01/01/08

Em 2008 Fumamos como Perdidos ou Emigramos para Madrid Rendidos à Graciosa Irrespetuosidad que Es Característica del Madrileño. Cesariny Teria Gostado

eu em 1951 apanhando (discretamente) uma beata (valiosa) / num café da baixa por ser incapaz coitados deles / de escrever os meus versos sem realizar de facto / neles, e à volta sua, a minha própria unidade / — Fumar, quere-se dizer // esta, que não é brilhante, é que ninguém esperava ver num livro de / versos. Pois é verdade. Denota a minha essencial falta de higiene / (não de tabaco) e uma ausência de escrúpulo (não de dinheiro) / notável. // o Armando, que escreve à minha frente / o seu dele poema, fuma também // fumamos como perdidos escrevemos perdidamente / e nenhuma posição no mundo (me parece) é mais alta / mais espantosa e violenta incompatível e reconfortável / do que esta de nada dar pelo tabaco dos outros / (excepto coisas como vergonha, naturalmente, / e mortalhas) // que se saiba esta é a primeira vez / que um poeta escreve tão baixo (ao nível das priscas dos outros) / aqui e em parte mais nenhuma é que cintila o tal condicionamento / de que há tanto se fala e se dispõe / discretamente (como que as apanha.) // sirva tudo de lição aos presentes e futuros / nas taménidas (várias) da poesia local. / Antes andar por aí relativamente farto / antes para tabaco que para cesariny / (mário) de vasconcelos
Manual de Prestidigitação, Mário Cesariny, Assírio & Alvim

3 comentários:

Luis Eme disse...

Mesmo não sendo fumador, irrita-me esta lei sem escolha.

Acho que os donos dos cafés e restaurantes deviam ser livres de optar, assim como os clientes...

Nos restaurantes sei que não vou sentir a falta (o fumo dos outros incomodava-me e metia-se com o gosto da comida...), mas nos cafés, sim, vou sentir a falta das nuvens de fumo, aqui e ali...

Anónimo disse...

Pacheco versus Cesariny

Anónimo disse...

Mais de um ano e meio depois da entrada em vigor da lei Anti-Tabaco em Espanha chegou-se à conclusão que a percentagem de fumadores na Andaluzia era praticamente a mesma. Para que conste. Para que se desmascare a mentira, a manipulação e a histeria demencial contra o fumo, sobretudo daqueles que nas metrópoles lançam através dos seus automóveis milhões de maços de tabaco para a atmosfera. Já agora sejam honestos: proíbam carros, fábricas no Barreiro e Estarreja e não poluam mais as nossas pobres cabeças com retóricas falsas e distorcidas.