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1 comentário:
O velho Dinis Machado.
«Há homens que não são fáceis de adjectivar.»
Tal como ele escreveu na morte de Ross Pynn, seu amigo e camarada de profissão.
«Chegaste tarde - dizia ele - O que vale é que é pouca coisa.
Pouca coisa, dizia ele: uma resma de material: artigos, notícias, horóscopos, o consultório sentimental, funerais, a sessão solene, os crimes na cidade. Era trabalho para quase uma semana e eu tinha que o despachar todo num dia.
Estávamos na antecâmara da morte decretada do "Diário Ilustrado". A rapaziada tinha abandonado o barco, e com razão. Ele ficou. Comprometeu-se a fazer o jornal até ao fim: um jornal que ninguém lia, feito de remendos, cheio de buracos que ele preenchia com textos esotéricos, ou vulgares, ou invenções, ou fotografias.
Eu disse:
- Vou-me embora, Ross. Quem mandou fechar o jornal, que mande o material para a tipografia.
Ele disse:
- Vai-me ser difícil fazer tudo sozinho.
Fiquei. Ficámos na solidão de uma grande sala, cheia de secretárias abandonadas; dividimos o trabalho: um caderno para ti, outro para mim. Trabalhámos muito depressa, com ele trabalhei sempre muito depressa. Depressa, e muitas vezes mal. Às vezes bem. A certa altura as teclas da sua máquina de escrever paravam de saltar, de espetar saom nas paredes. Ele diz ia: vamos comer qualquer coisa.
Tínhamos alguns gostos comuns: o Chandler, certos sub-produtos literários fascinantes, a B.D., a pescada cozida, os gangsters do cinema, as notícias com ar amalucado. Ele às vezes sorria, gordo, simples. Sabia sorrir.»
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