08/12/23

MEDITAÇÃO DE SEXTA: «Isto não vai acabar bem»

«Antes de prosseguir, quero apresentar aos leitores desta crónica, na qual, aviso de antemão, não será referido o tema de mui agrado das azeitonas

“Não, não falarás de azeitonas!”, decretou-me à noite uma voz, decerto resultado de alguma mixórdia onírica entre o vigoroso “Não, não cantarás!” dirigido ao bardo Assurancetourix e o eco d’ A Portuguesa interpretada por estrídula soprano durante as comemorações do Dia da Restauração em Lisboa, encarnação viva de Natália de Andrade e, porque não, de Florence Foster Jenkins ou mesmo da actriz do cinema mudo Leona Anderson que em 1957 lançaria o disco "Music to Suffer By", embora esta não hesitasse em apresentar-se como “the world’s most horrible singer”,
as minhas sinceras desculpas.
E porque o faço? Faço-o pelo cometimento do pecado da apropriação cultural! E se, pedindo clemência, invoco a meu favor o facto de só recentemente a apropriação cultural ter sido incluída na lista dos crimes contra a Humanidade, nem por isso deixo de registar a merecida admoestação.
“Pelo menos poderia ter começado por dizer que é judia…”, deixou em comentário à crónica da semana passada leitor atentíssimo. A crónica, da qual o tema das azeitonas estava, hélas!, ausente embora mencionasse figueiras e moscas (elementos de natureza outrossim campestre), referia-se à guerra na Faixa de Gaza e ao sucesso da propaganda do grupo islamista Hamas em fazer equivaler o ataque de 7 de Outubro à resposta do exército israelita, equivalência que me parece espúria mesmo considerando que o conflito não nasce do vácuo, como é próprio, aliás, de todos os assuntos humanos e mesmo das leis da física. (...)»

2 comentários:

Miguel disse...

Pois é, mas o politicamente correcto não é de agora. Há uns 25 anos, algures num campus dos EUA, desejei Merry Christmas a um colega. Ele respondeu-me «Oh, Ok, thanks, because I'm jewish» ao que eu repliquei «The same with me, cos' I'm an atheist» Felizmente terminámos a rábula com uma boa gargalhada.

O pessoal está a ficar (ainda mais) doido com os écrans e as redes sociais. PISA aos trambolhões. É explicar á Professora Peralta: overdose de écrans --> regressão na leitura --> regressão na matemática e nas ciências (a História e a filosofia nem entram no radar). Em paralelo, regressão no desporto. C'est pas sorcier !...

Anónimo disse...

Não percebo o interesse desta concentração em religiões da treta, quando é evidente a superioridade do culto baseado em Zoroastro, pai da ética, primeiro racionalista, primeiro monoteísta a articular os princípios do Bem e do Mal, bem como as noções de céu e inferno, julgamento após a morte e livre-arbítrio ( V. Wikipedia) e, possivelmente, percursor das técnicas para curar azeitonas. Melhor seria que a Ana Cristina Leonardo se dedicasse a este tema, evitando acusações de anti-semitismo latas e de duplo sentido, uma vez que judeus e muçulmanos do Médio Oriente são todos semitas, a exceção de Benjamin Netanyahu, que terá tido origem num acto sexual remunerado, entre parceiros arraçados, talvez próximo de Alcoutim, mas do outro lado do Guadiana. Tempo de expandir o nosso conhecimento sobre as azeitonas.