18/04/22

O NEGÓCIO DOS PASSAPORTES A JUDEUS SEFARDITAS, AS PRESSÕES DO PS E AGORA A GUERRA

Toda a trapalhada  sejamos comedidos  bem resumida neste artigo do EL PAÍS.


2 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado pela partilha.
Mas dizer que é trapalhada pressupõe trapalhões. Não me parece. Vigarice/pouca vergonha (e estou a ser comedido) isso sim.

Ash

Anónimo disse...

Isto foi retirado do local onde não voltará mas penso que irá gostar (se estiver errado não acirre as cadelas sff...)

"Depois de o Primeiro Ministro ter afirmado que o aumento dos salários criaria uma espiral inflacionista, o Ministro das Finanças insistiu, dizendo que aumentar os salários levaria a uma perda de poder de compra.

Sejamos claros: o PM e o MF não têm qualquer base para sustentar esta afirmação.
O aumento dos salários só levaria a uma perda de poder de compra se tivesse como consequência um aumento ainda maior da generalidade dos preços, mais do que anulando os aumentos salariais.

Mas há aqui dois problemas:

i) Há décadas que os economistas académicos tentam identificar uma relação robusta entre aumentos salariais e inflação, sem sucesso. Por outras palavras, a melhor ciência internacional não valida a afirmação que é feita pelo PM e pelo MF.

ii) O aumento dos salários tem mais tendência para afectar a evolução global dos preços quando as economias se encontram próximas do pleno emprego e quando os salários crescem acima da produtividade. Nem uma coisa nem outra se verificam na actualidade (nem se verificariam caso os salários aumentassem 2 ou 3%, em vez dos 0,8% previstos na proposta de OE em discussão).

Como o aumento geral dos preços é, em larga medida, resultado de um conjunto de choques internacionais do lado da oferta (associados, em particular, à guerra na Ucrânia e aos confinamentos na China), o contributo da queda dos salários reais para a contenção dos preços será diminuta. Sendo assim, o que leva o governo a insistir nesta via?

As explicações que encontro para a decisão de deixar cair de forma abrupta o poder de compra de quem vive do seu trabalho são duas:

i) O governo quer aproveitar a boleia da inflação para acelerar o ritmo de redução da dívida pública.

ii) O governo quer proteger os empresários das quebras de lucros que decorrem do aumento dos custos de produção.

No abstracto, nenhum destes objectivos seria criticável. Mas nas circunstâncias actuais, esta opção é pouco justa e pouco prudente:

i) Pouco justa, porque faz recair sobre os trabalhadores (dos sectores público e privado) a maior parte dos custos da crise actual, enquanto algumas empresas vêm os seus lucros crescer de forma acelerada.

ii) Pouco prudente, porque a quebra abrupta do poder de compra da maior parte da população leva à estagnação da procura interna, com consequências na actividade económica e no emprego.

As medidas já anunciadas para limitar os impactos na economia do aumento dos preços dos combustíveis e dos bens alimentares são positivas. O mesmo se aplica aos apoios previstos para segmentos da população mais desfavorecidos. No entanto, as medidas em causa ficam longe de resolver as injustiças na distribuição dos esforços ou de prevenir os efeitos recessivos da perda de poder de compra.

Em geral, ter contas certas é uma política de esquerda, estamos de acordo. Saber quando e em que medida acertar as contas ainda o é mais. A opção do governo, à data de hoje, traduz-se no aumento das desigualdades e nos riscos de uma recessão induzida pelas opções orçamentais. Há muito pouco de esquerda – ou de mera sensatez – nesta política."
de Ricardo Paes Mamede

Ash