Primeiro: o homem está algemado e rodeado por um número considerável de polícias (o campo foi reduzido). A acusação é de "acto sexual criminoso", segundo o Libération. Porque está algemado? Espera-se que salte para cima dos polícias e tente violá-los? Que tente furtar-se à justiça? Não, DSK é mostrado a todos os povos do mundo como símbolo da justiça americana, universal, não poupando os poderosos. Se o cadáver de Bin Laden podia chocar os bons cidadãos, tomai então este outro vilão.
Segundo: a imprensa responsável da Europa já publica tudo. O passado íntimo, a transcrição de tablóides, a citação de bloguers e o comentário anónimo de "pessoas bem informadas".
Terceiro: este homem, que umas horas antes era tudo, está agora desprovido de toda a dignidade (aos justicialistas que acharem a frase excessiva aconselho que se façam algemar). Foi-lhe retirada a gravata e os atacadores. Ele, que convenceu tanta gente com a palavra, não pode recusar as câmaras assestadas sobre a face. Olhem a face de DSK: é a face de Saddam, o diabo iraquiano, no cadafalso de Bagdad. O lisboeta informado, humilhado pela troika há oito dias, pode agora exultar.
Quatro: o presumível crime de DSK é pouco referido. Mas, como é evidente, o homem não foi preso por administrar o FMI. O puritanismo hipócrita exulta e, desta feita, a imprensa europeia está toda sentada no chá americano.
DAQUI, um sítio que me reconcilia com o mundo.
3 comentários:
Contra todas as evidências, não consigo deixar de pensar que o parvalhão caiu numa armadilha. Hoje, os meios para eliminar adversários estão muito sofisticados.
Horrível!
(Os métodos americanos, não o seu texto).
O que acho interessante são as gravatas dos agentes que escoltam o DSK. Dizem algo sobre as respectivas personalidades. Ou então foram escolhidas pela entidade responsável pelo casting dos ditos agentes.
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