25/02/10

A Hitler o que é de Hitler, a Goebbels o que é de Goebbels, a Sócrates o que é de Sócrates e quanto à propaganda nada de novo no reino da Dinamarca

Aqui umas postas abaixo referi-me à atitude do Primeiro-Ministro sempre que confrontado com os vários escândalos que vêm rodeando a sua vida política. Exemplificando, remeti para artigo do jornal Expresso cujo título era “Sócrates diz-se alvo de mais um ataque pessoal”.
A recorrente estratégia de vitimização de José Sócrates conduziu-me a uma das regras básicas de propaganda: repetir muitas vezes a mesma coisa e, já agora, de preferência uma coisa simples. A prova da eficácia desta regra é que ainda hoje me lembro do OMO lava mais branco.
Vai daí citei Goebbels, um incontestável mestre na matéria.
Um parênteses: o autor da frase transcrita (em inglês) não é, contudo, Goebbels mas sim o próprio Hitler.
E dado que um comentador do referido post, A. Teixeira, me fez notar, com razão, que naquela altura os políticos ainda não falavam todos em inglês (técnico ou não técnico) aqui deixo a citação no original, retirada do “Mein Kampf” (Primeira Parte, Capítulo VI):
Aber alle Genialität der Aufmachung der Propaganda wird zu keinem Erfolge führen, wenn nicht ein fundamentaler Grundsatz immer gleich scharf berücksichtigt wird. Sie hat sich auf wenig zu beschränken und dieses ewig zu wiederholen. Die Beharrlichkeit ist hier wie bei so vielem auf der Welt die erste und wichtigste Voraussetzung zum Erfolg.
Confusão esclarecida, adiante.
Tomás Vasques resolveu linkar simpaticamente o meu post. Agradeço-lhe desde já o aumento significativo de visitas a este modesto tasco, mas houve uma confusão.
Diz Tomás:
A Ana Cristina Leonardo compara José Sócrates a Goebbels, a propósito de uma recente declaração do primeiro-ministro. É uma comparação de efeito fácil. Tão fácil que me permite repetir: nada de novo no reino da propaganda. Portanto.
Ora eu não comparei Sócrates a Goebbels (dado o meu engano teria mesmo comparado Sócrates a Hitler).
O que eu comparei foram estratégias propagandísticas. Naturalmente, não é a mesma coisa.
E não os comparei, por duas razões.
Primeiro e acima mesmo de tudo por evidente respeito pelas vítimas do nazismo.
Segundo, porque como uma vez escreveu António Barreto também eu não sei se Sócrates é fascista. Não me parece, mas, sinceramente, não sei. De qualquer modo, o importante não está aí.
Dito isto, um comentário final e dirigido pessoalmente ao Tomás.
Ali no canto direito do blogue tenho uma frase que não é minha mas que se quiser citar, essa sim, resume mesmo ― mas mesmo mesmo ― o que eu penso de Sócrates (e de muitos outros). É do humorista judeu norte-americano Lewis Black e não me canso de repeti-la. Diz assim:
In my lifetime, we've gone from Eisenhower to George W. Bush. We've gone from John F. Kennedy to Al Gore. If this is evolution, I believe that in twelve years, we'll be voting for plants.

3 comentários:

Anabela Magalhães disse...

Uma delícia!

A.Teixeira disse...

O comentador em questão veio deixar-lhe aqui um cumprimento pela sua honestidade – o que é um fenómeno raro na blogosfera! Mas não pode fazer o mesmo em relação à sua cortesia, pois se o Tomás é o Tomás eu também cá deixei o nome.

Um comentador

Ana Cristina Leonardo disse...

Comentador, com as minhas desculpas, permita-me.
A Tomás o que é de Tomás e a A. Teixeira o que é de A. Teixeira