauer (ou seria o contrário ?)
"Quem pensa claramente exprime-se claramente".
E na língua materna só nos fica bem, o resto é por assim dizer um'folklore' conveniente e à mão...

É mesmo isso, e não há muito como 'fugir' disso.

;-)

P.S.
Essa coisa de andar sempre a ter que uma pessoa se lembrar do seu 'login' e da 'pass' é realmente uma seca (ou 'secca', como diria o falecido Eça...)

Ana Cristina Leonardo disse...

Já cá venho dizer qualquer coisa.

fallorca disse...

Não te esqueças; acabei de chegar e estou em pulgas

lili disse...

O por que utilizado em vez de porque, um deles está errado.