Ainda sou do tempo d’ os ricos que paguem a crise, o que quer dizer que tem dias em que me sinto bestialmente antiga.
É verdade que os ricos não pagaram crise coisíssima nenhuma – nem os que cá ficaram nem os que partiram em demanda extemporânea das terras de Vera Cruz – mas eu, reconheço, diverti-me.
A crise no fundo não me dizia nada, e os únicos ricos que conhecia haviam falido há muito, o que à luz da minha experiência lhes acrescenta imensa patine.
Abreviando, eu era jovem, e os jovens de então, quando lhes passava a queda para o suicídio, divertiam-se com qualquer coisa. Seria do l’air du temps.
Estou naturalmente mais velha, e apesar de insistir em contrariar o spleen confesso que acho este PEC muito menos empolgante do que o PREC.
Concluo também, à luz das medidas anunciadas, que isto de ser socialista é bem mais fácil quando há money.
Ou como dizia a jovem americana do One, Two, Three (filme hilariante do meu guru Billy Wilder), dirigindo-se ao marido comunista a propósito do filho de ambos: “When he's 18 he can make his mind up whether he wants to be a capitalist or a rich communist".
11/03/10
Do PREC ao PEC ou é o capitalismo, estúpido
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Is everybody in this world corrupt? I don't know everybody,
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3 comentários:
Escolhas muuuiito difíceis!
F, também acho
lol
Também me diverti imenso nesse tempo, tinha 14 anos quando se deu o 25 de Abril, dia por mim festejado com muita alegria e inconsciência do que realmente se passava, até ao fim da manhã, de tarde o meu pai não me deixou sair e foi sozinho festejar, sei que a Ana Cristina teve mais sorte do que eu.
Antes de acabar o mandato, o Francisco Van Zeller ainda teve tempo de dizer que ''já não há ricos suficientes que paguem a crise''. O que deve ser mentira, claro.
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