09/06/08

Praça das Flores? Vá antes à Praça Leya.

A Praça das Flores, em Lisboa, está fechada ao público. Até dia 20 de Junho é palco de um evento ― a palavra portuguesa mais feia logo a seguir a sovaco, beiços, pupulam e implementação. Uma marca automóvel alugou-a à Câmara Municipal, a troco de algumas moedas e melhorias posteriores no respectivo jardim. Como não sabia de nada, quis ir até lá no domingo. Dei com o nariz na cerca.
As palavras justificativas de José Sá Fernandes, que li depois, tranquilizaram-me: «A organização do evento vai pagar as taxas de ocupação bem como a requalificação do jardim. Isto representa milhares de euros (...) o comércio vai ter ainda mais clientes e o mais importante é que a Praça das Flores vai ser renovada», disse o homem a quem, sem favor, passarei agora a chamar O Grande Iluminado.
Porque se atentássemos no seu exemplo inspirador, na sua infinita sabedoria e proactividade, depressa compreenderíamos que bastaria alugar o país durante cerca de um mês, mais coisa menos coisa ― se fosse por atacado, fazia-se um preço melhor ― e todos os nossos problemas ficariam resolvidos: do Allgarve ao Minho e ilhas adjacentes, em renovação e em força.

4 comentários:

Anónimo disse...

(...) "evento ― a palavra portuguesa mais feia logo a seguir a sovaco, beiços, pupulam e implementação."

Esse verbo, que desconhecia, excita-me. Não resisto a conjugá-lo no passado perfeito: eu pupulei, tu pupulaste, ela pupulou...
Ai que até apetece, senhora!...

bookworm disse...

bastaria alugar o país durante cerca de um mês, mais coisa menos coisa ― se fosse por atacado, fazia-se um preço melhor ― e todos os nossos problemas ficariam resolvidos

excelente ideia... >:]

Táxi Pluvioso disse...

Mas não é isso que tem sido feito? Não é isso que tem de ser feito? Vamos esperar que os portugueses, evoluídos e cientistas, façam algo? Há emprego garantido nos campos de golfe.

... e uma palavra bonita é engajamento.

Táxi Pluvioso disse...

Ah, e o verbo engajar. Conjugado, fica estranho, mas c'est la vida, como dizem os nossos emigrantes.