03/04/22

GUERRA NA UCRÂNIA: COMO OS RUSSOS VÊEM A GUERRA - NÃO É NADA ANIMADOR

Russos alinhados com Putin

Pesquisas e entrevistas mostram que muitos russos aceitam agora a afirmação do presidente Vladimir Putin de que o seu país se viu cercado pelo Ocidente e não teve outra escolha senão atacar.

Os meus colegas Anton Troianovski, Ivan Nechepurenko e Valeriya Safronova relatam que a maioria dos opositores à guerra está a deixar a Rússia ou a optar por se manter em silêncio. Os protestos contra a guerra, que levaram a mais de 15 000 prisões nas primeiras semanas, em grande parte terminaram.

Uma pesquisa divulgada esta semana pelo centro de sondagens independente mais respeitado da Rússia, Levada, mostra o índice de aprovação a Putin a alcançar os 83%, acima dos 69% em Janeiro. Uma  percentagem impressionante de 81% dos inquiridos responderam que apoiam a guerra.

Os críticos argumentam que as pesquisas em tempos de guerra têm um significado limitado, com muitos russos a ter medo de expressar discordância a estranhos, num momento em que novas leis censórias punem qualquer desvio à narrativa do Kremlin. Mas mesmo contabilizando esse efeito, o director do Levada disse que as pesquisas mostraram que muitos russos adoptaram a crença de que uma Rússia sitiada devia estar unida em torno do seu líder.

Tal posição dever-se-á em parte à comunicação social russa, onde todas as notícias alinham com a mensagem do Kremlin. Os opositores à guerra são vítimas da propaganda, sendo retratados como inimigos.

Nas últimas duas semanas, uma dúzia de activistas, jornalistas e figuras da oposição russa ao chegarem a casa encontraram a letra “Z” (que significa apoio à guerra) ou as palavras “traidor” ou “colaborador” nas suas portas.

Mikhail, 35 anos, da cidade siberiana de Ulan-Ude, criticou o governo no passado. Mas agora, diz ele, é hora de pôr as divergências de lado: "Com toda a gente a olhar-nos de esgelha em todo o lado fora das nossas fronteiras, pelo menos por agora, temos que ficar unidos".»

[RETIRADO DA NEWSLETTER dO New York Times]



1 comentário:

Miguel disse...

É triste mas não é surpreendente. Em 2003 e 2004 também se via mais gente com autocolantes "Support our troops" colados à carroçaria do que opondo-se à invasão do Iraque.