26/01/12

Parafraseando o Luís M. Jorge mas em francês: a nós só nos calharam os milionários de merda

[Bill Gates] Questionado sobre se concordava ou não com o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que apelou na noite passada – no seu discurso anual sobre o Estado da União – ao aumento dos impostos pagos por milionários, Bill Gates admitiu que “os Estados Unidos têm um enorme défice e que, por isso, os impostos vão ter de subir”.

“E eu certamente concordo que eles deverão aumentar mais para os mais ricos do que para as outras pessoas”. “Isso é apenas justiça”, disse Gates.

“Espero que possamos resolver o problema do défice com um sentimento de sacrifício partilhado. Toda a gente sentiria que está a fazer a sua parte. E neste momento eu não sinto que pessoas como eu estejam a pagar os impostos que deveriam pagar”, concluiu Gates.

De recordar que, ontem à noite, Obama centrou o seu discurso nas enormes desigualdades existentes nos EUA: “Nenhum desafio é mais urgente” e “nenhum debate mais importante” do que a desigualdade económica, “num país onde um número cada vez menor de pessoas vive muito bem, enquanto um número crescente de americanos mal consegue subsistir”.

“Precisamos de reformar o nosso código fiscal para que pessoas como eu e muitos membros do Congresso paguem a sua justa fatia de impostos”, disse.

Obama não se limitou a lembrar que alguns bilionários pagam uma taxa fiscal mais pequena do que as suas secretárias – ele convidou a secretária do bilionário Warren Buffett (o terceiro homem mais rico do mundo, segundo a revista Forbes) para assistir ao seu discurso no Congresso e ilustrar o seu argumento.

Em Agosto do ano passado, Warren E. Buffett, pediu - num artigo de opinião no The New York Times - aos políticos que “parem de mimar os super-ricos” com isenções fiscais e aumentem os impostos aos milionários como ele próprio.

“Enquanto os pobres e a classe média lutam por nós no Afeganistão e a maioria dos norte-americanos luta para pagar as despesas, nós, mega-ricos, continuamos com as nossas extraordinárias isenções fiscais”, escreveu Buffet.

Do lado republicano, soube-se recentemente que Mitt Romney (um dos candidatos mais bem posicionados às primárias republicanas) pagou nos últimos dois anos uma taxa fiscal de apenas 13,9%, pouco mais de metade do que pessoas com a mesma média de rendimentos deveriam pagar.
Bill Gates, um dos homens mais ricos do mundo, tem nos últimos anos dedicado a sua vida a projectos de filantropia.

Nos Estados Unidos, na sequência da crise dos últimos anos, Gates e Buffet criaram a Giving Pledge, em que desafiam todos os multimilionários do país a doarem pelo menos metade das suas fortunas para causas sociais. Bill Gates e a mulher, Melinda, e Buffet comprometem-se a dar o exemplo. Mas mais de 40 multimilionários já juraram fazer o mesmo. Alguns vão mesmo dar 90 por cento de tudo o que possuem. O compromisso, que é moral e não legal, obriga-os a dar parte substancial das fortunas a instituições de solidariedade social, a organizações culturais ou directamente a quem precise.
Lido aqui

10 comentários:

Carlos disse...

E isso em francês cuidado. ;-)

Carlos disse...

(se bem que eu acho que, independentemente do conteúdo da carteira, há em Portugal muita gente de merda)

Ana Cristina Leonardo disse...

carlos, merda há em todo o lado; mas uma concentração tão grande de ricos pobrezinhos de espírito como nós temos - também era preciso azar, caraças

Carlos disse...

Não digo o contrário -- daí achar que «milionários de merda» é francês cuidado.

fallorca disse...

Voilá, bien cuidé

cs disse...

vou roubar com respetivo link :)

fallorca disse...

Para que não te falte nada na cozinha

http://www.publico.pt/Sociedade/comissao-europeia-processa-portugal-por-nao-proteger-as-galinhas-poedeiras-1530815

Fiufiu...

fado alexandrino. disse...

Se eu tivesse triliões também gostava de dar algum aos pobrezinhos.
Gostava de escrever isto em americano mas não sei o suficiente da língua.
Sorry,ma'am.

Carlos disse...

Não seja por isso, Fado. Será algo como isto:

If I had some fucking trillions, I would also like to give some fucking thing to the fucking poor.

('fucking' porque... bem, porque queria em inglês americano)

Rui Gonçalves disse...

Citando Proust (noutro contexto): são de «uma magnificência de se morrer de fome»