Em pequeno morava num prédio em Lisboa onde tinha por vizinha uma família judaica. Zé Gabriel era então o puto goy que acendia e apagava as luzes no shabat. Ficou-lhe desses tempos a simpatia pelos hebreus e por Israel. Já adulto, viveu no exílio em Paris e foi jornalista na France Inter. Gostava de política e de História. Era inteligente. Deu-me vários conselhos que nunca segui mas, sobretudo, gostava de o ouvir falar sobre barcos, as ilhas do Adriático e a sua paixão por Conrad e pelo râguebi.
Pouco a pouco, foi ficando desiludido com muita coisa. Triste. Depois ficou doente. Quando se anda desiludido e triste as doenças são mais difíceis de combater. Disseram-me ontem que desistiu.
“Só morre quem quer”. Li esta frase uma vez no Virgílio Ferreira e levei muitos anos a entendê-la.
14/03/10
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9 comentários:
O Bernardo Soares a certa escreve: ''Não sou pessimista, sou triste''. Acho que a tristeza nos leva mais depressa à derrota do que o pessimismo.
Isso queriam todos, mas a vida real é outra coisa, morrem todos. bom domingo
lili, tb. acho. Mas o que é a derrota?
Táxi, independentemente do "isso queriam todos" acho que não é "morrem todos" mas sim morremos todos.
Penso que a tristeza é um estado de alma. Quem nasce triste, deixa-se levar pela vida. Vibra na vida, mas tranquilamente; sorri não dá gargalhadas.
E quando o fim chega, não impede ou luta contra a chegada, antes, abre a porta e deixa-se levar.
Na minha vida com mais de meio século, apenas conheci uma pessoa triste. E já não está.
Bom Domingo.
Não creio, Guidinha, que as pessoas já nasçam tristes, à maioria das pessoas é a vida que as vai entristecendo.
Creio que a tristeza nos mata mais depressa. Nos faz desistir mais cedo.
Era um gajo porreiro, um senhor; também os havia com ligações a Santa Comba Dão, sabias?
A tristeza mata, sim senhora. Mata lentamente. Entranha-se nas células, causa feridas na alma e no corpo.
Fallorca, habitualmente tenho problemas com beirões, não me perguntes porquê - o Zé Gabriel era uma excepção
F, inteiramente de acordo
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