E até já me interroguei se a insistência em denegrir a AI e o Relatório não é mais nociva para a causa ucraniana do que simplesmente aceitar o óbvio: na guerra não há santos, independemente de quem tenha ou não tenha razão. É que tanto barulho acaba por soar a censura e propaganda.
«Apesar do clamor gerado pelo relatório que acusa o exército ucraniano de colocar civis em perigo na sua resistência à invasão russa, a ONG Amnistia Internacional mantém o rumo, liderada pela incansável Agnès Callamard.
A publicação na semana passada de um comunicado da Amnistia Internacional que acusa a Ucrânia de instalar infraestruturas militares em áreas povoadas, em violação ao direito internacional humanitário, provocou uma das controvérsias mais explosivas dos últimos anos envolvendo uma ONG.
Os críticos enfureceram-se em todo o mundo e na Ucrânia o presidente Volodymyr Zelensky acusou a Amnistia Internacional de colocar "em pé de igualdade a vítima e o agressor". Esta declaração provocou inclusive rupturas internas, levando em particular à demissão da chefe da AI na Ucrânia, Oksana Pokaltchouk, sob alegação de que o relatório estava servindo involuntariamente a "propaganda russa".
Mas a francesa Agnès Callamard, secretária-geral da AI desde Março de 2021, já conhecera outros críticos. Como relatora especial da ONU sobre execuções extrajudiciais, fora ameaçada de morte por uma autoridade saudita devido à sua investigação do assassínio do jornalista e dissidente saudita Jamal Khashoggi em Istambul, em 2018.
"Mantemos totalmente as nossas conclusões", disse Callamard à AFP na sexta-feira, assegurando que a pesquisa foi conduzida com idêntica seriedade à de "todo o trabalho da Amnistia Internacional".
E as conclusões também coincidem com as conclusões de vários meios de comunicação ou organizações internacionais, como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), lembrou. Num relatório de 29 de Junho, o ACNUDH lamentou que "as forças russas e grupos armados afiliados, assim como forças ucranianas, tenham assumido posições em áreas residenciais ou perto de infraestruturas civis de onde lançaram operações militares sem tomar medidas para proteger os civis presentes, conforme determinado pelo Direito Internacional Humanitário".
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