16/06/10

Em São Paulo o Churchill nem cigarro quanto mais charuto

Após dez horas de voo e mais duas dentro de um aeroporto tentando sair dali e não me deixam é natural que um pobre fumador queira repor os seus níveis de nicotina. Já na rua, acendo um Lucky Strike. Sou imediatamente abordada pela autoridade que me explica que não posso fumar à porta do terminal. Só do outro lado da rua. Debaixo da cobertura é proibido! O mesmo dois dias depois, na esplanada de um botequim numa transversal da Avenida Paulista. Um risco amarelo divide o passeio: aqui as mesas e as cadeiras, ali uma faixa estreita junto à estrada de trânsito ininterrupto. Se quiser fumar, só lá. Em pé, naturalmente. E apesar da loucura proibicionista eu e os descendentes de japoneses fumamos para caramba.
Mario Quintana, que não era paulista, escreveu:“Desconfia dos que não fumam: esses não têm vida interior, não têm sentimentos.O cigarro é uma maneira sutil, e disfarçada de suspirar". Ora bem.

6 comentários:

F disse...

Não posso estar mais em... desacordo.

Ana Cristina Leonardo disse...

F, em desacordo com quem? Com o Mário Quintana ou com o facto de os paulistas serem mais papistas do que o papa?

F disse...

Em desacordo quando Mário Quintana diz: "Desconfia dos que não fumam: esses não têm vida interior, não têm sentimentos. O cigarro é uma maneira sutil, e disfarçada de suspirar".

Quanto às muitas horas voo há sempre a solução dos pensos e pastilhas elásticas com nicotina.

Quanto ao risco amarelo, é um bocado ridículo (esqueceram-se das correntes de ar!), de facto, mas quando a nossa liberdade acaba quando começa a dos outros (ou vice-versa)... É pôr a imaginação a funcionar para que ninguém se sinta prejudicado.

Ana Cristina Leonardo disse...

F, não tenho nenhum problema em não fumar em aviões; aliás, não fumava nem quando se podia. Valha a verdade, contudo, que a questão do fumo nos aviões tem muito menos que ver com a saúde dos passageiros do que com os custos das companhias para manter a qualidade do ar - nem sequer tenho a certeza que seja melhor agora... quando já não há cheiros.
Sou fumadora mas lido bem com as situações em que não posso fumar - com as que fazem sentido. E não preciso de pensos nem de calmantes. Agora proibir o fumo em locais abertos, e não só abertos como super-poluídos, caso de São Paulo, é simplesmente estúpido. E detesto ordens estúpidas.
Quanto ao mário quintana, percebo-o. Morreu aos 80 e era fumador. e se nada tendo contra os não-fumadores (obviamente) tenho tudo contra puritanos.

F disse...

A questão é que há fumadores que têm muita dificuldade em não fumar durante muitas horas. Eu, que não sou fumadora, até consigo compreender isso.

Quanto à questão da qualidade do ar nos aviões, subscrevo o que dizes.

Quanto a detestar ordens estúpidas, também as detesto, mas pelo facto de um local estar já super-poluído será que é de o continuar a poluir ainda mais? Percebo o absurdo da questão.

Se por puritanos entendes aqueles que querem impor as suas leis, promotoras de saúde física a todos, mesmo aos que não as querem seguir, então dou-te alguma razão. Também gosto da democracia.

Nem todos os que fumam morrem dos malefícios do cigarro. Alguns dos que não fumam poderão vir a morrer por terem sido fumadores passivos.

Posso dizer que, pelo menos durante mais de vinte anos da minha vida fui uma fumadora passiva. Nunca tive muito por onde escapar. Um avô que morreu vítima do tabaco (os famosos negritas eram o seu prazer), aos 56 anos e a minha mãe, vítima do mesmo mal aos 54.
Enfim! Viva a democracia! Reconheço que esta gestão (dos espaços) pode ser polémica.

Tiago Coen disse...

Ana, não poderia estar mais em... acordo!
Consigo e com o Mário Quintana!
; )

Pode ser má fortuna minha — eu, que até me considero uma pessoa bem afortunada —, mas as pessoas não-fumadoras com quem me dou, são todas de um tédio insuportável!
Eu bem lhes atiro com o fumo para cima, mas não arranjo jeito de lhes incutir vida alguma e muito menos sentimento que se sinta!...

Vai mais um cigarrro?
; )