03/04/11

Os cavalos também se abatem

A Tokyo Electric Power Co, empresa que gere a central nuclear de Fukushima, estará à procura de heróis dispostos a morrer por 3 500 euros.
Tenho de deixar de ler notícias
.

5 comentários:

Cristina Torrão disse...

Sim, é horrível...

Manuel Vilarinho Pires disse...

É horrível o que aconteceu, e é horrível que pessoas tenham de ir lá para dentro para tentar evitar um holocausto.
Especulo que os que lá vão tenham noção que irão morrer cedo e de forma atroz. Inclino-me perante a sua generosidade.
Seria ainda mais horrível não serem, no mínimo, muito bem remunerados, porque é o que deixarão para sustentar as famílias quando morrerem.
700 contos à hora não me parece inadequado, mesmo reconhecendo a minha total falta de capacidade de definir um critério relativamente ao que eles deveriam receber para lá ir.
São mesmo heróis, e nós, eu pelo menos, não estamos preparados para lidar com heróis a sério...

NanBanJin disse...

Caríssima Ana Cristina:

A propósito, deixo-lhe este impressionante documentário já um pouco datado, é certo (década de 90, quer-me parecer), ainda assim deveras interessante, se bem que, em minha modesta opinião, de quem já cá está há uns anitos poucos, há aqui partes mal contadas, e uns quantos exageros indesculpáveis.
Não deixa, contudo, de ser uma peça de elevado interesse para quem se preocupe com este problema.
Em 5 ou 6 partes aqui fica então o terrível "NUCLEAR GINZA" da autoria de Iguchi Kenji, em tom de veemente denúncia de uma questão que já dura há décadas mas que só agora, com Fukushima, veio à tona — e vai já, já, perceber o porquê da escolha do título deste doc. (devidamente legendado):

http://www.youtube.com/watch?v=92fP58sMYus&playnext=1&list=PL16E3394238C58628

Em qualquer recurso, e se quer a minha opinião, a questão de Fukushima resume-se a estes dois factos:
1. Alguém tem que ir lá enfrentar a besta, por mais mil ou menos mil, por mais milhão ou menos milhão. Isso é seguro. Pôr lá 'desgraçados' vindos de um qualquer pais de quarto mundo, às escondidas, ou prisioneiros retirados de penitenciárias de alta segurança ou do corredor da morte (que aqui também ainda está em vigor, recorde-se) a troco de um perdão extemporâneo, é que não pode ser. Friamente é assim.

2. "Nuclear Não"?? No Japão?? Pois... é muito bonito e eu também gostava, mas... esqueçam!...
A 3ª maior economia mundial (até há bem pouco tempo era ainda a 2ª no pódio), onde 75% dos seus quase 130 milhões da pessoas e respectiva qualidade de vida dependem dos níveis sobre-produção industrial numa escala como ninguém mais no Mundo, nem mesmo a R.P. da China (recordemos que unidades industriais de que a Toyota é o melhor e mais extremo exemplo, nunca param... nem no dia de ano novo, funcionando 24 sobre 24 horas, non-stop) consegue igualar, só pode manter-se em funcionamento graças às suas18 "Genpatsu" (原発 — Centrais Nucleares), e há mais na calha... atenção...
Lembrar ainda que um só par de cidades (Osaka + Kobe, a chamada região urbana de
Hanshin), sozinho produz o equivalente ao P.I.B. da Bélgica ou da Suíça.
Mais números para quê?

Um Abraço,

Luís Afonso,
em Kyushu, Sudoeste do Japão

James disse...

Pois meu caro Luís, mas com 500 sismos por ano shit happens... de quando em vez. :-(

NanBanJin disse...

Lá isso é verdade. Ninguém o nega. E eu torno a afirmá-lo: era preferível que este país não dependesse do nuclear para viver como vive. Mas a realidade diverge — e de que maneira! — do nosso mais salutar 'wishful thinking'.
E em qualquer recurso, por um destas dimensões ninguém esperava.