11/08/23

MEDITAÇÃO DE SEXTA: «Dança da Chuva é que era!»

«(...) Apesar do acontecimento [JMJ] ter um cunho mundial dirigido a “todos, todos, todos”, o Papa faria questão de pontuar as suas intervenções com alguns elementos da cultura nacional, nomeadamente literária e poética, onde se adivinhou a mão de Tolentino Mendonça. E se a tolerância do Sumo Pontífice, apesar de grande, não chegou ao anticlerical Guerra Junqueiro, chegou ao “ateu convicto” José Saramago de que citou no discurso do CCB a frase de efeito, “o que dá verdadeiro sentido ao encontro é a busca; e é preciso andar muito, para se alcançar o que está perto”, à qual, como qualquer frase de efeito, pode ser dado o sentido que mais nos convir ou até nenhum. “Isso não quer dizer nada”, diria o maldisposto detective Richard Poole.


Por falar em tolerância, recomendo vivamente a crónica 'O Papa', incluída no livro "Quando os Tontos Mandam" de Javier Marías (trad. e notas João Moita, Relógio D’ Água, 2018): está lá tudo o que é essencial saber sobre Francisco I (a designação é do escritor espanhol), homem para quem o limite da tolerância está em gozar com a religião, ou seja, e cito Marías: “temos que aguentar as procissões que ocupam as cidades espanholas durante oito dias seguidos, e nem sequer podemos fazer pouco delas”.

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