Segundo: as reacções à aparição conjunta e simultânea dos dois rapazolas também primaram muito pela profundidade e pelo realismo. Um senhor chamado Athayde Marques, que as a living dirige a Bolsa de Lisboa, por exemplo, derramou este arrazoado de coisas comoventes: é preciso haver «coesão ao nível político, no sentido de que os principais partidos têm realmente que convergir nas soluções e ter uma visão estratégica daquilo que é importante para o país e daquilo que são as condições absolutamente necessárias para sair desta crise», acrescentando que «as greves e a agitação social são muito negativas para o país» porque «atrasam a recuperação do país, têm um efeito negativo na economia, mas também porque dão uma imagem negativa no exterior e hoje em dia a imagem de Portugal está na primeira linha de escrutínio.» Uf!
Terceiro: suponho que já em resultado da boa vontade saída daquele encontro memorável começam as mexidas e o governo do Engº Sócrates propõe-se, para começar!!!, poupar nos subsidíos de desemprego.
Uma senhora chamada Helena André, de quem nunca tinha ouvido falar mas que parece que é ministra, diz que as medidas visam «incentivar o regresso dos desempregados ao mercado de trabalho».
Não é para me fazer engraçada, mas se um dos maiores problemas resume-se, precisamente, a não haver trabalho, a que mercado é que ela quer que os desempregados regressem?
Não é para me fazer engraçada, mas se um dos maiores problemas resume-se, precisamente, a não haver trabalho, a que mercado é que ela quer que os desempregados regressem?
E enquanto este mesmo mete nojo de gente que afundou o país quer agora convencer-nos com o slogan patrioteiro Juntos Vamos Salvar Portugal! há quem pense.
Martin Wolf, por exemplo, que escreveu isto: “os superavits estruturais do sector privado e em conta corrente alemães tornam praticamente impossível aos seus vizinhos eliminar os seus défices fiscais, excepto se esses vizinhos estiverem dispostos a conviver com longos períodos de queda na actividade económica”;
Ou isto: “O projecto de união monetária enfrenta um enorme desafio. Ele não tem uma maneira fácil de resolver a crise grega. Mas a questão maior é que a zona do euro não vai funcionar como a Alemanha deseja. Como afirmei anteriormente, a zona do euro só pode se tornar germânica exportando um enorme excedente de oferta ou empurrando grande áreas da economia da zona euro para uma recessão prolongada, ou, mais provavelmente, as duas coisas. A Alemanha pôde ser a Alemanha porque outros não o foram. Se a própria zona do euro se tornasse Alemã, não vejo como isso funcionaria.”
Pois. Mas há malta que julga que a Europa começou com a CEE e que o capitalismo chega e sobra para todos.
Martin Wolf, por exemplo, que escreveu isto: “os superavits estruturais do sector privado e em conta corrente alemães tornam praticamente impossível aos seus vizinhos eliminar os seus défices fiscais, excepto se esses vizinhos estiverem dispostos a conviver com longos períodos de queda na actividade económica”;
Ou isto: “O projecto de união monetária enfrenta um enorme desafio. Ele não tem uma maneira fácil de resolver a crise grega. Mas a questão maior é que a zona do euro não vai funcionar como a Alemanha deseja. Como afirmei anteriormente, a zona do euro só pode se tornar germânica exportando um enorme excedente de oferta ou empurrando grande áreas da economia da zona euro para uma recessão prolongada, ou, mais provavelmente, as duas coisas. A Alemanha pôde ser a Alemanha porque outros não o foram. Se a própria zona do euro se tornasse Alemã, não vejo como isso funcionaria.”
Pois. Mas há malta que julga que a Europa começou com a CEE e que o capitalismo chega e sobra para todos.
8 comentários:
É isso mesmo: como sinal aos mercados, metemos os desempregados a pagar a crise. Ao mesmo tempo, assinamos mais um contrato com a Mota-Engil, just because.
AMC
because the sucata
Ja, es stinkt gewaltig!!
Was?
Die Wahrheit.
É verdade. Mas a Alemanha não nos obrigou a aceitar a integração e o euro. Deu-nos até muito dinheiro para potenciar um crescimento económico sustentado. Repare-se que durante os primeiros quinze anos de adesão à UE tínhamos várias vantagens sobre a Alemanha, sendo a maior das quais um nível salarial muito mais baixo, e ainda não sofríamos a concorrência dos países de Leste. Mas esquecemos a parte em que o crescimento tinha de ser sustentado. Desperdiçámos o dinheiro em crescimento sem alicerces. Agora queremos que a Alemanha - que de facto lucrou com o euro e, mais ainda, com as nossas incompetência, corrupção e ânsia consumista - volte a dar-nos dinheiro para podermos manter o estilo de vida a que nos habituámos. No fundo, queremos que os Alemães nos vendam os bens e também que os paguem, em vez de criar condições (teria sido tão mais fácil na segunda metade da década de 90, com crescimento económico forte) para sermos competitivos. A Alemanha fez o que lhe competia. Nós não. Suponho que poderemos entregar ao governo alemão a gestão das nossas contas e esperar que façam aqui o que têm procurado fazer na ex-Alemanha de Leste. Porque o capitalismo não chega e sobra para todos mas apenas para os que sabem aproveitá-lo.
Ah, e já agora, Ana Cristina: pode comprar anzóis sem receio a Sócrates e a Passos Coelho; só não os morda... ;)
Ana,
"o governo do Engº Sócrates propõe-se, para começar!!!, poupar nos subsidíos de desemprego"
Isto não é verdade. As primeiras medidas do PEC foram: mais-valias e escalão de 45% no IRS
Cumprimentos
Gostei da tua análise e subscrevo-a.
Ah! E tens um prémio no meu blogue.
Beijinho
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