24/03/08

Será que Karl tinha razão? Só um bocadinho, pelo menos?

«Parece que, afinal, as notícias de que a Santa Sé teria declarado como novo pecado mortal ser-se rico demais eram ligeiramente exageradas. A Santa Sé não disse tanto (...) Bem o podia ter feito, que vinha mesmo a calhar, agora que o mundo vive na iminência de uma recessão económica global e grave, causada pelo excesso de ganância dos muito ricos.
«Alan Greenspan, ex-presidente da Reserva Federal Americana, lembrou-se agora de avisar que vem aí a maior recessão económica dos últimos 60 anos. (...)
«Os Estados Unidos vão precisar de injectar biliões de dólares de dinheiros públicos para evitar a falência em série do sistema financeiro e, por arrasto, de todo o sistema empresarial. O que lhes poderá evitar a repetição de 29 é que agora a economia é global e eles esperam evitar a falência de um Estado já altamente endividado através das trocas comerciais: vendem ao mundo inteiro mais barato e não compram nada de volta porque, com o euro a 1,60 dólares, ninguém consegue vender nada aos americanos. Ou seja: provocaram a crise e agora somos nós que temos de a pagar. (...)
«Obviamente, devia haver licões a extrair deste cenário de catástrofe e das razões para ele. Entregue a si próprio, após a queda do muro de Berlim, o capitalismo internacional parece que fez questão de confirmar que tudo o que de pior os marxistas tinham dito dele ao longo de um século só pecava por defeito. Só pode ser uma comédia histórica ver a Igreja Católica (decerto impressionada pelo exemplo indecente dos irmãos da Opus Dei no nosso tão católico BCP e outros) insinuar que ser escandalosamente rico é capaz de ser pecado mortal, e ver o Partido Comunista da China declarar que "ser rico é glorioso e revolucionário". O mundo está de pernas para o ar (...).»
Miguel Sousa Tavares, «A cor (suja) do dinheiro», Expresso, 21 de Março de 2008

2 comentários:

Anónimo disse...

Hello, Mrs ACL: Não li o artigo do MST. Mas o que ele diz é o rame-rame dos editorialistas e colunistas-convidados da Grande Imprensa Mundial. Só que as perspectivas de crise financeira, e não só, também as macroeconómicas,podem vir a fustigar mais os países pequeninos e mal governados, quase todos. A China, a Russia, os mandantes da OPEP, o Brasil e mais alguns países do Extremo Oriente- Coreia do Sul, Taiwan, Singapura...podem passar ao lado de uma crise muito semelhante à dos anos 30, e que, certamente,fará emagrecer a economia dos EUA para níveis onde a sua violência e intolerância na gestão dos mercados( política...),se reduza. Bomvento. FAR

Anónimo disse...

Olha os Padrinhos