MEDITAÇÂO DE SEXTA: «Com os normais»

« (...) se Dantas e Albino se foram e Ângelo e o Manifesto… ficaram, assiste-se actualmente a um movimento em crescendo em defesa de uma “arte sã” produzida por “artistas virtuosos”, numa espécie de reedição esteticamente alargada do dito latino mens sana in corpore sano. Enquanto isso, e em paralelo, vai-se esboroando o êxtase material (para roubar a expressão ao Nobel da literatura J.M.G. Le Clézio, melhor ensaísta do que ficcionista, se me é permitido dizê-lo), o virtual em alta, como se pôde comprovar com a pichagem feita há semanas no polémico Padrão dos Descobrimentos em Belém, onde o anticolonialismo se exprimiu invocando, não Mandela, Amílcar Cabral ou Agostinho Neto (por exemplo), mas Black Panther: Wakanda Forever, um filme de 2022 produzido pela Marvel Studios.

Entretanto, são agora 18 horas e 45 minutos e os termómetros marcam 40 graus. Mostrasse o sol maior clemência e eu estaria capaz de fugir para lá de onde Judas perdeu as botas!

Uma mulher disse hoje aqui no monte: “Vamos morrer com este calor!”. Não é um provérbio, mas é uma hipérbole justa.

Enquanto isso, pela Rússia, deu-se uma rebelião que ninguém percebeu. Embora não a tendo percebido, teses peremptórias multiplicam-se. Os autores das teses é tudo gente normal, ao gosto de Dantas.»